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A crise

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Agnelo Alves
Jornalista

A crise está tão braba e tão medonha que a gente até perdeu a noção do registro de seu nascimento. Andei dando trato à bola para ajustar a coisa nos palpites dos confrades mais diversos da crônica política e me perdi no tempo para encontrar suas origens e hoje, sinceramente, não sei. 

Acompanho e, de certo modo, testemunhei alguns episódios que, de alguma maneira, me autorizam, sei lá, pelo menos a ordenar a origem e, mais ou menos, o período de quando começou. Recordando os acontecimentos, questiono se a crise teve início com o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, ou com a sua deposição, em 1945, com a volta dos pracinhas brasileiros vitoriosos com a derrubada do nazismo e do fascismo. Onde chegavam a perguntar a eles por que não derrubavam o Estado Novo implantado à versão brasileira. 

Porque sim, porque não, derrubaram. Mas fracassaram quando voltaram para os quarteis em um comportamento mais épico e próprio para escoteiros e não para militares. É verdade. Mas para serem fiéis à missão que desempenhavam na Europa, não poderiam ter outro comportamento no Brasil, adotado desde 1930 por um mesmo homem, civil também, é verdade, chamado Getúlio Vargas.

O presidente do Supremo ocupou o Poder, realizou a eleição disputada por dois militares, o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Eurico Dutra. Prossegui lendo, ajustando minha memória. Ganhou Eurico Dutra que fora Ministro do Exército no governo de Getúlio. E com ele, Dutra, permaneceram no governo. Não obedeciam mais a Getúlio, e sim a Dutra sob a legenda do “PSD”. Cinco anos depois, sacrificaram o próprio candidato, Cristiano Machado, e votaram em Getúlio, criando o nó da crise com o nome “cristianismo”, isto é, votaram em Getúlio Vargas sem sair do PSD. “Cristianismo” vinha de Cristiano Machado.

Resolvi parar a busca. Aí já havia conversado com o mundo todo, lido o que tinha na estante – um bocado de coisas – quando me deparei com a célebre frase de Carlos Lacerda que definia perfeitamente a crise que se desenhava: “Getúlio vem como candidato. Não deve ser. Sendo candidato, não deve ganhar. Ganhando, não deve tomar posse. Tomando posse, deve ser deposto”.

Não nasci para ser historiador. Mas a crise não parou. Civis e militares. Ditadura, autoritarismo. A crise continua ou a crise é outra, agora com o adendo tenebroso da corrupção?

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“Vergonha” foi o sentimento da ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, na CPI do Senado: “Senti vergonha, muita vergonha!”
Acredito.

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Getúlio, antes de se suicidar, falou que no piso subterrâneo do Palácio do Catete havia “um mar de lama”.

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O que o PT fez na Petrobras nunca antes acontecera no Brasil. Não creio que a extensão dos dólares depositados no exterior fique em “bilhões”. Deve ter entrado na casa do “trilhão”.

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Muita gente está na cadeia. Não estigmatizo inocentes e culpados, mas o capítulo da corrupção está encerrado no Brasil por algum tempo. Quem se atreverá a uma nova etapa do que aconteceu na Petrobras?

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A vigilância deve continuar. Agora sob o pretexto de “salvar a Petrobras”. Já que a corrupção quase levou a empresa à falência.

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Mera curiosidade: Getúlio foi quem criou a Petrobras, mas quem garantiu o monopólio foi Afonso Arinos do PSDB.

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