sexta-feira, 26 de abril, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 26 de abril, 2024

A memória do poder potiguar

- Publicidade -

Yuno Silva
Repórter

Foram necessários onze anos de pesquisas, e muita dedicação, para a equipe coordenada pela jornalista Bernadete Oliveira dar forma ao Memorial Legislativo do RN. O espaço cultural que guarda a memória do poder legislativo do Estado ainda não abriu suas portas ao público, a inauguração está prevista lá para o mês de novembro, pós-eleições, mas certamente o lugar irá surgir como fonte e ponto de partida para interessados em conhecer o passado recente dos meandros políticos que permeiam a história dos papa-jerimuns. “Estamos na fase dos finalmentes”, garantiu Bernadete entre documentos, fotografias e objetos que remontam uma trajetória iniciada ainda no século 19.
Ponto de partida para interessados em conhecer o passado recente dos meandros políticos do Estado, Memorial do Legislativo Potiguar está pronto para inaugurar na rua São Tomé, Cidade Alta
Curiosidades sobre a Assembleia Legislativa não faltam, como as fotos e o discurso (de posse e despedida) que registraram os três dias de mandato do historiador Câmara Cascudo como deputado Estadual em outubro de 1930 – as Assembleias de todo o Brasil foram dissolvidas por Getúlio Vargas (1882-1954) durante a Revolução de 1930. “Fui nomeado, assumi dia 1º de outubro, no dia 3 veio a Revolução e acabou o meu mandato. Não tive tempo de salvar nem perder o Brasil”, declarou Cascudo na ocasião.

O visitante também terá acesso a objetos pessoais de políticos famosos, que hoje emprestam nomes a ruas, avenidas e praças; detalhes do pioneirismo feminino na política nacional; as primeiras ATAs (desde 1835); as quatro constituições do RN, de 1936 a 1989; a presença da igreja na formação da primeira bancada legislativa, onde dos 20 deputados nove eram padres; e informações dos 11 endereços ocupados pelos parlamentares antes da construção da atual sede, o Palácio José Augusto,  na Cidade Alta, inaugurada em 1983.

#SAIBAMAIS#Informações sobre a visita de Vargas e do presidente norte-americano Franklin Roosevelt a Natal durante a 2ª Guerra, entre outros fatos históricos, serão abordados sob novo prisma.    

“Nossa meta é que o Memorial possa interagir com a sociedade. Teremos visitas guiadas para receber o público e roteiros para atender escolas e universidades, além dos terminais para pesquisadores consultarem o acervo digitalizado”, disse Bernadete Oliveira, diretora do Memorial Legislativo, criado oficialmente através da resolução parlamentar número 55/2009.

Ela informou que o acervo está em constante expansão, pois o Memorial permanece aberto a doações de políticos e familiares de políticos interessados em contribuir com a construção dessa história – sem falar na possibilidade de ser o nome imortalizado com a chancela de um museu. “Algumas pessoas ainda não entenderam a importância desse Memorial e acabam dificultando o acesso a boa parte dessa memória”, lamenta.

Entre os maiores doadores do Memorial Legislativo estão o ex-deputado Lauro Bezerra, 81, irmão do ex-Senador Fernando Bezerra e filho de João Bianor Bezerra; e seu primo Kleber Bezerra, filho de Theodorico Bezerra (1903-1994), um dos últimos típicos coronéis do Nordeste. “Lauro, inclusive, está escrevendo um livro sobre as histórias da AL/RN cuja renda com as vendas serão revertidas ao Memorial”, disse a diretora.

Missão cronológica
Bernadete Oliveira começou a pensar na criação do Memorial Legislativo após incursões no arquivo da AL/RN, e a partir de exemplos vistos nos estados vizinhos de Pernambuco, Ceará e Paraíba. “Não queria trabalhar confinada em um gabinete, e quando visitei o arquivo percebi que havia muito trabalho a ser feito para aquele material não ficar restrito. Assumi esse projeto como um filho”, destacou Bernadete, do alto de seus 29 anos como servidora da AL/RN. A jornalista divide a tarefa de formatar o Memorial com a arquiteta Nara Rosado, que assina o projeto expositivo.

Entre as missões está a reconstrução da cronologia da Assembleia Legislativa de 1835, data em que deixou de ser Provincial (período entre 1826-1835), até 1947, quando as decisões e trâmites passam a ser sistematicamente documentados – está nos planos da coordenação do Memorial Legislativo a reedição do livro “Uma História da Assembleia Legislativa do RN”, de Câmara Cascudo, publicada em 1971.

Onze sedes da Assembleia Legislativa

41834 – Igreja Matriz Nossa Senhora da Apresentação
41835 – Antiga Casa de Câmara e Cadeia (demolida)
41837 – Sobradinho (imóvel onde hoje funciona o Museu Café Filho)
41866 – Antigo Atheneu Norte-riograndense (atual Secretaria Municipal de Tributação – Semut)
41873 – Palácio Potengi
41906 – Palacete da Junqueira Aires (hoje sede da OAB)
41920 – Antigo Natal Club, na Rua João Pessoa (demolido)
41922 – Retorna ao Palacete da Junqueira Aires
41947 – Teatro Alberto Maranhão
41947 – Palácio Amaro Cavalcanti (atual Tribunal de Contas do Estado)
41963 – Sindicato dos Contabilistas, na Cidade Alta (próximo a Praça André de Albuquerque)
41967 – IPE, na Rua Jundiaí
41983 – Palácio José Augusto, na Praça Sete de Setembro

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas