terça-feira, 19 de março, 2024
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terça-feira, 19 de março, 2024

14 de março – Dia Nacional da Poesia

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A Poesia volta a renascer em todos os lugares. Nas ruas, nas praças, nos lares e no jornal. O Ponto de Cultura Tecido Cultural está desenvolvendo essa parceria com a Tribuna do Norte e mostrando para os nossos leitores um panorama expressivo da Poesia Potiguar. Este ano, homenageamos o saudoso poeta Moacy Cirne, aquele que fez do signo da palavra a expressão poética da vanguarda nordestina. Viva Moacy Cirne e viva um novo tempo de Poesia!!!

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Poema/processo com
sabor de mangaba
Com a palavra maracanã
alegre-se no frasqueirão
com a palavra Copacabana
sinta-se em pirangi do norte
com os projetos do poema/processo
procure, entre cruvianas e virações,
uma casa pintada de espanto
um jornal grego da patagônia
um cavalo amarelo com o olhar triste
um poema sem cajus e sem cajás
e uma garapinhada de manga manhosa.
MOACY CIRNE

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Imitando Hilda Hilst
A vida é líquida
O Estado gasoso
E a violência sólida.
ALUÍZIO MATHIAS

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Acari Voltei
 Acari voltei pra ficar, não deu pra suportar porque gosto de ti.
Foi a saudade que me fez voltar, agora vim para ficar.
Estou decidido quero morrer aqui.
Acari não te esqueço jamais, sua serras lindas paisagens, o banho do Gargalheiras me satisfaz.
Acari teu nome é tradição, és a cidade mais bela do meu querido sertão. 
ASSIS PAULINO

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Gozar o gozo do Beco
Beco da Quarentena.
Eras a mandíbula do rio-mar,
que devorava navios e marinheiros
nas cálidas noites da cidade baixa.
No mundo cão de sífilis, gonorreia e
cancro-mole, alongavas teus
tentáculos de carne viva
para subjugar malandros, meretrizes,
cafetões e meganhas.
Com tuas portas agora emparedadas
nega-te para o presente.
Desfuturo.
Na quarentena das horas,
recusas a própria existência,
consumindo, doente e siderado,
crack e monóxido de carbono.
Beco da Quarentena, mata-me de gozo
por todos nós.
PAULO JORGE DUMARESQ

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Tributo aos poetas
potiguares

Os poetas do solo natalino
Estupraram a cultura alienante
Derreteram as grades das estantes
Com granadas de versos cristalinos
Aluízio atacou de mote urbano
E Venâncio foi mais do que profano
Com Medeiros cuspiu nos modernistas
Falves Silva esporrou nos moralistas
Nos dez pés de martelo-alagoano.
Foi João Barra encharcado de aluá
Tocou fogo nas obras de Neruda
Vi Ferreira Gullar pedindo ajuda
Em defesa do estilo milenar
Quando vi Dorian querer sujar
Seu poema cujo sujo era engano
Fernandão nosso poeta cigano
Que é prá lá de Alan Poe e Baudelaire
Nessa corja eu aposto e boto fé
Nos dez pés de martelo-alagoano
Salve a arte de raça alternativa
Feita a punho dia e noite, noite e dia
João da Rua na sua poesia
Novenil que também é força viva
Que castraram a cultura regressiva
Feito Cronos quando agarrou Urano
O poeta Graco cosmopolitano
Que é daqui, é de lá, é legião
E Gurgel que fez a contravenção
Nos dez pés de martelo-alagoano
Boca a boca a poesia potiguar
Vai seguindo quebrando as estruturas
Vai deixando na rua da amargura
A cultura sem fé do bê a bá
Tô com ela na briga prá mudar
Tradições que só levam ao desengano
Tem Marize, Jucá, Vitoriano
Tem Marquinhos e tem Tadeu Litoral
A poesia tá nas ruas de Natal
Nos dez de martelo-alagoano
Meu martelo não é só natalino
Seu repique é da arte potiguar
Tem a fibra do cantador Preá
Quando deixa o cabra em desatino
Já pisou num galope repentino
Dez poetas de tom parnasiano
Defendendo o irmão Crispiniano
O valente e maior dos repentistas
Que acabou o monopólio dos Batistas
Nos dez pés de martelo-alagoano.
ALEX MEDEIROS

