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A palavra em concerto

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Yuno Silva (*)
Repórter
Colaborou: Cinthia Lopes
(Editora)

A programação do Festival Literário de Natal (FLIN), que em 2014 chega a sua segunda edição, reúne autores de várias partes do Brasil para uma maratona de debates, palestras, recitais e atividades ligadas de alguma forma às letras. O evento movimenta a Praça Augusto Severo, na Ribeira, de 6 a 8 de novembro, e a abertura está sob a batuta do autor cearense Ronaldo Correia de Brito. Radicado no Recife, Ronaldo é romancista, contista, dramaturgo e documentarista, atividades que ele concilia com o trabalho de médico psicanalista, e em Natal irá apresentar a aula-espetáculo “Concerto Leitura”.
Escritor Ronaldo Correia de Brito transforma a leitura numa  experiência musical, na abertura do Festival Literário de Natal
O formato do “Concerto Leitura” foi pensado em 2013, durante participação do escritor em um evento literário na França. Durante a performance, Ronaldo intercala a leitura de textos com músicas executadas ao vivo, criando um clima favorável capaz de incentivar a leitura e fixar conhecimento. “A diferença desse encontro aí em Natal para outros que já fiz é relativo ao conteúdo: como vamos trabalhar com estudantes do ensino médio, estou levando textos de Cascudo e canções populares”, disse o autor por telefone em entrevista exclusiva ao VIVER. Ronaldo estará acompanhado pela banda do músico e compositor Tomás Brandão na quinta e na sexta à tarde, a partir das 16h, na tenda principal.

Vale lembrar que em 2013 ele também esteve no FLIN, dividindo com o escritor Rubens Figueiredo mesa sobre o tema “Ficção, História e Memória: Caminhos Cruzados”. Além de Ronaldo Correia de Brito, o FLIN 2014 ainda traz nomes como Guilherme Wisnik (que irá traçar paralelo entre literatura e arquitetura); Arnaldo Antunes, que virá falar exclusivamente sobre literatura; a dobradinha poética e musical de Jorge Mautner e Ben Gil; Antônio Cícero; Adriana Calcanhotto (que fará show intimista); o compositor Cid Campos apresentando o trabalho infanto-juvenil “Criança, Crionça”; Eucanaã Ferraz; e Mário Magalhães. O Festival Literário de Natal, FLIN, é promovido pela Prefeitura do Natal, dentro do Natal em Natal 2014.

Ronaldo como irá funcionar o Concerto Leitura aqui em Natal?
Esse trabalho foi apresentado pela primeira vez na França ano passado, e como estarei conversando com um público formado por professores e estudantes adaptei o conteúdo. Vamos, eu e a banda, trabalhar textos de Câmara Cascudo e canções populares de domínio público. A intenção é aproximar o público da literatura e mostrar que conhecimento também se constrói a partir de canções, com abordagens divertidas. Acredito que assimilar conhecimento a partir da linguagem oral seja bem mais fácil e interessante, além de servir como porta de entrada para a parte escrita. Queremos mostrar às pessoas que aprender de forma prazerosa faz toda a diferença.

E como será a dinâmica da atividade?
Funciona como uma aula-espetáculo, tão bem propagada por Ariano Suassuna (1927-2014), que se abre para participação do público e o resultado é construído ali na hora, de forma colaborativa. Não temos como aprofundar os assuntos, afinal estão previstos dois encontros com expectativa de 300 pessoas cada, por isso vamos focar em apresentar a literatura de forma divertida.

Além da literatura, você também é envolvido com cinema, televisão… Quais os novos projetos te envolvem no momento?
Fiz a curadoria para uma nova série de televisão chamada “Contos que vejo”, produzida aqui em Pernambuco, que irá exibir versões audiovisuais para cinco contos – cada conto terá quatro capítulos e será dirigido por um diretor diferente. Um conto meu também está na lista e será dirigido pelo Marcelo Gomes (de “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Madame Satã”) com roteiro do Hilton Lacerda (de “Tatuagem”, “Árido Movie” e “Amarelo Manga”). O próprio Hilton também irá dirigir outro programa. O Cláudio Assis (de “Baixio das Bestas” e “Febre do Rato”) também está envolvido.

E os curtas franceses inspirados no seu livro de contos “Faca”, lançado em 2003?
Pois é, tem esses curtas também. Este ano estive em um festival de cinema na França, que homenageou o Brasil e todo ano destaca um autor do país homenageado, e meu nome foi escolhido. Selecionaram o livro “Faca”, que tem tradução em francês e serviu como base para um concurso de roteiros. O evento subsidia a realização do roteiro vencedor, mas os quatro finalistas já disseram que vão produzir os curtas. Então, no próximo ano, espero assistir esses filmes.

E a série internacional de animação?
Esse é um outro projeto para televisão e envolve vários países. A proposta é criar uma série de animação infanto-juvenil a partir da adaptação de quatro peças minhas voltadas a esse perfil de público: “Baile do Menino Deus” (1983), “O pavão misterioso” (1985), “Arlequim” (1989) e “Nascimento da bandeira” (2007).

Seu romance “Galileia” também vai virar filme?
Olha, os direitos já foram vendidos, mas a produção ainda não começou. Nessas horas sigo o conselho de Luiz Fernando Veríssimo do autor “que vende caro os direitos, não participa da produção, não opina no roteiro e não assiste o resultado”. [risos]

E no campo literário, novidades na área?
Tenho um livro novo de contos já no prelo, devo lançar ainda este ano. Depois desse lançamento estarei dedicado a um novo romance.

Esses novos projetos já tem nome?
Não, não. O nome é sempre a última coisa que aparece, é sempre um mistério. [risos]

E quanto ao romance, está no começo, você já tem o argumento?
Tenho sim, está bem adiantado, mas deixa o romance dormindo quietinho, agora estou concentrado nesse novo livro de contos. [risos]

No seu livro “Estive lá Fora” (2012) você ambienta sua história no período da ditadura Militar. Partindo desse contexto, qual sua opinião sobre essa onda de protestos que pedem intervenção militar no país?
Tenho escrito bastante sobre esse assunto, e é preciso estar atento pois os oportunistas, como Hitler e outras figuras controversas, surgem em meio ao caos instalado. O importante é não fomentar a discórdia, o ódio e a mentira. Democracia se constrói com debate, oposição de ideias e respeito, Prego o diálogo e a união, e lembr que países como a antiga Iugoslávia foram divididos com o crescimento da intolerância. Estive na oposição ao regime militar e fico muito preocupado ao ver gente esclarecida compartilhando nas redes coisas absurdas, insanas.

Obra publicada

Romance
Galiléia – 2008
Estive lá fora. Rio de Janeiro: Alfaguara: 2012.

Conto
Três Histórias
na Noite – 1989
As noites e os dias – 1996
Faca – 2003
Livro dos Homens – 2005
Retratos imorais. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2010.

Teatro
Arlequim de carnaval – 1991 – with Francisco Assis Lima
O Baile do Menino Deus – 1995 – with Francisco Assis Lima
Bandeira de São João – 1996 – with Francisco Assis Lima
O Pavão Misterioso – 2004

Crônica
Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

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