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Custódio Arrais

Presidente do Sicoob Potiguar

O início da operação da 2ª etapa do Open Banking marca o começo de uma nova era no sistema financeiro do Brasil. Não se trata de nenhum novo serviço, aplicativo ou funcionalidade – como o Pix, por exemplo -, mas sim de um conjunto de regras e tecnologias que permite aos clientes de instituições financeiras compartilhar seus históricos bancários com outras instituições do mesmo segmento, sejam bancos, cooperativas financeiras, fintechs.

O Open Banking é uma iniciativa do Banco Central e visa aumentar a eficiência e competitividade no sistema financeiro nacional, a partir de um ambiente mais transparente, inclusivo e seguro. Em se tratando do Brasil, onde os cinco maiores bancos detêm cerca de 80% do mercado, a nova tecnologia pode ser o agente de descompressão desse cenário, oportunizando condições equilibradas de concorrência.

Mas na prática, como o Open Banking vai funcionar para os consumidores? Com o ambiente de compartilhamento de dados, as empresas participantes do ecossistema financeiro vão poder desenvolver serviços e produtos ajustados às necessidades de momento de cada cliente.

Por exemplo, vamos supor que você é cliente de um banco tradicional e viu um anúncio de crédito mais barato numa cooperativa onde você ainda não tem conta. Esse crédito, evidentemente, estará sujeito à análise do seu histórico financeiro, porque é a partir da análise desses dados que as instituições avaliam riscos antes de oferecer produtos e serviços. É aí que entra o Open Banking. Com o recebimento do seu histórico financeiro, a cooperativa vai poder olhar para as informações e lhe fazer uma oferta mais atraente que a da concorrência.

Por isso que a expectativa com o Open Banking é alta. Espera-se que sejam elaborados novos produtos e serviços, que se aumente a competitividade e criatividade das instituições, que surjam novas formas de fazer análise de taxação de juros, reduzindo assim os custos para o consumidor final. Estima-se também que a oferta de crédito cresça e que aumente a inclusão financeira.

Lembrando que é o cliente que determina o banco que enviará as informações, o tempo que os dados ficarão disponíveis para consulta de uma empresa, além do tipo de informação que será compartilhada – por exemplo, apenas dados do cartão de crédito, e não da conta corrente. Ou seja, o que o Open Banking faz é garantir na prática a autonomia e liberdade dos usuários em relação aos seus próprios dados financeiros, antes restrito à instituição detentora do seu histórico bancário.

Outro ponto importante é que o compartilhamento das informações por parte do cliente é uma operação simples, sem custo algum, totalmente digital e segura. Não há risco dos dados trocados dentro da plataforma virem à público ou mesmo serem vendidos para terceiros. A tecnologia é protegida pela Lei do Sigilo Bancário e pela Lei Geral de Proteção de Dados, com fiscalização e punição por parte do Banco Central. E nenhum usuário terá obrigação de participar do Open Banking, somente quando visualizar uma oportunidade ou tiver necessidade de executar uma pesquisa por serviço ou produto em outra instituição.

Certamente estamos entrando numa nova era no sistema financeiro do Brasil, onde há mais informação e liberdade de escolha. De modo que a população tem a partir de agora mais oportunidades de conhecer novos atrativos bancários em outras instituições. Com certeza, uma conquista para as pessoas e empresas.

Nós que lutamos por muitos anos por justiça e inclusão financeira estamos alvissareiros. Acreditamos que é uma contribuição ao desenvolvimento social e econômico. Onde há maior competitividade e transparência, há mais desenvolvimento.

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