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InsPiração
 Se você me der um poema
já tá valendo
parece até precipitação
o nosso romance nem seja assim
tão duradouro
mas que teu olhar maldoso
me dê margens
teu sorriso seja motivo
que teu cheiro lembranças
que meu pensamento por você
mais sacana
me sirva de inpiração
seja você meu principal lampejo
de um haicai que seja
se você for minha inspiração
para um poema
o nosso amor já tá valendo
 WECSLEY MARIANO

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Andei
Andei muito
Na chuva e na escuridão
Hoje ando na luz
Com a imensidão dos meus olhos
CARLOS ASTRAL

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Quando flores
Fazer primavera
Pingos de orvalho
 Em meus olhos sereno
Paulo Gois Locha
Poesia é sinônimo de amor
Que rima com o verbo abraçar
Que metrifica com os versos
Diversos e encantos da vida.
Poesia é a expressão que encanta
O meu ser!
Que dar vida ao meu viver,
Vivo por que poetizo e eternizo
A poesia que vive em mim.
GERALDA EFIGÊNIA

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A vida pede um tempo
Quando você sai,
a vida pede um tempo
vai ao banheiro
toma café, e volta
quando você vem.
CLARA DE GÓES

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Eletri/cidade
(Eletropoema exibido na Fac. Cândido Mendes)
Na brutalidade do dia a dia,
troque os choques de 1.000 watts
pelos vates da poesia.
LEILA MÍCCOLIS
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Composição quase perfeita do escritor
A fortaleza dos versos de Cora Coralina
A musicalidade de Cecília Meireles
A humanidade da escritura de Thiago de Melo
 A ironia necessária de Machado de Assis
O distanciamento crítico de um Cabral
A consciência do mundo de Drummond
 A leveza da poética de Quintana
A subjetividade de Clarice
O ceticismo de Bandeira
 O labirinto verbal de Rosa
A melancolia de Florbela
A agudeza de Augusto
E a heteronímia de Pessoa.
 REJANE SOUZA
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Guardião do Mar
“ Morro do Careca”
Ondas te beijam e o luar de janeiro
Em solfejos rutilados te corteja
Ao luzir-te a calvície o ver primeiro
E de brilhantes cintilados te craveja.
Rebordando o ocaso, e à noite nina,
As veredas descritas na imensidão
Qual poeta que embalas e a ti prima
Tecem rimas te ofertando à oração;
Visitantes moradores são romeiros,
As jangadas os andores que se vão
Ladainha a canção dos marinheiros;
Que do farol, anunciam a procissão,
Ao outeiro de areia alvissareiro
Que do mar Ponta Negra é
guardião!
DETH HAAK
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Pedido
Lembre-se de mim quando houver monotonia
Quando não mais houver lascívia
Quando tua alma não mais estiver sedenta
Quando de dor tua mente estiver isenta
Lembre-se de mim quando houver silêncio
Quando não mais houver dispêndio
Quando não mais houver expectativa
Quando tua consciência não for mais cativa
Neste momento saberás o que é ataraxia
Então não precisarás ler nenhuma profilaxia
A panaceia não será mais diminuir a distância
E sim dar à solidão sua devida importância
ROBERTO NOIR

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Fração de segundos
Em torno da meia noite
A meia luz de um quarto
Na meia volta do abraço
Escutei em meia voz
Você dizer só de meia
Que em meia hora voltava
Por suas meias verdades
Há meio século estou.
SALIZETE FREIRE SOARES

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 Espinharas
Espinharas que o sol estanca
flor e sede Seridó
serra negra rede branca
 arredio rio só
os espinhos do sertão
guardo todos na memória
mandacaru xique-xique
macambira palmatória
chão desfolhado presente
veredas da minha sorte
memória dor afluente
minha Serra Negra do Norte
JARBAS MARTINS

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(Es)finge

Em meus versos
Já não sei…
Se me des_cubro
Se me ex_ponho
Brincar de esconde-esconde
Com a poesia
É sempre assim…
A palavra trapaceia…
Re_vela…
GILVÂNIA MACHADO
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Pássaro-poema
Pássaro-poema pousa
bem de leve no papel.
Nidifica a palavra.
Choca os versos.
Depois, quebra a métrica,
rompe a rima
e azula pelo céu.
Pluma, palavra,
pássaro, poema,
pousa
e se faz canção
em mim.
José de Castro

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Natal em flor
Para Diógenes da Cunha Lima

