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A sabedoria popular dos ditados

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Carlos de Souza [[email protected]]

Recebi na caixa de inbox de meu Facebook essa simpática mensagem:

“Olá, Carlos. Tudo bem? Lembra daquele livrinho que eu fiz em 2002 e que você fez uma resenha tão maior do que ele? Rsrs. Agora ele tá nascendo de verdade, porque aquela impressão foi só para família e amigos numa tiragem de 150 exemplares. Agora é um livro catalogado e, pelo Menospor enquanto, será lançado apenas em Salvador. Segue abaixo convite e release. Gostaria de lhe enviar um exemplar e peço que você me envie o seu endereço postal. Pode ser? Abs.
Autora mostra como frases populares beberam na fonte erudita
Livro resgata sabedoria popular dos ditados  
O gosto pela cultura popular levou a médica Helenita Hollanda a dedicar 20 anos na coleta de material em viagens pelo Brasil, anotando falas, histórias e estórias, fotografando festas (religiosas e profanas) e atividades laborativas, colecionando objetos que compõe (ou compunham) a casa brasileira e suas demandas, observando e registrando hábitos e costumes. Uma parte desse material está sendo publicado agora com a segunda edição revista e ampliada do livro Como Diz o Ditado…, lançado pelo selo editorial da Assembleia Legislativa da Bahia.   Ela alimenta a ambição de desdobrar o seu estudo em vários volumes fazendo um passeio pelos diversos saberes que compõe a cultura brasileira: hábitos e costumes, religiosidade, superstições e crendices, cancioneiro, lendas e contos. Por enquanto os leitores vão ter que se contentar com seu trabalho sobre adágios e ditos populares. ‘Este livro é o resultado do meu amor pela humanidade e seus saberes, pela brasilidade e seus encantos’, diz.   A obra é composta de mais de 6.200 verbetes, com análise sobre a origem de alguns dos mais interessantes. Segundo ela ‘a noção de que o homem se aprende no homem e não no livro, ensinada por Câmara Cascudo’, a levou ao interior do Brasil largando a especialidade em Ultrassonografia Vascular e a medicina privada para realizar um trabalho mais genuíno de recolha do que há de remanescente na Cultura Popular. No Rio Grande do Norte passou pelo Sertão, litoral e Borborema Potiguar. Na Bahia pesquisou em áreas de identidades culturais distintas: Recôncavo, Sertão, Médio São Francisco e Chapada Diamantina.    A diversidade cultural na própria família e a convivência com bisavós maternos e bisavó paterna, além do gosto pela literatura a fez constatar que a sabedoria tida por popular transita pelo erudito ‘de modo a não podermos identificar a sua origem: frase erudita que ganhou tom proverbial ou frase popular onde bebeu o autor erudito’. Nesse aspecto ela observa que ‘a literatura oral precisa da ajuda da escrita para se manter’. O livro também expressa o desejo de ver os provérbios ‘mais uma vez na boca do povo’. Na pesquisa encontrou inúmeros provérbios na música e literatura. Embora tenha se arriscado a estudar a origem de alguns ditados, classifica essa busca um tanto inócua ‘pelo significado dos provérbios diante da subjetividade, assim como pela sua origem: sendo frutos da experiência humana, de suas vicissitudes, são por natureza universais’. A autora  foi  influenciada por Cascudo, Gumercindo Saraiva, Veríssimo de Melo, ‘todos conterrâneos, entre tantos outros, porém sempre e principalmente Amadeu Amaral’. Sobre o livro diz: ‘Não conheço maior adagiário na língua portuguesa. Tive o cuidado de compilar agrupando em uma única numeração as variações em torno do mesmo dizer, evitando construir um trabalho que fosse enganosamente extenso, conquanto repetitivo.’ Entre os adágios preferidos destaca: – A amar e a rezar ninguém nos pode obrigar – A Quaresma é muito pequena para quem tem o que pagar pela – Asno que a Roma vá de lá asno voltará – Casa quantas mores, terras quantas vejas, vinhas quantas podes, dinheiro quanto contes – Cinza molhada Páscoa embrejada – Com arte e engano se vive meio ano. Com engano e arte se vive a outra parte – Deus me livre de etc, de escrivão e de quiprocó de boticário. 

Helenita Hollanda é médica cardiologista e ultrassonografista vascular. Potiguar de nascimento reside, atualmente, em Salvador. Dedica-se ao estudo da cultura e religiosidade populares há vinte anos. É autora dos seguintes livros: Basílicas e Capelinhas – Um estudo sobre história, arte e arquitetura de 42 igrejas de Salvador (em parceria com Biaggio Talento); O Regalo da Luz; Ad Lucem Versus – O luminoso destino de um homem; Com a Graça de Deus. Colabora regularmente com crônicas para a coluna Literatura do site Bahianotícias.”

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