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A geometria viva de Luiz Dolino

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Yuno Silva
Repórter

A arte geométrica do artista plástico Luiz Dolino aporta em Natal nesta sexta-feira (27). Carioca de Macaé, Dolino traz na bagagem obras de uma nova série ainda inédita no Brasil para compor exposição individual em cartaz na loja de arquitetura e decoração Officina Interiores. O vernissage está marcado para amanhã, às 19h, e a visitação permanece aberta ao público até o final do mês de dezembro. Na ocasião, ele aproveita o embalo para apresentar o novo catálogo “A Fantasia Exata”, ilustrado por reproduções e textos críticos sobre seu trabalho.
Luiz Dolino transita pelo geométrico e se identifica com a estética das pinturas utilizadas por grupos indígenas de Pindorama
Serão exibidos 16 trabalhos, 14 deles em grande formato (1,30m por 1,50m), criados entre 2013 e 2014 com as técnicas acrílico e emulsão metálica sobre tela. As pinturas, todas à venda, fazem parte de uma nova série ainda inédita no Brasil. “Essas obras fazem parte de um acervo de 30 obras, já vistas em Portugal, na Áustria e na Bélgica”, disse Dolino, 70, em entrevista ao VIVER. “Espero que o público de Natal se interesse pela linguagem que venho desenvolvendo nas últimas três décadas”, emendou.

Inspirado pelo próprio trabalho, pela música e pelas criações do brasileiro Eduardo Sued, 90, e do norte-americano Mark Rohtko (1903-1970), Dolino transita pelo geométrico e se identifica com a estética das pinturas utilizadas por grupos indígenas de Pindorama. “Há um paralelo óbvio entre a composição musical e a estrutura geométrica, pois tudo é regido pelo esplendor da linguagem própria da matemática. Meus trabalhos partem de raízes facilmente identificadas com a decoração de objetos e do próprio corpo de nossos grupos indígenas”, explica.

A linguagem explorada por Dolino está submetida ao rigor requerido pela expressão estética em questão, “na qual artistas brasileiros têm se sobressaído cada vez mais em todo mundo. Digo assim com muita segurança, pois eu mesmo tenho anotadas no meu currículo exposições em mais de 40 países”, afirmou o artista, que citou o nome do potiguar Abrahan Palatnik, 87, “mestre da Arte Cinética no Brasil”, como uma de suas referências. “Referência, inclusive, para todas as gerações que vêm lhe sucedendo”, acrescenta.

Dever cívico
Esta é a segunda vez do artista carioca no Rio Grande do Norte, em 2009 Luiz Dolino esteve em Natal para lançar o livro “Mágico Aprendiz”, que reproduzia pinturas realizadas entre 2000 e 2008 – com exposição na galeria da Fundação Capitania das Artes. “Naquele ano choveu muito durante os oito dias que permaneci na cidade, e pouco pude desfrutar”, lembrou. Dessa vez o artista, que fica em solo poti até domingo (29), terá mais clima para um banho de mar: a previsão para os próximos dias é de tempo bom e muito sol.

Foi nessa sua primeira visita que conheceu o trabalho desenvolvido por Renato Raposo no domínio da arquitetura de interiores em 2009. “Fiquei positivamente surpreso com suas propostas ousadas”, destacou. Luiz Dolino e a família Raposo se conheceram na África, onde o artista morou entre 1984 e 87 – antes o carioca havia passado mais de uma década (1973-84) vivendo em países da América Latina como México e Argentina. “Os Raposo são uma extensão da minha família, e expor na Officina Interiores é quase um dever cívico”, valorizou.

Renato é sócio de Érika Raposo e da arquiteta Clarissa Lira Alves na Officina Interiores, onde as obras estarão ambientadas em harmonia com o mobiliário contemporâneo da loja.

Quando questionado se acredita na necessidade da arte ter de ser entendida e/ou explicada para ser melhor apreciada, ele é enfático: “Arte é expressão. Portanto, precisa ser sentida. E para isso não é necessário grandes aparatos intelectuais. Basta a sensibilidade. Afinal, o gosto é soberano”.

Sobre o atual da arte contemporânea, ressalta “que a liberdade é o maior valor, assim sendo podemos experimentar tudo aquilo de que sentimos falta ou necessidade. No meu caso, sinto que estou ainda bebendo de uma fonte generosa, respeitando cânones consagrados que abastecem o meu espírito. Não sinto a necessidade de seguir a impulsos especulativos. Mas respeito a inquietude alheia”.

Roteirista
Paralelo à atuação como artista plástico, Luiz Dolino também escreve argumentos e roteiros para o cinema e televisão. “É um ofício paralelo. Até recentemente fui Diretor-Presidente da TV Escola, canal a serviço do Ministério da Educação – MEC. Ali, entre muitos afazeres, atuei na inspiração e condução de toda a programação. Também escrevo argumentos e desenvolvo roteiros, em geral vinculados a obras literárias”, disse.

Entre seus trabalhos mais recentes, ele destaca a adaptação de “Macunaíma”, clássico de Mário de Andrade, para filme de animação. “Roterizei filmes de longa-metragem do Walter Lima Jr (de “Ele, o boto” e “A ostra e o vento”) e agora estou envolvido na produção de 42 episódios sobre as cadeiras da Academia Brasileira de Letras para uma série a ser veiculada no canal Curta”.

Serviço
Abertura da exposição de Luiz Dolino, esta sexta (27), às 19h, na loja Officina Interiores – Av. Hermes da Fonseca, 971, Tirol. A visitação é aberta ao público e segue em cartaz até o fim do mês de dezembro.

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