Na sinuosidade de tua geografia,
Na maciez erótica de tuas dunas,
No vai e vem de tuas espumas,
Por entre o colorido dos canteiros,
No bailar das jangadas, dos coqueiros,
Nos casarões ou em humilde cabana,
A face da Noiva do Sol cintila
Nos cinco véus de uma xanana.
As cinco pétalas desta florzinha,
São os cinco sóis de mil centelhas,
Nas cinco pontas de uma estrela,
Nos cinco vértices da fortaleza,
Da cidade mulher de crua beleza
Em sua feerica vida urbana.
São cinco pétalas, são cinco pontas
No coração fosfórico de uma xanana.
Marcos Cavalcanti

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À meia-calça entre
a saia que dança
Uma simples normalista, talvez.
Onde há beleza, há engano.
Um cliente a olhá-la outra vez.
Onde há incerteza, há dano.
 “Devo?” Pensa o atual freguês,
E ela dança o ritmo insano.
Uma simples normalista, talvez.
Onde há beleza, há engano.
 Ou a meia-calça ou a saia fez
Questionar-se sobre o proibido;
Era velho, o passado doído.
Em sua mente, vive a embriaguez…
Uma simples normalista, talvez.
PAULO CALDAS NETO

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Bogaris e Resedás
Flanando da Ribeira até Touros
a poesia apareceu num barco
à vela e vento e águas em torno
um pescador com o violão e gaita
dedilhava canções esquecidas
soprava como se Veneza estivesse perto
e uma paixão largada nos dias
(calmaria) em onda represada e sal.
Verá a rocha em que o nome do peixe
será tão forte quanto alcunha de pescador
escamas prateadas formarão colar
as chuvas e o arco-íris depois e todo
e tudo e cores que pintarão céu e mar e rio
na chegada no encontro na Redinha amante
corpos nus salgados e cheios de sede
de amor-fornalha a casa à sombra.
Os coqueiros vigiarão à beira das ondas
a fé artesã que burila a pele sempre e desenha
tatuagens sutis no olho e no lábio
espalhando flores em areias tropicais
a onda carregando oferta e o retorno
a refazer caminho horizontal e o dito
percurso novo sentimento a invadir
inaugurando êxtase em brisas ardentes.
LÍVIO OLIVEIRA

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Uma noite

Havia barulho do mar,
Atravessando a vidraça,
Havia um par de taças,
E um desejo de amar.
Havia olhares felizes,
Pela penumbra da noite,
E muitos gestos afoitos,
Alguns até sem matrizes.
Era o primeiro encontro
De um amor alimentado
Desde os dias da infância.
O desejo era tanto
Que findaram entrelaçados
Na alcova, sem distâncias.
WALTER MEDEIROS

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Consciência
(À todos nós negros de cor e de alma: Carlos Magno, Neguedmundo, Ritinha…)

Consciência
renovada a cada acordar
a cada pôr-se frente ao espelho
a cada olhar
Consciência
que dança ao som dos atabaques
e silencia frente a dor da memória
Consciência
que se repensa constantemente
para poder gritar
para poder saber de si
Consciência
que invade a realidade
e transforma
com ações
Consciência
que todo dia tem de está aí
para que nunca o sono da ciência
nos enrole na ignorância
JEOVÂNIA P.

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Meu objetivo mais intenso é cantar o silêncio.
Meu objetivo mais preciso é decorar meus improvisos.
Meu objetivo mais seguro é viver sem futuro.
Meu objetivo mais nau é ser temporal.
Meu objetivo mais casa é ter asas.
Meu objetivo mais meu é ser eu.
Meu objetivo mais completo
é ser o que poeto.
JOÃO ANDRADE

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Perda verbal
Perdi o verbo
E as preposições tomam conta do papel
Os adjetivos dão forma aos personagens que se alimentam
De alma.
Perdi o verbo, substantivos habitam no campo de concentração
Do poema e se veste de pijamas listrados.
Perdi o verbo
Não sei mais o padrão nem
o culto
E as borboletas fazem a festa no cenário gramatical
Perdido no jardim das palavras.
CARLOS MAGNO DE SOUZA
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A lua e a vela
A VELA VELA
A CASINHA AMARELA.
A LUA ILUMINA
A RUA MENINA
QUE NASCEU FAVELA.
A ÁGUA SERVIDA
ESCORRE NA RUA,
UMA POÇA DE LAMA
ESPELHO DA LUA.
UMA GENTE SOFRIDA,
DE VIDA TÃO CRUA,
ESPERA UM DIA
REFLETIR NA LUA.
CHUMBO PINHEIRO

