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A fábula dos dragões

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Luiz Carlos Merten
AE

Desde o primeiro Shrek, a DreamWorks não acertava tanto a mão numa animação. O primeiro Como Treinar Seu Dragão já era bom, mas muitos críticos acharam que o estúdio, depois de exercitar a veia satírica e um vasto arsenal de referências na saga do ogro, recuara para um padrão mais ‘Disney’. Era uma afirmação discutível que agora o diretor Dean DeBlois desmonta em Como Treinar Seu Dragão 2. Depois de reverter a animosidade dos vikings contra dragões, o pequeno Soluço enfrenta agora seu maior desafio – ele terá de provar que tem condições de liderar seu povo.
Soluço e seu dragão Fúria da Noite vivem novas aventuras e emoções inesperadas
Poderia ser só mais uma fábula de superação, mas a ambição de DeBlois é maior.

Dragão 2 busca um aprofundamento dos personagens, e de suas relações. E se a ausência da mãe pesava no outro filme, agora ela volta para testemunhar o filho sofrer outra perda – e amadurecer como homem. Tudo isso com técnica impecável e uso adequado do 3D, em cenas vertiginosas como a disputa esportiva do começo. OK,

Dragão 2 passou fora de concurso no recente Festival de Cannes. Mas sua sessão de gala, à tarde, com direito a tenue de soirée, foi uma das mais aplaudidas. Durante e após a projeção. E os jornalistas de todo o mundo não estavam só curtindo sua hora de recreio.

Já virou lugar-comum dizer que o desenvolvimento técnico chegou a um grau de perfeição cênica que hoje filmes de animação ficaram tão realistas que estão se confundindo com as live actions. O personagem pode ser um rato que sonha ser chef ou um garoto que treina um dragãozinho estropiado. A possibilidade de interação do público com esses personagens centuplicou. É preciso ser muito retrógrado para olhar esses filmes – e histórias – como o público via Branca de Neve e os Sete Anões, clássico da Disney, no passado. O próprio conceito de animação como filme infantil tem sido contestado. As crianças continuam sendo o alvo, mas, na Pixar, John Lasseter e seus amigos admitem que, cada vez mais, pensam os roteiros para os adultos.

Jerry Katzenberger, o todo-poderoso CEO da DreamWorks, sabe que há uma diferença entre o ‘sério’ cinema de Cannes e o circo da Croisette. Não existe lugar melhor no mundo para garantir a mídia de um filme. Entre outras coisas, ele contou que Cressida Cowell, a criadora do ‘dragãozinho’, escreveu 11 livros relatando as aventuras de Soluço e seu parceiro, Fúria da Noite. “Existe toda uma gama de situações, de subtramas e personagens que podem ser utilizadas. Dean (o diretor DeBlois), ao selecionar uma coisa e integrá-la aos roteiros que escreve, sabe que está desistindo de outra. O bom é que ele consegue pensar com clareza. Como sua meta é compor uma trilogia, chegando ao Dragão 3, ele sabe a rota que tem de seguir. Não estamos tateando atrás de um novo sucesso.”

A sacada do diretor e roteirista DeBlois consiste em buscar áreas mais sombrias de seus personagens. Para além do universo conhecido por Soluço – e pelos habitantes da ilha de Berk -, há uma caverna em que o sinistro Drago coleciona dragões, inclusive o maior de todos. Esse super-dragão controla as mentes de todos os demais, e vai tentar controlar a do próprio Fúria da Noite. Conseguirá? “O público evoluiu e hoje as próprias crianças assimilam com muito mais rapidez e propriedade ideias que antes lhes eram vetadas. Não quero assassinar a infância de ninguém, só espero que as minhas fábulas, e as de Cressida, tenham encanto e magia para atrair o público de todas as idades.”

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