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A primeira vez de Rossini Perez

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Yuno Silva
Repórter

Um dos principais nomes da gravura mundial, quiçá o artista mais importante dessa vertente das artes visuais em atividade, o potiguar Rossini Perez rodou por galerias e museus dos cinco continentes, participou de mais de uma dezena de bienais internacionais e parte de seus trabalhos fazem parte do acervo da Pinacoteca de São Paulo e do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Apesar de todo esse alcance, o macaibense de 83 anos, que hoje dedica-se à fotografia, só não expôs ainda – vejam só! – no Rio Grande do Norte.
Em 2012, Rossini Perez visitou sua terra e produziu uma série fotográfica documentando lugares que reconheceu de sua infância, em Natal e Macaíba
Há mais de 30 anos, contabilizou o jornalista e escritor Franklin Jorge, amigo pessoal do gravador, que Rossini tenta articular uma mostra em solo papa-jerimum. Ao que parece, dessa vez, as coisas estão bem encaminhadas: Jorge, que coordena a Sala Natal, setor ligado as artes visuais sediada no Parque da Cidade, esteve no Rio de Janeiro, acompanhando o prefeito Carlos Eduardo e o secretário municipal de Cultura Dácio Galvão para uma série de contatos, e Rossini estava na pauta da comitiva. “Saímos de lá com uma exposição pré-agendada para acontecer no fim deste ano, durante a programação do Natal em Natal, agora temos que organizar um local adequado para receber as gravuras e fotografias de Rossini”, adiantou.

Rossini esteve no RN em 2012, após 31 anos longe. Em ‘missão de reconhecimento’, registrou paisagens que conheceu e não mais reconhece. Na época cogitou doar obras, mas recuou diante da falta de condições da Pinacoteca do Estado em cuidar do acervo. Também ficou aborrecido com o abandono em que encontrou o patrimônio histórico da capital e de sua velha Macaíba. “Nem Hiroshima ficou tão destruída quanto Macaíba. Natal também está desfigurada”, declarou ao VIVER há quase três anos.

EXPOSIÇÃO
A proposta de Franklin Jorge é promover uma exposição com fotos e gravuras. “Quando vi as imagens que ele fez aqui em Natal em 2012 fiquei encantado, não reconheci nada do que ele fotografou. Nem sabia que cidade era aquela. São detalhes da arquitetura, ladrilhos, portões… e a partir desse material criamos um projeto chamado ‘Cidade Invisível’. Atrelada a mostra fotográfica, seria formatada uma retrospectiva do trabalho dele como gravador com parte do acervo da Pinacoteca de SP”, planeja o coordenador da Sala Natal e um dos idealizadores da Pinacoteca no início dos anos 1980. “Quando a Pinacoteca surgiu, havia uma escola de gravura que levava o nome de Rossini, uma forma de homenagear o artista”, lembra.

Franklin garante que Rossini ainda pretende fazer uma doação de acervo ao RN, mas lamenta que não há estrutura adequada para armazenar e garantir a preservação das obras.

Filho de um empreiteiro espanhol com uma norte-riograndense, Rossini Quintas Perez mudou para o Rio de Janeiro na década de 1940. Segundo o verbete da Enciclopédia do Itau Cultural (enciclopedia.itaucultural.org.br), Perez despertou interesse pelas gravuras em 1953, quando conheceu o trabalho do pintor e gravador norueguês Edvard Munch (1863-1944), autor do famoso quadro “O Grito” na 2ª Bienal Internacional de São Paulo.

Para se ter uma noção da importância artística desse ilustre potiguar, desconhecido em sua própria terra, vale listar os países onde já expôs: Brasil, Portugal, Holanda, Alemanha, França, Senegal, Bolívia, Uruguai, Índia, Inglaterra, Dinamarca, Argentina, Peru, Chile, Japão, México, Áustria, Itália, Israel, Estados Unidos, Espanha, Bélgica, Porto Rico, antiga Iugoslávia (hoje Eslovênia), Cuba e Dinamarca.

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