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No rastro
Viver é uma procura,
Um caçador  a sonhar,
Um sonho  vivida,
Uma caça a se laçar,
Se a procura continuar,
Vou continuar sonhando,
Viver a vida a procurar,
Vou  procurar meu sonho,
Até um dia ti beliscar.
EDUCA-SILVA

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A lua
A lua quebrou-se
No oceano
Pedaços vieram
Dar na praia
As ondas
Arrastaram tudo
Para o infinito azul
Depois suas águas
Espatifaram-se nas pedras
Foi lua e mar
Pra tudo quanto é lado!
JOSÉ SOARES

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Reflexão

Cada espelho
A depender de onde esteja posto
Irá mostrar teu rosto de um jeito diferente
Às vezes mais como gente, já noutras mais como bicho
Às vezes parecendo mais novo, às vezes parecendo mais lixo
Alguma vezes mais magro, outras um pouco mais cheio …
Mudando um ângulo ou meio
Tudo se altera, tudo se modifica
Nada permanece fixo para sempre
Transformando a cada ciclo o seu reflexo
Influindo ao redor, na alma e no sexo
No futuro, no passado e no presente
Quem prestar atenção sente
Não retém na sua mente
Qualquer traço de ilusão
Aceita a ação do tempo
E age no tempo da ação
ESSO ALENCAR

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A luz da poesia
Poesia
Alegria douta lavra
Palavras coerentes
Correntes em rastro de luz
Azul céu que firmo o meu pensamento
Firmamento intacto no ápice da paixão
Solidão é a falta da preciosa felicidade
Ansiedade da louca tentação
Mas que ação concretizar mil beijos
Zil desejos livres em noite nua
Lua versos na rua, banho que seduz a tez
A vez de encontrar no lume das letras
Pretas, brancas ou de qualquer cor
O ardor do vento no ventre da flor
A dor amálgama a alma
Na calma furtiva de um vulcão
Em erupção sempre ativo
Cativo do teu ser servil
Servido de amor caminha meu coração.
IVAM PINHEIRO
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Tua boca
 no céu
asa delta
em mim
MARCELO VENI

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Tempo do quase nada
A François Silvestre
Somos rebentos (que desgastam
As mãos da parteira),
expelidos por um tempo de frivolidade.
De um tempo
onde o ideal
– redundantemente utópico –
sucumbea forças indolentes
causando náuseas
pelo apequenado
e  confuso  conhecimento.
De um tempo
ornado de pragmatismo
protótipos estereótipos
– pobres em efígies –
desalterando
corações serenos em
selvagens.
De um tempo
que nos faz confundir
visões ampliadas
com  pororocas  humanas.
De um tempo
onde a  mansidão 
transfigura-se em  birutas de ares revoltos
nos levando como papelote usado
por parecermos pouco ou quase nada.
DAVID DE MEDEIROS LEITE

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Sou
como a algazarra
que os pássaros promovem pela manhã
anunciando a chegada da luz
e quando o sol esmaece no horizonte
transformando o céu em tocha escarlate
meu eu notívago se esparrama de alegria,
para poder abraçar-me com a lua.
Sou
como a águia,
foco minha visão longicuamente
e na hora de dar o bote, sou carrasco,
deixo marcas de minhas unhas para a maldade;
tao abominável aos nossos olhos.
sou
como bambu,
minhas raízes vão às profundezas da terra
para que quando o vento revoltoso vier
eu não me abalarei e serei resistente a ele,
e quando cresço, fico próximo do céu
Sou
como mãe
…neste momento choro pela ausência da minha,
não tenho ventre
mas já gerei muitos filhos,
e estes filhos chamam-se poesias.
LUIZ MÁRIO

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Sementes
 As sementes de girassol
ali estão embaladas em uma
gaveta.
Vez ou outra ao apertá-las
penso tocar em canteiros de girassol.
 Caberia ao amarelo brilhar
se cada semente vertesse um
 girassol
muitos girassóis, em profusão.
O girassol cresceria demais, são estreitos os canteiros.
Talvez tenha guardado um amor
que amor não é, semente de girassol.
Posto em descanso, não flora.
Não cabe em nim, como é grande o girassol.
ANCHELLA MONTE

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O espelho

No espelho não procures
o retorno de tua alma
ou de teu corpo.
Crês no que vês, é certo-
mas imagens são miragens
que no deserto enganam
os teus olhos fatigados.
HORÁCIO PAIVA

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Não há verso
no reverso
em que volta e meia
me converto.
Eu, tão sem nexo,
Eu, tão lua cheia,
aquela que contempla
o pescador perverso
afogar-se na areia.
ALICE N.

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Antes do vinho
Com sede, na mesa posta,
O vinho tinto espera
Uma fome não exposta
Num desejo sem demora.
Agora é o momento
O olhar ver voar, flamejante,
Um fogo inebriante
Seguindo um rumo certo,
O suave vinho tinto
O caminho orienta
Pros mandos do instinto
Tirando a vestimenta
Da luz neon do recinto
Que a espuma ostenta.
ZÉ MARTINS

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Luz
Antes da luz surgir
deixa teu olhar
de sonho e esperança
ao vento e à chuva
onde tudo renasce
onde tudo é semente
onde tudo é eterno
onde nada é latente
MOISÉS DE LIMA

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O Desafio da Escola
Conhecer miséria,
A favela, o rio morto …
Conhecer a fome,
A falta de justiça,
A  polícia.
Crianças-adultos!
Escola não há.
Há exploração do corpo e da mente.
Vai  pra  FEBEM!
Pipa não há.
Perderam a bola,
A professorinha.
O pai não há.
A mãe ausente.
O rebento veio antes da hora.
Meu guri!
A escola não é a mesma.  Metamorfose.
Acorda,  gente!
Criança-adulto!
Infância  perdida
LIBÃNIA PINHEIRO
 
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(Des)verso de uma

garota moderna
Era um daqueles parques raros
E ela correu logo para a montanha russa mais moderna
Bem no momento do looping
fatal
Faltou-lhe tempo para o(a) ar(te)
Os olhos se apertaram rápido
Pura inocência!
Daquele dia em diante
Achou que era melhor dormir com os olhos abertos.
DÉBORA BERGAMINI

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Arbítrio
Vim aqui ditar uma bíblia
Quem quiser que lembre
Quem quiser que esqueça
Quem quiser leia
Quem quiser ignore
Quem quiser aclame
Quem quiser reclame
Quem quiser odeie
Quem quiser ame
CIVONE MEDEIROS

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Ariadne
 O meu fio
fia caminhos
para outros.
-Estou perdida em meu próprio labirinto-
Procuro a espada
o Minotauro vence
uma batalha que não lutei.
JULIANA RIBEIRO DANTAS

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Terra deslumbrante
Coroas Limpas
Terra querida
Terra florida
Encantadora…
És promissora
Terra adorada
Coroas Limpas
És tão amada…
És maravilhosa
Tela pintada
Da cajarana
Adocicada…
És deslumbrante
Toda alvejada
Por um Antônio,
Lá do céu,
Abençoada!
MARCOS AUGUSTO
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Negrinha
Ana Maria, linda negrinha
Ana Maria, flor de menina
De cor escura erasempre  a mais linda.
Ana Maria de cabelos pretinhos
Tinha a cor sempre escurinha.
Como menina, mulher pequenina
Com alma menina, do corpo mulher,
Era minha negrinha.
RICARDO BUIHÚ

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Buraco Negro

Esse limite
Essa velocidade da luz
Essa relatividade
Desse certo senhor
Einstein
Tornam o homem cativo
Fazem ver
Que nem tudo podemos
Pequenos
Nossos passos são curtos
Esse Deus
Essa grande invenção
Tão confortante
De ancestrais
Leva além
Traz aquém
De todo limite!
É implosão
Explosão
Buraco negro
Pulsar…
EDUARDO ALEXANDRE

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Recorte do mundo
As minhas ruas eram todas tão pequenas
Que eu desejava ultrapassar seus quarteirões,
E, quando um dia essa aventura se me dava,
Eu tinha a única das minhas sensações:
A de estar livre conhecendo o próprio mundo
Mas, ao julgar que o descobria, eu ampliava
O meu recorte de reais limitações…
ROBERTO LIMA DE SOUZA

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Cântico para Nossa
Senhora do Silêncio
Nossa Senhora do Silêncio Rogai por nós
 Que não entendemos
 Que o silêncio é revolucionário
 Quando estamos a contemplar
 Deste lugar privilegiado
 – Os jardins da casa do poeta Roberto Lima
– A Tua beleza, Oh! Mãe de Deus e das azulinas em flor
EDUARDO GOSSON

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Céu Vazio
O céu hoje amanheceu vazio.
Sem nuvens!
Mesmo assim, elas continuam sobre minha cabeça.
Não todas!
Só as negras.
THIAGO GONZAGA

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Zarparemos
Companheiro tripulante
Marinheiro devotado
Tem início neste instante
Nesse rubro couraçado
Um necessário levante
Zarparemos sem demora
Ao cair da madrugada
Quando a noite apavora
E a aurora se resguarda
É saber chegada a hora
Ao teu posto Camarada!
Nosso rumo é incerto
O destino, ignorado!
Cruzaremos mar aberto
E em local não revelado
Nos manteremos por perto
Atentos ao inesperado
Nossa missão é pungente
Iluminar o invisível
Para os crentes do indizível
Não passamos de farsantes
Roguemos, pois, aos dementes
Aos profetas do impossível
Que se torne mais sensível
Que se mostre atuante
Quem acredita ser gente.
CHRISTIAN VASCONCELOS

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Sem culpas
A lua bendita
te surpreendeu
nos braços de um anjo azul
que te pintou nua
entre as árvores caladas
cúmplices de tuas volúpias
DIULINDA GARCIA

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Mulheres em luta
Mulheres em movimento
Não aceitam exploração,
Reivindicam seus direitos,
Combatem toda opressão,
Entendem que a saída
É a mobilização.
Em busca de seu espaço
Ergueram sua bandeira
Pra votar e ser votada,
De ser, da família, herdeira.
Ir à escola, ao trabalho,
Na política ter carreira.
Para obter as conquistas
Travou-se muita batalha.
Por vezes verteu-se sangue,
Pelo corte da navalha,
Mas a sua força ativa
Derrubou muita muralha.
NANDO POETA

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Quase-amor
Falas de desejo
Como quem arde, carboniza…
Como a louca sacerdotisa
Do culto ao Quase-amor…
Falas de paixão
Como quem se imola na fogueira…
Como a febril feiticeira
Do templo ao amor partido…
Falas de loucura
Como quem derrama vinho em vão…
Como a vestal do amor pagão
Da seita do amor proibido…
Falas de poesia
Como Cecília, como Florbela…
Como a desvairada sentinela
Da catedral do Quase-amor…
CEFAS CARVALHO

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Atentado ao torpor
nesse dia, sem heresia
como vim ao mundo
nu, travestido de poesia.
PLÍNIO SANDERSON

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Nativa canção
Nativa canção
Que atravessa os carnavais
Nativa canção
Além de meus ais
Nativa canção
Bumbo do coração
Forte demais
JOÃO BATISTA DE MORAIS NETO

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Embarque

num barco beat
numa barca bote
que por tal sorte
sem passaporte
vou do extremo sul
ao extremo mote.
CARLOS GURGEL

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a tarde desmorona feito
aves em revoada.
os meus olhos desenham
a paisagem desse bairro pobre
na América do Sul.
as pessoas que passam (e as que jogam bila nas ruas de terra)
não sabem o quanto eu caibo nas eras (nesse exato instante),
e o quanto esse desmaio de tarde me comove.
WESCLEY J. GAMA

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Um elogio …
Assim, como poesia …
Ela não falava
a língua dos sinais
Para que?
O seu sorriso
abria céus
O seu olhar
espalhava felicidades
Suas mãos
gestos de só ternuras
Ela era assim
como poesia …
Um ajuntamento
de
amorosidades
DITO

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Ausência
Falta. Falta. Falta
Presença da ausência
Cheia. Farta. Lotada
ausência da presença
Um leve toque
Um roçar de mãos descuidado
um olhar de soslaio
Um cheiro invasor, dopando
e naquela curva
o melhor do melhor
braços entrelaçados
adormecendo
abraço que cura, embriaga
Presença. Presença. Presença
da saudade, do recanto,
do canto
valei-me, me valha em ti, hoje.
AMÉLIA FREIRE

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Quem sabe EU
Quem sabe eu escreva
Um verso pequeno
Talvez dentro dele
Caiba o tempo.
Quem sabe seja poeta
O senhor do invento
Que inventou o tempo.
IRISMARQUEKS ALVES

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Biografia
A vida
é esse vivescrever
sobre um papel sem pauta.
Entorta aqui,
alinha ali,
sobe adiante,
desce acolá.
Depois se apaga.
Mas na memória
quer ter lugar.
VITAL NOGUEIRA

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Sombra e luz
O lúdico
Da máscara
Some
Na cara
Que esconde
O ato
Espúrio
A desfaçatez
O golpe político
A espada mais arbitrária
Que faz da moral
Uma foz clandestina
ANTÔNIO RONALDO

