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A Contaminação do Mal

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Na peça “Chuva, de Somerset Maugham, ao se aproximar de Sadie Thompson para condenar a sua vida pecaminosa, o Pastor não resiste à tentação da carne. A interpretação de que Deus abandonou o salvador de almas, porém é simplória e equivocada. Pois, além da soberana lei divina do livre arbítrio, o Bem sempre corre o risco de ser contaminado pelo Mal.

Fora da órbita religiosa e longe de Deus e do Diabo, aquele que vai  punir também está sujeito a agir como o culpado. É exatamente isso o que está ocorrendo com Nina (Débora Falabella) em “Avenida Brasil”.  Movida por um ódio herdado da infância, Nina tem a vingança como motivação maior de sua vida. Para alcançar este objetivo – a destruição da madrasta, Carminha (Adriana Esteves) – não mede consequências.

Em vez de salvar a devassa Sadie Thompson, o Pastor terminou se audodestruindo. É improvável, por se tratar de uma novela, que Nina tenha o mesmo destino, mas, nesta altura, o seu lado Bom vem cada vez mais cedendo espaço ao Mal. Essa mutação, que não é peculiar a sua natureza, tem, contudo, uma explicação real e uma justificação psicológica.

Nina martiriza as duas únicas pessoas que amou na infância e que continua amando: Jorginho e Lucinda. Ela sofre com isso, mas, se agir de forma diferente, o plano de vingança fracassará. Para executá-lo, além da submissão e da dessimulação, se viu obrigada a compactuar com duas pessoas que detesta: Max e Nilo. No início da novela Nina tinha crises de vômitos, entretanto, por causa da interpretação equivocada das telespectadoras (que estavam atribuindo essa reação emocional à gravidez), João Emanuel Carneiro eliminou a manifestação física que exteririzava o que se passava por dentro de Nina.

Por não ser igual a Carminha, Nina está prestes a perder o autocontrole emocional. Isso ficou evidente no capítulo de sábado passado, quando, pela primeira vez, ela repetiu o gesto de quando era criança, derramando, propositalmente, o suco em Carminha. Um flashback, funcional e oportuno, relembrou o telespectador o relacionamento entre a pequena Rita e a tirânica madrasta.

Entretanto, mais significativo do que o “descuido”, que enfureceu Carminha, foi o olhar de Nina – aquele olhar do ódio contido, que, pela primeira vez, ela deixou transparecer. Carminha percebeu: “Porque você está me olhando desse jeito?” Resta saber se ela vai se lembrar que aquele olhar é igual ao olhar de Rita.

O Poder e o Padre

O principal coronel de Ilhéus, Ramiro Bastos (Antônio Fagundes), não é igual ao personificado por Paulo Gracindo. Ele ressurgiu com o corpo e truculência verbal do ex-senador Antônio Carlos Magalhães. Entende-se a mudança. Para o público atual, que ainda guarda na memória a imagem do senador baiano em Brasília, a identificação é imediata, consequentemente, mais realista.

A liderança de Ramiro Bastos representa o poder individualizado. “Quando eu mando, até os santos obedecem”.  Na visão do novo autor de “Gabriela”, Walcyr Carrasco, ele exerce aquela liderança que impõe respeito e medo, como aquela do mais famoso mafioso cinematográfico: Don Corleone.

Ramiro afirma: “Política é negócio”. Continua sendo. Se ele representa o atraso, impedindo a construção do novo porto de Ilhéus, é porque conta com a cumplicidade de um poder maior do que o seu: o do governador da Bahia. Ramiro ganha com o envio por barcaças do cacau para Salvador e o governador lucra com a exportação para a Europa.

O incidente das kengas do Bataclan, decretando a greve sexual, também evidencia a cumplicidade da Igreja Católica com o poder. Ramiro Bastos acredita que somente com a procissão a estiagem acabará. Em sintonia com as senhoras da sociedade, o padre se opõe a presença das prostitutas do Bataclan na procissão – e, heresia das heresias, que Nossa Senhora tenha a imagem coberta com o manto azul feito no Bataclan.

Pressionado pelos coronéis, Ramiro, embora não seja frequentador do cabaré, resolve acabar com o impasse através de uma votação: “Eu sou a favor da Democracia, quando ela me convém”. Houve um único voto contra e este não foi do padre. Velha raposa, Ramiro sabia que sob a proteção (do anonimato) do voto secreto, o padre deixaria de ser contra o manto e a presença na procissão das moças do Bataclan.

Ramiro pune a hipocrisia do padre (que também tem sua plantação de cacau) ordenando-o que vá ao Bataclan comunicar a liberação. No antro do pecado, o padre se justifica: “Vocês também são filhas de Deus”.

