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A multidão que habita Ana Cañas

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Multidão, esconderijos e meninas passeando com cachorros interessam a Ana Cañas. Ela que faz da voz um mundo, chamou a  atenção – logo no primeiro disco “Amor e Caos” (2007) – de compositores importantes como Chico Buarque, Toquinho e Seu Jorge. É com seu segundo trabalho intitulado “Hein?” que ela chegará aos palcos do Mada ainda este mês.

Jazz, rock, poemas e um tanto de influências fortes como  Nina Simone, Billie Holiday, Sarah Vaughan, John Coltrane e Miles Davis vieram rodar em seus pensamentos depois que Ella Fitzgerald  começou a girar na vitrola da sua existência. Isso aconteceu aos 22 anos, quando ainda imaginava que trabalhar com artes cênicas fosse o seu destino.

Com seus lábios quase sempre pintados de vermelho encarnado, Ana tem os olhos vivos e os ouvidos afinados. E ela transcende, carrega em sua força composições que mereceram prêmios e capas de jornais e revistas pelo Brasil afora. Paulistana de berço, a metrópole é sua inspiração e ela vai além. Faz do som dos pássaros e o cantarolar baixo de uma criança, mote de canções novas e futuras. É assim que Ana se constrói, entre um gole de vinho, a audição de Arnaldo Antunes, leituras de poemas e a lembrança de fazer dos palcos dos bares de São Paulo o seu impulso inicial. Contralto, 28 anos e um mundo pela frente, Ana não deseja muito. Apenas que as pessoas se interessem em ouvi-la. Confira a entrevista:

Conte um pouco do teu processo de criação do disco novo “Hein?”. O que prepara para o Mada?
Estamos super empolgados porque é meu primeiro show na vida em Natal. Participar do Mada é muito bacana porque é um festival que abraça todo tipo de espectador e todo tipo de música. A gente vai tocar além do disco novo, algumas versões de músicas conhecidas de Raul Seixas, Led Zeppelin, Cazuza e Rita Lee, compositores que eu tenho afinidade.  O processo de composição do “Hein?” aconteceu depois de ouvir muito a frase “seu show é melhor que o disco” e comecei a perceber o que faltava no disco. Isso me preocupou, o que se revelava no palco e eu não alcançava no disco. Cazuza, Itamar Assumpção, Gilberto Gil “Rock é nosso tempo”, foram fichas que foram caindo pela estrada. A escolha de Liminha tem a ver com isso, ele tocou nos Mutantes, que é uma banda que não se fechou no rock enlatado. E Liminha foi a peça chave. Ele é um cara que tem um movimento no rock e trabalhou com figuras que admiro muito como o Chico Science e grandes nomes e foi uma figura que se envolveu com as minhas ideias e o processo, apesar de ter ficado com a pegada mais rock, tem outras cores, tem pop, jazz, blues e por aí vai.

E Arnaldo Antunes?
Sou fã de Arnaldo desde os Titãs, sempre tive uma identificação muito grande com ele. Sonhava em ser parceira dele, mas passava longe das minhas esperanças. E Liminha foi o responsável por esse encontro. Eu tinha algumas músicas que eu tinha feito, mas não tinha uma letra construída e o Arnaldo de uma forma muito fácil, muito natural ele desenvolveu letras para o disco de uma maneira muito rápida, isso foi de uma sensibilidade ímpar.  Ele é muito fértil, joga a semente e ele aterra. Fez toda a diferença no disco, porque ficou com minha personalidade sem perder a assinatura dele.

Depois que você ouviu Ella Fitzgerald aos 22 anos, sua vida mudou. Como aconteceu isso?
Ella foi importante, porque até aquele ponto minha ligação com a música era muito radiofônica. Eu não conhecia Jazz, nem Bossa Nova, mas consumia o Pop, era uma inércia, como acontece com muitos adolescentes. Na minha época ainda se tocava Michel Jackson, conheci muitas bandas boas na rádio e hoje está um pouco mais complicado. Eu não sabia o que era uma harmonia e uma melodia, para mim a música era um entretenimento e percebendo a Ella tive essa noção da grandiosidade da música e percebi que a voz dela criava melodias. A percepção através do jazz modificou bastante.

E antes da música, você chegou a se formar em Artes Cênicas pela USP?
Todo meu envolvimento com arte era com Teatro, sou formada em Artes Cênicas pela USP e meu envolvimento vinha muito com a licenciatura, lecionava na periferia de São Paulo, tinha muita ligação com dramaturgia, com direção. Atriz não era minha viagem.  Sou formada mas não exerço. Achava importante ter um curso superior. Antes o prédio de música era ao lado do prédio de música, e eu não conseguia prestar atenção na aula porque viajava pelo trompete. Gosto de arte em geral, tenho interesse por artes plásticas, literatura, fotografia, mas a música é meu grande amor.

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