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Tempo passado,
tempo vivido.
Quero focar no passado,
não para lembrar a difícil vida como órfão,
que assombrava meus dias de infância e adolescência,
mas para recordar dos que cuidaram de mim,
apesar da humildade, com zelo e dedicação;
Para lembrar de um tempo em que fazer política,
era sonhar com um mundo justo, fraterno e solidário;
tempo em que ser da Igreja,
tinha mais que o sentido de salvar almas,
também era construir o céu aqui na terra;
quero focar na juventude que vivi,
cheia de referências revolucionárias,
onde esperançar era crer firmemente no futuro,
futuro do mundo, futuro do Brasil…
As ideologias nos levavam as leituras e as ruas,
com civilidade e patriotismo;
Quero focar num tempo onde a música que ouvíamos
era suficiente para levar-nos aos sonhos,
ali encontrávamos a pessoa amada,
cheia de desejo, carinho e pronta para afagar-nos
ou, simplesmente insepulta,
pela insensatez dos fatos,
pela insensatez do coração.
TERTULIANO CABRAL PINHEIRO

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Alento
O sabor da tarde
 Direciona uma vaga poesia
 Que na pluma suave de seu vento
 Explode os beijos poderosos desse sol
 E tudo o que se perde na linha
Os olhos contemplam o irradiar desse momento
 E em tudo que se desenha no
tempo
 O tempo alinha em minhas mãos
O alento singelo de tocar
E sentir a solidão do vento
 Que por mim passa E liberta meus cabelos
CÍNTIA GUSHIKEN

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A Esfinge

Ah esta saudade adormecida em tudo quanto é meu!
Vem do teu silêncio de mulher coberta de receios,
anoitece os olhos, cala-me também e  toma conta dos meus sonhos.
Ah esta saudade que, ontem entre nós dois não existia,
hoje arrasta-nos ao silêncio onde sabemos
não ter sido nossas vidas passadas mais do que dois sonhos.
Ah esta saudade amarga adormecida no silêncio
de um tempo que apagou  lembranças do perfume
exalado do corpo aquecido num abraço,
beijos nos lábios frescos cheirando a hortelã,
o pulsar dos seios entre dedos ardentes de desejos.
Desvenda-te mítica como tua alma gêmea helênica,
quebra sem medo o silêncio da saudade inda que doa.
CIRO JOSÉ TAVARES

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Sophia
Ela vai deixar os cabelos brancos brancos
vai se deixar
estriar, enrugar, desbotar
vai deixar a pele sinalizar
pontos, peitos, prantos
vai cansar
vai deitar
 vai deixar
Deus falar.
ANA PAULA OLIVEIRA

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A trova  pede licença,
A  Amizade com poesia,
Que  quer ser  luz e  presença,
Regaço   de  primazia.
FRANCISCO DE PAULA PINTO

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Poética
se o poema não se diz,
cada verso se desfaz.
A idéia é a matriz
e todo o resto é fugaz.
Mais o conciso é loquaz
se falta ao verbo raiz.
O prolixo se desdiz
se tanto verbo é falaz.
Ao poeta, a diretriz;
ao poema, tanto faz.
ANTONIEL CAMPOS

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Estelares
Brilham estrelas em meus olhos amanhecidos
Refulgindo lumes, brilhos, fulgurante claridade!
Brilham estrelas em meus olhos adormecidos
No céu de minha alma elas bailam!
Brilham estrelas em meus olhos melodiosos
Enquanto um cortejo de pássaros
Executa lindas estrofes, só para mim!
Brilham estrelas em meus olhos de sol…
O dourado de mais um dia resplendente
Anunciando alegrias!
Porque tudo é luz, claridade,
poesia…
Em meus olhos estelares!
LÚCIA HELENA PEREIRA

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Nessas andanças
de descobertas e conquistas
são retas as pistas
e desertas as lembranças.
JOSEAN RODRIGUES

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Luar

Quero sentir os raios
dessa lua
a me encher de energia
Quero ficar só na tua
curtindo a tua alegria
Quero que fiques na minha
sentindo a minha poesia.
FRANQUILENE PARDO
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Mulher
Maravilha,alquimia.
Logo é covardia,
achar que não é nada!
Descarte conversas,
não cidadã
com discursos forçados,
que não levam a nada!
É vida, é tudo.
É sede que alimenta
a vida humana,
bem como irmana
o amor gerado.
Não é costela,
pois isso não degenera
o amor da criação.
Que foi perfeita,
bem como bem feita,
seu amor exalado.
Mulher, boto fé
pense com a gente
pois faz diferença na vida
de todos,
já que é o acalento, bem como alimento,
somado ao fomento,
do juramento,
que ora propago.
MANOEL GUILHERME DE FREITAS

