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‘A aproximação das universidades impulsiona relações’

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Nadjara Martins
Repórter

Ao trocar o comando da embaixada do México no Brasil, em 2013, o presidente Enrique Peña Nieto tinha como objetivo elevar as relações entre os dois países a outro patamar, para além dos acordos comerciais. A nova chefe da missão mexicana, a socióloga e política Beatriz Paredes Rangel tratou de dar novo foco às relações, interagindo diretamente com estados e municípios. No que condiz ao ensino, as relações avançam: um exemplo é o novo o acordo de cooperação firmado entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Autônoma do México (UNAM), firmada em julho.
Beatriz Paredes, embaixadora do México no Brasil
A instituição mexicana é a quinta melhor universidade da América Latina, segundo ranking 2013 da QS Universities. A parceria foi fechada no dia 29 para intercâmbio de professores e alunos, como afirmou a reitora da UFRN, Ângela Paiva Cruz, à TRIBUNA DO NORTE na época. A universidade possui outros três acordos de cooperação com outras instituições do México.

Para a embaixadora Beatriz Paredes,  o acordo entre as universidades fortalecerá as relações entre os países, e por que não, entre México e RN. “Estou convencida de que as relações diretas entre universidades e centros de pesquisa é a melhor maneira de impulsionar as relações México-Brasil na educação”, afirmou em entrevista por e-mail.  Beatriz será uma das palestrantes da 21ª edição do seminário Motores do Desenvolvimento, dia 8 de setembro, da Federação da Indústria do Rio Grande do Norte (Fiern). Confira a entrevista completa:

Até 2013, as relações entre México e Brasil eram focadas no comércio, principalmente o de automóveis. Após a senhora assumir a embaixada, no ano passado, quais foram os avanços na pauta de relações entre os dois países?
As relações entre o México e o Brasil têm se expandido e, além do comércio e de promoção de investimentos, a minha presença na embaixada tem colocado grande ênfase sobre os aspectos culturais e educativos; em fortalecer as relações com regiões específicas do Brasil – estados e municípios –  não apenas se concentrar relações em nível federal. Um exemplo do impulso para as relações culturais foi a presença no Brasil da exposição arqueológica mais importante, realizado nos últimos anos pelo governo mexicano, a grande amostra de “Maya”, que foi apresentado em São Paulo, entre junho e agosto.

O Brasil adotou, nos últimos anos, a inclusão da educação nos acordos que são firmados entre os países. Um exemplo é o surgimento de programas como o Ciências sem Fronteiras, que garante intercâmbio para alunos do ensino superior. Como a senhora avalia essa política?
Acredito que o ensino superior é uma das questões mais importantes para os países em desenvolvimento e acho que nesta era da globalização, facilitar o intercâmbio entre os países nesta área e em ciência e tecnologia é fundamental para as instituições de ensino e alunos.

Como é a relação entre México e Brasil no que condiz ao ensino? Há algum acordo firmado para intercâmbio de estudantes ou professores?
Estamos a promover uma maior aproximação na educação entre o México e o Brasil. Este ano, os ministros da Educação dos dois países tiveram uma reunião de trabalho e as expectativas para uma maior cooperação foram abertas. Mas, independentemente do governo e relações governamentais, há uma forte aproximação entre as universidades de ambos os países que é extremamente proveitosa. Estou convencida de que as relações diretas entre universidades e centros de pesquisa são a melhor maneira de impulsionar as relações México-Brasil na educação.

Em junho, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) anunciou o fechamento de uma parceria com a Universidade Autônoma do México (UNAM) para o intercâmbio de alunos e professores. Qual a importância de um acordo como este para a educação dos dois países?
  É muito importante. A UNAM é a maior universidade em nosso país e tem uma educação de alta qualidade em diversas especialidades. Estou certo de que ambos, tanto UFRN como UNAM, irão se beneficiar mutuamente com essa troca e que haverá um impacto positivo em ambos os países.

A senhora tem conhecimento se há algum acordo em negociação entre a UFRN e outras universidades do México?
Eu não tenho nenhum conhecimento específico, mas as autoridades da UFRN sempre têm o apoio da Embaixada do México no Brasil para promover a aproximação com outras universidades mexicanas.

Há um Sistema de Acreditação Regional de Cursos de Graduação do MERCOSUL (ARCU-SUL) firmado entre o Brasil e alguns países da América Latina. Neste acordo, os países reconhecem mutuamente a qualidade acadêmica dos títulos ou diplomas outorgados por Instituições Universitárias. O México tem interesse em integrar esse sistema ou firmar algum acordo semelhante com o Brasil?
No âmbito da Cúpula Ibero-Americana e da Organização Latino-Americana de Educação, sabemos que a questão do reconhecimento de graus acadêmicos é uma chave para a internacionalização dos processos educativos. É claro que o México é interessado no assunto; aprender com a experiência dos países do Mercosul, promover acordos semelhantes, de acordo com a realidade do sistema educacional mexicano. Pessoalmente, acho que esta é uma das questões mais importantes para as instituições acadêmicas.

O que a senhora pretende abordar na palestra “Una mirada mexicana a las potencialidades de Rio Grande del Norte”, no MDRN?
 Quero compartilhar uma visão objetiva sobre o que eu considero uma região com recursos extraordinários que tem um enorme potencial para o desenvolvimento. Não me pergunte mais, porque eu quero que as pessoas se surpreendam com o que vou dizer.

Hoje o México mantém relações comerciais com o Rio Grande do Norte?
Existem empresas mexicanas de propriedade que estão praticamente todo o Brasil e, certamente, a partir dessa perspectiva, há presença mexicana na região, mas acho que é necessário promover uma maior conscientização no México do Rio Grande do Norte. Eu tenho certeza haverá um maior fluxo de investimentos para este importante região do Brasil.

O Rio Grande do Norte tem descoberto novas potencialidades nos últimos anos, do petróleo à energia eólica. Qual deve ser o papel da universidade frente às novas perspectivas do setor produtivo de um estado?
Eu sempre pensei que a universidade deve desempenhar um papel de liderança no desenvolvimento regional, investigando, encorajando assim o que tem aplicação prática, recomendando aos seus alunos a fazer as suas teses de cursos de graduação e de pós-graduação sobre questões específicas que as regiões enfrentam, inclusive estabelecendo algumas especialidades em seus programas de ensino que se relacionem com as perspectivas de seu desenvolvimento.  Para mim, a existência de universidades nos estados devem ser um grande baluarte para o desenvolvimento da região.

Qual a importância de um evento como o Motores do Desenvolvimento para o desenvolvimento da universidade e do ensino superior?
Creio que é fundamental que muito mais setores da sociedade, e não só o mundo acadêmico, reflitam sobre a importância da universidade e da educação superior, por isso acredito ser muito importante que um evento da qualidade do “Motores do Desenvolvimento” tenha escolhido como foco para sua análises e divulgação a temática das universidades e a educação superior vinculadas ao desenvolvimento.

Quem é?
Beatriz Paredes, embaixadora do México no Brasil, Socióloga, política e diplomata mexicana, foi nomeada embaixadora no Brasil em 2013. Foi governadora de Tlaxcala, cargo que exerceu entre 1987 e 1992. Também se elegeu deputada federal e senadora diversas vezes e, entre 1993 e 1994, exerceu o cargo de embaixadora do México em Cuba.

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