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A invasão tecnobrega

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Tádzio França – repórter

Uma batida sincopada e rápida, timbres safados de sintetizador, latinidade, dance music populista, letras sobre amor, festa, sexo,  cotidiano da periferia e algo mais. Até pouco tempo, o produto desses ingredientes era uma exclusividade dos gigantes bailes de aparelhagem tão comuns em Belém, capital do Pará. Mas o chamado tecnobrega, um segredo bem guardado do norte, foi descoberto pelos consumidores de música pop de todo território nacional, e dá sinais de que pretende dominar as paradas.
A Banda Uó usa o tecnobrega como referência pop e volta a Natal para lançar o primeiro disco, "Motel", que aponta novas sonoridades para o seu som
Natal parece pronta para entrar na dança. Nesta sexta, a goiana Banda Uó se apresenta em Natal com o primeiro disco na bagagem e o status de cult entre os mais antenados. E até o fim do ano, nomes como Gaby Amarantos – a primeira estrela do gênero, cujo show foi adiado em Natal sem nova data definida – e a Gang do Eletro deverão dar as caras nos palcos e festivais natalenses.

O regionalismo moderno do tecnobrega surgiu como fenômeno local no início dos anos 2000. Começou a partir das experiências de DJs e artistas dos bailões da periferia de Belém que foram juntando tudo que o povo gostava de dançar, e criando um som novo. Entraram no liquidificador sonoro elementos de música brega tradicional, carimbó, lundu, calypso, música eletrônica e as famosas guitarradas. Ao juntar tudo em ritmos eletrônicos programados, nascia o tecnobrega. A princípio tido como “exótico” demais para os paladares não paraenses, foi aos poucos conquistando novos ouvintes e influenciando outros artistas. O próximo passo de dança era atravessar a fronteira.

ESTRANGEIROS NO TECNOBREGA

A Banda Uó, que se apresenta hoje no Megga Club, em Cidade Verde, foi um do primeiros “estrangeiros” a vestir o batidão sintético do tecnobrega e espalhar seu groove por outros territórios além das aparelhagens paraenses. O trio de Goiânia formado por Mateus Carrilho, Davi Sabbag e Mel Gonçalves começou no início de 2011, fazendo versões em português de hits do pop americano, aplicando a batida do tecnobrega por cima. Foram o caso dos sucessos “Shake de amor” e “O gosto amargo do perfume”. No começo era só uma brincadeira de festa mas, quando foi parar na Internet…a velha história de hoje em dia: estourou.

Na mesma velocidade, o trio Uó pôs a batida do tecnobrega nas pistas mais descoladas do país. Em 2011, lançou o EP “Me emoldurei de presente pra te ter”, e neste ano pôs no Youtube o seu álbum de estreia, “Motel”, que aponta novas direções para o som da banda. “Na verdade, a gente nunca se declarou uma banda de tecnobrega. O novo disco deixou nossa veia pop mais evidente, e procuramos fazer várias misturas pra deixar a música mais rica”, afirma a vocalista Mel (no centro da foto), em entrevista ao VIVER. Ela ressalta que o show será ainda mais animado que o do ano passado, na Ribeira. “Agora temos novas músicas, mais bagagem, e mais performances pra fazer o povo dançar”, afirma.

A primeira música de trabalho do novo disco, “Faz uó”, já roda bem nas festas desde julho. “Motel” contou com vários produtores e participações, como o americano Diplo, Bonde do Rolê (padrinhos da banda), Preta Gil, e o DJ Waldo Squash, da banda paraense Gang do Eletro. Apesar de não se limitar ao brega eletro do Pará, Mel sabe que o sucesso do grupo teve responsabilidade na maior aceitação do gênero. “A gente tornou o som mais abrangente, e pessoas que não ouviriam esse tipo de música passaram a gostar. O tecnobrega ainda faz parte de nós, mas apenas uma das referências”, diz.

Mel Gonçalves afirma que a Banda Uó nunca foi acusada de “roubar” o som paraense para fazer sucesso. “Nunca sofremos esse tipo de acusação, porque a gente não roubou nada, apenas pegamos como uma referência. Foi tudo numa boa. Temos até uma boa relação com os músicos originais do tecnobrega, já que o DJ da Gang do Eletro contribuiu para nosso disco novo e foi ótimo, adoramos o som dele”, afirma. O radar da Banda Uó nunca deixou de se ligar no Pará. “A Gaby Amarantos faz parte das nossas influências, entre outros. O tecnobrega vive o seu momento, e gostaríamos muito que ele se mantivesse no topo. Vamos acompanhar”, afirma. O grupo é uma das atrações do badalado Festival Planeta Terra, dia 20 de outubro, em São Paulo.

GABY AMARANTOS E GANG DO ELETRO

Gaby Amarantos pôs o tecnobrega na abertura da novela. Tem 10 anos de carreira nos palcos paraenses, mas virou estrela da cena desde o lançamento de seu primeiro CD solo, “Treme”. O show que ela faria em Natal no próximo dia 28 de setembro, no Teatro Riachuelo, foi cancelado – ou “adiado”, conforme o produtor local Alexandre Maia. “Motivos pessoais da cantora levaram ao adiamento. Teremos uma nova data, ainda a confirmar”, disse.

Mesmo sem data definida para estrear em Natal, Gaby Amarantos está em todas. Além da música na novela “Cheias de charme”, pode ser vista em vários programas televisivos, sendo tocada nas pistas de dança, e fazendo shows pelo País. A cantora emplacou “Xirley” e “Ex my love”, e tem fôlego para mais. No começo, era vendida como a “Beyoncé do Pará”, mas mostrou que o tecnobrega tinha mais a oferecer. É momento de ver até onde o abalo de “Treme” poderá levar a diva tecnobrega.

A Gang do Eletro é o atual nome de ponta para levar o tecnobrega às esferas pop nacionais. O grupo formado em 2008 pelo DJ Waldo Squash e o cantor Marcos Maderito está cotado para participar da nova edição do Festival Música Alimento da Alma (Mada), nos dias 19 e 20 de outubro. A mistureba sonora da banda vem sendo chamada de ‘eletromelody’, junção de tecnobrega, electro, house e música caribenha. A música “Galera da laje” é o primeiro hit. Waldo, aliás, produziu as batidas para o “Treme” de Gaby Amarantos. O grupo já foi matéria em veículos como a Rolling Stone, MTV, Billboard, O Globo, Revista Vice e os internacionais The Wire e MTV Iggy.

Serviço: Festa Megga Uó, com Banda Uó e DJs. Sexta, às 22h, no Megga Club, Cidade Verde (antigo Espaço 21). Preço: R$20. Antecipadas na Chillibeans do Midway Mall.

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