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A Cultura e a Arte num olhar que circula

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Lívio Oliveira
Poeta [[email protected]]

Sou dos que acreditam que para a apreensão e compreensão dos fenômenos culturais e das criações artísticas se faz necessário e até mesmo obrigatório um olhar limpo de preconceitos e uma visão que busque além daquilo que está sendo posto instantaneamente. Em suma, o apreciador e o analista crítico tem que perscrutar toda uma história, uma narrativa factual em torno do que está sendo exibido e quais são as possibilidades vindouras e quais aquelas de inserção do “objeto” artístico num contexto mais amplo e que perdure – perene mesmo – como se almeja.

Foi com essa espécie de olhar translúcido – que larga as cataratas aprisionantes no solo pisado e passado dos radicalismos de estreitas visões – que me embrenhei num mês e numa semana rica e continuadora de acontecimentos artísticos, numa Natal que já não se aceita totalmente provinciana, que abre novos espaços. Acontecimentos de toda ordem, de toda natureza, prontos para serem sorvidos em haustos sôfregos ou em goles, tragos mais lentos e mais saboreados e curtidos, mais refletidos.

Em primeiro plano de impressões, percebo que os diversos lançamentos literários nos mostram pujança e renovação qualitativa e quantitativa no campo editorial local e qualidade crescente no nosso meio autoral diversificado. Alguns petardos editoriais me chamaram especial atenção por esses dias, cada um tocando em tema e análise especial e mui distintos. Já falei por aqui do excelente “Delírio Urbano” – de uma histórica e heróica turma dos anos 80 e de antes/depois – uma beleza muito bem cuidada por Abimael Silva, do Sebo Vermelho. Abimael também nos trouxe há poucos dias uma obra do jornalista Alex de Souza intitulada “Moacy Cirne: Paixão e sedução pelos quadrinhos”, mostrando que Moacy era mesmo um talento múltiplo e irradiador, sendo referência nacional mais do que meramente potiguar.

E outros autores vêm se juntar à turma dos que recentemente publicaram em livro: O dramaturgo e poeta Junior Dalberto nos traz um sensível “Leveza Infinita”, poemas editados pela CJA Edições; o médico e escritor Damião Nobre nos presenteia a todos com um delicioso “Radiola – Conversa de Música”, pela Sarau das Letras dos competentes Clauder Arcanjo e David Leite; o professor, livreiro e escritor Lima Neto põe à mesa “Palavras e seus sabores”, pela editora “Máquina”; a professora universitária e jornalista Josimey Costa nos agrada com “Quase conto”, onde conta e apronta bem com as letras recolhidas e organizadas pela EDUFRN; finalmente, o igualmente professor e ativista napolitano/natalense Antonino Condorelli, nosso “herói de dois mundos”, entrega-nos o intrigante e muito bem urdido “O pequeno homem das montanhas – Dersu Uzala: Ecologia, semiótica e arte”, num caderno de textos reunidos pela “Fortunela Casa Editrice”, do nosso multimidiático Sandro Fortunato. Recomendo, pois, todos os livros acima citados, para a elaboração de uma visão circular exemplificativa de nossa produção literária atual. É claro que tem muito mais. Muito mais virá.

E essa também foi uma semana em que pude sorver a boa música popular e a boa música erudita. O Prêmio Hangar, capitaneado pelo dinâmico e batalhador Marcelo Veni, foi exemplo palpitante da primeira, merecendo producente continuidade e feliz aperfeiçoamento sempre, fortalecendo nossos artistas da “Música Potiguar Brasileira” e reconhecendo os talentos e referências doutras plagas. Quanto à música erudita, nada melhor do que ter encerrado a semana com o cada-vez-mais-Maestro André Muniz regendo o primeiro movimento do Concerto nº 2  para piano e orquestra de Prokofiev, na vitoriosa Escola de Música da UFRN, com a solista internacional (croata) Masa Novosel  ao piano. Até porque os ouvidos também precisam ser “circulares” e colher os melhores sons, tanto daqui como dacolá.

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