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Adriana Calcanhotto faz entrevistas com poetas

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Luíza Franco

“Arnaldo, a solidão teve algum papel na sua aproximação com a poesia?” No palco, Arnaldo Antunes olha para o lado, busca referências na memória. Segundos depois, arrisca: “Eu acho que sim”. Interrompe a resposta e ri, surpreso. “É uma pergunta boa, né?”

A curiosidade veio de um membro da plateia que assistia à entrevista de Antunes a Adriana Calcanhotto, 49, na casa de espetáculos Miranda, no Rio. Ela faz parte da série “Poesia em Movimento”, em exibição em um canal de vídeo sob demanda.

Em cinco episódios, Adriana conversa com Antonio Cicero, 69, Arnaldo Antunes, 54, Eucanaã Ferraz, 53, Alice Sant’Anna, 26, e Cláudia Roquette-Pinto, 51, sobre seus poemas, referências e causos do mundo da poesia.

O último episódio, mais longo, destoa dos demais: é uma aula-show em que Cleonice Berardinelli, 98, especialista em literatura portuguesa, disseca poemas do lisboeta Mário de Sá Carneiro (1890-1916) enquanto Calcanhotto a acompanha ao violão.

“Não me preparei para as entrevistas. Minha ideia era saltar sem rede, baseado na minha intimidade com a poesia deles”, diz a compositora.

As conversas são informais, inspiradas nas entrevistas de Otto Lara Resende com figuras como Vinicius de Moraes e Nelson Rodrigues, disponíveis no YouTube.

Os programas, de cerca de 40 minutos, foram editados pela própria cantora. “Fiz com pensamento de cinema. Não queria que tivesse essa coisa de formato. A televisão pensa tudo em grade, mas cada um tem um tempo”, diz.

Entre conversas sobre processo criativo, surgem anedotas do universo dos poetas. As mais divertidas envolvem Waly Salomão (1943-2003), onipresente nas entrevistas.

Cicero relembra Salomão no banheiro da casa de Gal Costa, roubando poemas da mãe dela, Dona Mariah, e depois os declamando como se fossem seus.

“Ele gostava de desacomodar, era anárquico, não deixava pedra sobre pedra” comenta Calcanhotto.

Apesar de reunir autores de relevo, a cantora não teve a intenção de traçar um perfil da poesia contemporânea.

“A maioria deles tem como referência os líricos modernos”, conta. “Mas são responsáveis por sua linha. Vêm da mesma influência e abrem, cada um para um lado.”

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