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A anarquia audiovisual de Guaraci

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Yuno Silva – repórter

A polêmica das biografias não autorizadas, que sacudiu o showbiz brasileiro em 2013 e 2014, ganhou uma conotação mais anárquica, visual e psicológica por parte do artista potiguar Guaraci Gabriel. Conhecido do público por construir esculturas de grande porte feitas com aço, ferro e material reaproveitado, Guaraci passeia há algum tempo pelo cinema e nesta terça-feira (17) lança o longa-metragem “Eu Bicho do Mundo – Biografia não autorizada”, seu primeiro trabalho como diretor responsável. A sessão única e gratuita acontece logo mais às 19h30, no Teatro de Cultura Popular (TCP/FJA), no Tirol.
Cartaz do filme Eu Bicho do Mundo
O filme, um “docudrama” de 90 minutos rodado em Natal, Campina Grande, São Paulo e Rio de Janeiro, está alicerçado em uma pegada pueril e caótica do que seria o “pensamento da obra ‘O Pensador’ de (escultor francês) Auguste Rodin (1840-1917)”, adiantou Guaraci, que contou com ajuda do diretor de fotografia Carlos Tourinho, responsável pela captação das imagens e foco central do longa. “Passei um tempo despistando Tourinho, fazendo com que ele filmasse sem saber que o filme era sobre ele. Vem daí a biografia não autorizada do título”, explicou o artista visual e agora também diretor de cinema.

“Eu Bicho do Mundo” irá receber legendas em inglês e espanhol para facilitar participação em festivais internacionais de cinema. “Considero um filme de arte, não comercial, e saiu do jeito que quis”, garante. Dublê de ator, Gabriel também está em cena, na pele de Rodolfo (versão tupi de Rodin), um artista plástico que “suga” as forças e a sanidade da companheira Camila (de Camille Claudel [1864-1943], parceira de Rodin), interpretada por Silbene Sil. Ainda estão no elenco o próprio Tourinho, o produtor Marcio Otavio, Carlão Mipibu, Cicera Gabriel, Eliene Albuquerque, Jaciara Campos, Alexandro Ector, Aelton Gomes, Amanuel Gomes e (o cineasta de Alexandria/RN) J. Gomes, autor da comédia Inácio Garapa.
Guaraci Gabriel e Márcio Otávio em uma das cenas do longa
“O roteiro gera imagens inocentes que explicitam a posição e imposição do ego imagético do cineasta Carlos Tourinho (…) A partir de um romance que acontece na memória da escultura ‘O Pensador’ entre Rodolfo e Camila”, diz a sinopse da obra enigmática. “É o filme do filme, do filme”, acrescenta Guaraci.

Na tela, a câmera também é personagem da narrativa que flerta com a metalinguagem e com o chamado cinema processo. O filme traz depoimentos de cineastas carioca, amigos de longa data Tourinho, como Teognes Borges, José Roberto Couto, Cesário Português e Sérgio Santeiro, que se fundem a registros reais e momentos de ficção. A trama acompanha as peripécias de Guaraci Gabriel e Silbene Sil durante exposições na Bienal de São Paulo, Memorial da América Latina (SP) e no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio. Em Queimadas (PB), no caminho de Campina Grande, o filme registra situações em torno da formiga gigante que o artista fez sob encomenda para uma empresa que trabalha com ferro e sucata.
Em locação no sertão paraibano, a atriz Silbene Sil e o diretor de fotografia Carlos Tourinho
Do primeiro take até a estreia foram 15 meses de trabalho e muitas horas de gravação. “O roteiro seguiu uma linha mestra, mas as ações se construíram na medida das gravações. Como o  conceito do longa (90 minutos) permite improvisos, trabalhamos bastante com planos-sequência (cenas sem cortes)”, informou Tourinho. “Eu Bicho do Mundo – Biografia não autorizada” contou com apoio da J. Patrício Metais, Grupo Patrício’s, Construtora Dantas e Irmãos, Recicla, Nordeste Cabos, Silksubli e Casa da Cópia. A intenção de Gabriel é promover outra sessão em Mossoró. 

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