Motoristas da Cooperativa de Transportes Alternativos de Natal aguardavam na manhã de ontem , na Delegacia de Plantão da Polícia Civil da Zona Norte, pela requisição para a perícia, pelo ITEP, de quatro veículos da Cooperativa de Transportes Alternativos de Natal, que sofreram ataques na madrugada de ontem, causando danos também a uma residência e um veículo de passeio. Dois desses alternativos foram totalmente incendiados, um outro recebeu dois tiros e um quarto veículo teve uma pedra de paralelepípedo jogada contra seu parabrisas.
O motorista Julio Cesar, proprietário do veículo que fazia a linha 314 – Nordelândia/Boa Esperança/Igapó sofre a situação mais díficil. A casa em que ele mora de aluguel na rua Ilha de Marajó, no Conjunto Soledade II, teve um dos quartos – que ficava ao lado da garagem na qual seu veículo de transporte estava guardado – com parte do telhado arrancado pela explosão, assim como a pequena área na entrada da casa, onde as paredes também ficaram bastante danificadas. Parte do porta-malas do seu veículo de passeio derreteu com o calor do incêndio. Júlio acredita que foi atirado algo como um coquetel molotov, porque o incêndio consumiu o veículo de transporte muito rapidamente: “Algumas pessoas disseram ter visto uma moto com duas pessoas jogarem algo na direção do veículo e que havia um outro carro atrás da moto, dando cobertura. O fato é que não dá pra continuar operando sob o terror”.
Julio César conta que a linha 314 havia sido desativada pela empresa Norteriograndense, que decretou falência, mas a cooperativa fez a solicitação à Secretaria de Mobilidade Urbana para assumir a rota, e contou com o apoio do Sindicato das Empresas de Transportes Urbano do RN para essa finalidade.
No Conjunto Soledade I, outro motorista da cooperativa, Fábio Rogério, também teve um susto nesta madrugada, quando foi acordado pelos vizinhos na rua Itabuna, alertando o morador sobre o incêndio que acontecia no veículo que ele havia deixado estacionado em frente à sua residência, como de costume e com autorização do proprietário: “Ouvi tiros e em seguida, os gritos dos vizinhos. Tentei abrir a porta do veículo para usar o extintor, mais a explosão aumentou, a frente da casa ficou coberta de fumaça e eu tive que quebrar um muro atrás da casa para sair com a minha família em segurança” – conta. Fábio Rogério diz que trabalha como motorista há um ano e meio e apesar de já ter sofrido vários assaltos, nunca tinha vivido algo tão terrível. O veículo incendiado fazia a linha 503-Planalto/Satélite/Centro.
Na casa do motorista Reginaldo Pedro da Silva, na rua Itaperuna, Conjunto Santa Catarina, a família acordou também por volta das três horas da madrugada com um barulho de explosão: “Achamos que tinha sido um fio de alta tensão na rua, mas logo vi que os vidros do transporte ainda estavam se estilhaçando por conta dos tiros” – afirma Reginaldo, que diz ter recebido ameaças desde que se dispôs a assumir a nova linha. Esse veículo, que fazia a linha 052, foi atingido por dois tiros que atravessaram o parabrisas traseiro e atingiram o da frente. No painel de controle do motorista, dava pra ver resto das cápsulas das balas.
O último veículo depredado estava estacionado para conserto em um posto de gasolina no início da rua Moema Tinoco, no Conjunto Pajuçara e recebeu uma pedra atirada contra seu parabrisas.
A presidente da Cooperativa de Transportes Alternativos, Maria Edileuza de Queiróz, lamentou a onda de atentados e disse que espera providências das autoridades: “Temos 80 pais de famílias que estão trabalhando com medo. Hoje, quase quiseram parar por completo”.
O Delegado Marco Geriz, da delegacia de plantão na Zona Norte, diz que os boletins de ocorrência dos casos foram feitos e serão encaminhados para as delegacias distritais.