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Cavaleiro da Esperança
Retornará um dia, se saberá da hora
E aquela luz que à via
Se apagará entre portas
E tocará um sino
A última nota ouvirás
Explodirá um pino, se interrogarás mas e mais
Como um cavaleiro louco
Na beira-do-mar, cavalgando…
As ondas todas lamentando
Desfeito sonhos e planos
Com sua viola na mão
Agora começa a cantar
Lindas tristes melodias
Ninguém jamais ouvirá
FRANCISCO GILBERTO

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Verão meus olhos, verão
O verão dos olhos teus,
Pois, os teus olhos serão
O verão dos olhos teus.
RODRIGUES NETO

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Saudades

Saudades de estar ao lado de quem ama
Uma agonia um tanto medonha
Que fica viva como uma chama
Enquanto não estamos aonde ela manda.
OLÍMPIO MATIAS

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Descobri
Descobri
Que assim como gosto de você
Gosto de escrever
Que assim como gosto de arroz doce
Gosto de você
E gosto de escrever.
Descobri
Que assim como gosto de graviola
Cupuaçu, manga e cajá
Assim como gosto de cravo e canela
Em canjica quente
Gosto de você
E gosto de escrever.
Descobri
Que assim como gosto do seu cheiro
Sem tempero
Suas mãos em minhas mãos
Seus pés em meus pés
Seu peito em meu peito
E tudo o mais
Gosto de você
E gosto de escrever
Porque penso duas vezes
Sorrio e falo, e sonho
Duas vezes
Mais que uma vez
Ao escrever redobro
A paixão e o tesão
De viver
RAIMUNDA CADÓ

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E se de repente
Nós pudéssemos ser
O que nos traz
 Felicidade
Eu gostaria de ser um pássaro
Para poder voar
Em novos espaços
Quando minha estrela preferida
Também mudasse
 Sem rumo.
SEPHORA BEZERRA

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Certeiro

O amor,
Meta
Nem arqueiro
 nem alvo
Flecha
PAULO GOIS LOCHA

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O homem tem seu ímpetos e impérios
A mulher, seu clitóris e critérios
Mas aquele desespera,
Por não desvendar os seus
mistérios
ZÉ FERREIRA (O POETA DAS SALINEIRAS)
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Bichinho-de-conta
Brinco de ser lua
de ser sol
 de ser mar
me construo
desconstruo
 continuo
brinco de ser minguante
 de ser eterna
de ser você…
WALKA

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Agenda de sentimentos

Hoje é dia de agendar mil planos:
às vinte horas não falo
às vinte e duas, não escuto
à meia-noite, penso que é
melhor sonhar
Viro a página
amanhã logo cedo anotarei os sonhos
sei que neles serei eu patética
e alguns dos muitos personagens
da minha solidão
Depois do almoço, coração faminto
sublinharei demandas em grosso
sem pautas e sem qualquer pausa
para a alegria e para o amor
gozo em varejo
Para a semana, reservo
um banco de carências sutis
nesta agenda-pergaminho inútil
só números, tarefas, rabiscos
penso em você… cadê?
Não está aqui, não é comigo
guardo agendas, olhos, sonhos
pois não sei quando, nem se, nem como
haverá música e talvez dança
que me enlace a alma.
JOSIMEY COSTA

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Salve Tché
Che-guei!!! E é para ficar
Cheguei prá comandar.
Sem choro e sem vela
Já velei todas as linhas,
Entornei goles e
Tragos de palavras
E noites entorpecidas tortas
Contemplando os sabores
E vapores que rodeavam
A nossa tribo.
JACKSON GARRIDO

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Era um vazio
Tão grande
Que até a tristeza
Não agüentou a solidão
E saiu para passear.
ANA PAULA CADENGUE

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Poesia
Os poetas
Pensam poesia,
Vomitam sentimentos,
Desfazem-se em prantos
Ou alegrias.
Tolos, sonhadores,
São tantos e tantos amores.
Mas, se da dor e amor
É feita a vida; poesia.
EDNAR ANDRADE

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O mar que tenho pra chorar em vida
Chacoalha meus navios e funerais
 Navega os desertos ancestrais
Que sonham na r

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