Ramiro Bastos é o chefão dos vilões, mas, como se vê, não é  único vilão nordestino.

TAÇA TRIBUNA DO NORTE

A coluna Fama, juntamente com a Academia Damasceno de Xadrez, realizarão no próximo final de semana o II Torneio Taça Tribuna do Norte. Será disputado em cinco rodadas pelo Sistema Suiço, com uma hora e 30 minutos de reflexão para cada jogador. O primeiro colocado receberá a Taça Tribuna do Norte, o vice e o terceiro colocado, medalhas. Também foi instituído premiação (medalha) para o vencedor da categoria Sub-20.

A PROGRAMAÇÃO

Horários. Dia 20, sexta-feira, 1ª rodada: 19h30 às 22h30. Dia 21, sábado, 2ª rodada: 14h às 17h. 3ª rodada: 19h às 22h. Dia 22, domingo, 4ª rodada: 9h às 12h. 5ª rodada: 14h às 17h.

Após o encerramento da quinta e última rodada, será realizada a premiação de encerramento.

INSCRIÇÃO

As inscrições poderão ser feitas diretamente na Academia de Xadrez, rua Antônio Basílio, 4344, Morro Branco, por telefone (3201-7430) e pelo e-mail www.academiadamasceno.com.br

Periscópio potiguar

AVISO

A rede Nordestão passou a exigir (subitamente) que o cliente apresente a carteira de identidade junto com o cartão de crédito. Até aí, nada demais, o supermercado está se protegendo dos clonados. Porém, deveria ter avisado com antecedência, inclusive divulgado na propaganda de TV, para evitar o constrangimento dos clientes na hora do pagamento.

ATENDIMENTO

O serviço do Pittsburgs do Nordestão da Av. Salgado Filho, exige paciência de chinês. É devagar, quase parando. Um simples café-da-manhã, demora no mínimo dez minutos. Parece que vem pelo correio.

TURISMO

Uma carioca, hospedada no Visual, um hotel de primeira categoria de Ponta Negra, foi entrevistada pela Tropical. Ao ir à praia, ficou chocada com o que viu. Para nós, natalenses, há tempos os escombros do calçadão da nossa principal praia deixou de chocar. Para os turistas, entretanto, a visão é assustadora.

BANCO

 Na superlotada agência do Bradesco da Av. Rio Branco, recebe-se (ou se tira) uma senha. Esse procedimento, rotineiro em outros bancos, no Bradesco é apenas um pedaço de papel, para ser jogado no lixo, pois o cliente não é chamado pelo número. O que vale no Bradesco é a velha, longa e cansativa fila indiana. A placa, “atendimento prioritário”, é outra sádica afronta aos idosos e deficientes físicos. Para estes, a fila do Bradesco é uma câmara de tortura física e emocional.

SAUDADE

 O sentimento externado pelo poeta e escritor Nei Leandro de Castro é o mesmo que sinto. Quando estou no Rio, sinto saudades de Natal, e, quando estou em Natal, tenho saudades do Rio. No meu caso, não das cidades em si, pois ambas deixaram de ser o que eram, mas das pessoas.

LIVRO

 Impossibilitado de comparecer, li, com satisfação, que o novo lviro de João Batista Machado obteve o merecido sucesso no lançamento, na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. “Política e Atos e Fatos” se acha à venda nas Livrarias Poty e Saraiva. Também na banca de Tota, situada na avenida Afonso Pena.

CENTENÁRIO

 Comemora-se em Natal o centenário de nascimento do escritor Manoel Rodrigues de Melo. Tive o prazer de conhecê-lo. Era vizinho da casa do meu avô, José Bezerra Marinho, na Av. Afonso Pena. Se o prédio da Academia Norte-Rio-Grandense saiu do chão, deve-se ao incansável esforço pessoal e a inexcedível dedicação de Manoel Rodrigues. Se eu fosse acadêmico, proporia ao plenário colocar o seu busto, esculpido em bronze, no nosso templo das Letras.

LANÇAMENTO

 Será segunda-feira, dia 16, no Palácio da Cultura, antiga sede do Governo Estadual, na Praça 7 de Setembro, a noite de autógrafos de “Agnelo Alves – Oito Décadas”. A fila dos autógrafos começará a andar a partir das 19 horas.

QUEM NÃO ESQUECEREI

Meu pai, Clidenor Carlos de Andrade, foi o homem mais paciente que conheci. Não era intelectual, mas, formado na universidade da vida, conhecia – e muito bem – o livro dos homens. Com a morte prematura da primeira esposa, Zeneida, minha mãe, deixou a casa dos Marinho, para casar-se com Maristela Alves. Somente na adolescência passei a vê-lo com frequência e a conhecer as qualidades que, discretamente, ocultava, como a tolerância e a generosidade.

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