A história já provou várias vezes ser um dos componentes mais ricos da literatura. Bom ponto de partida para muitos romances, ensaios e demais narrativas literárias, a “aventura” humana é fonte inesgotável de boas ideias que chegam às prateleiras. “A ilha de Darwin – Galápagos em um jardim da terra” (Ed. Record, 576 páginas), do professor e jornalista inglês Steve Jones, é um ensaio sobre Charles Darwin, um dos mais célebres cientistas que o mundo já conheceu – ou quase. O livro proporciona uma visão mais íntima sobre o cotidiano e as ideias do homem que desvendou a evolução da vida na terra.
“A ilha de Darwin” revela um olhar sobre a vida familiar e a personalidade do naturalista, ressaltando a Grã Bretanha como a sua outra ilha, o lugar onde construiu sua reputação e um território de descobertas tão importantes quando as ilhas Galápagos. Jones – que é professor de genética na University College London e colunista do Daily Telegraph – esclarece detalhes sobre a vida da figura mais ilustre da biologia e traz seus trabalhos à luz da atualidade.
Embora “A origem das espécies” (que completou 150 anos em 2009) seja o trabalho mais conhecido de Darwin, ele acaba por ofuscar a genialidade de outros trabalhos do cientista. Poucos sabem, por exemplo, que ele passou mais de quarenta anos trabalhando com as plantas, os animais e as pessoas mais próximas dele, na Inglaterra, e escreveu 19 livros e incontáveis cartas sobre assuntos variados como cachorros, plantas carnívoras, minhocas, orquídeas, símios e emoções humanas. Juntos, esses estudos traçaram os fundamentos da biologia moderna.
De uma pesquisa longa e variada, o que mais ficou conhecido foi sua viagem com o navio Beagle (uma jornada de cinco anos) e sua visita às ilhas Galápagos, que só durou cinco semanas. Após seu regresso para a Inglaterra, Darwin não viajou mais. O Beagle cruzou cerca de 48 mil quilômetros do oceano. No entanto, as jornadas pelo território britânico percorreram quase a mesma distância. Sua obra sempre esteve associada ao lugar onde ele se encontrava, fosse numa floresta tropical ou num bairro residencial. Muitos de seus ensaios nasceram das incursões às ilhas britânicas. O Darwin doméstico e menos conhecido é um personagem tão fascinante quanto as suas descobertas.
Em “As paixões intelectuais – Vol.3: Vontade de poder (1762-1778)” (Ed. Civilização Brasileira, 392 páginas), a filósofa Elisabeth Badinter propõe uma análise sobre a sociedade do século XVIII, compondo um detalhado retrato das relações pessoais e intelectuais dos eruditos da época. Dividida em três volumes, a obra abrange o período do Iluminismo que vai de 1735 a 1778, e as diferentes paixões que dominaram seus filósofos.
O livro analisa a mudança do comportamento intelectual da época. No século XVIII, os elogios dos colegas intelectuais não eram mais suficientes para eles; os desejos de glória, a busca da grandeza e a vontade de poder são as grandes paixões que agitam os pensadores do Século das Luzes. Foi o período que assistiu ao desenvolvimento do poder da imprensa e, com ela, o tormento da celebridade. “Vontade de poder” descreve a grandeza e a decadência dos homens de letras parisienses, desde sua benção pelos soberanos, até o desaparecimento causado pelas reformas.
Um dos episódios mais marcantes da história do Brasil, a Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha) ganhou em “Os varões assinalados” (Ed. Record, 574 páginas), a sua tradução mais interessante para o romance histórico. O livro do escritor e cineasta gaúcho Tabajara Ruas, lançado originalmente em 1985, ganhou nova edição caprichada. Ele recria as lutas e as batalhas da mais longa guerra civil ocorrida no país (de 1835 a 1845), a partir da história de personagens reais e lendários. Tabajara acompanha a trajetória de nomes como Bento Gonçalves e o general italiano Giuseppe Garibaldi, sem recorrer a julgamentos morais fáceis nem tirar sua humanidade. É apenas gente comum fazendo a história do Brasil.
