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Agnelo Alves – O repórter: Crise é a característica nas sucessões estadual e federal

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A sucessão presidencial está tão conturbada quanto a sucessão estadual no Rio Grande do Norte. O presidente Lula deseja que a sua sucessão seja plebiscitária, Oposição versus Governo Lula. A oposição, com o nome de José Serra, governador de São Paulo; o Governo Lula com o nome da ministra Dilma Rousseff.

A sucessão estadual está desenhada de outra forma. A governadora Wilma de Faria é candidata ao Senado. Uma realidade que limita a sua coordenação da campanha. Outra realidade é que, entre os candidatos a candidatos de sua “Base” de apoio, não apareceu nenhum que diga que quer “continuar” o seu governo.

Entre as razões das dificuldades no plano nacional e no plano estadual, a precipitação da campanha desde a disputa pelo Governo do Estado começou logo após a reeleição da governadora Wilma, ainda em 2006. E na sucessão presidencial, a candidatura do governador paulista, José Serra, pela oposição, parece que norteou o lançamento, pelo próprio Lula, do nome da ministra Dilma Rousseff, na metade do seu segundo mandato.

SUCESSÃO ESTADUAL

No plano estadual, o nome da senadora Rosalba Ciarlini se configurou a partir de sua eleição para o Senado, entre os salvos de 2006. O senador Garibaldi perdeu para a governadora Wilma a disputa pelo Governo do Estado, mas o DEM, seu aliado, elegeu a Senadora, Rosalba.

O PMDB saiu enfraquecido da disputa. O próprio Garibaldi, que permaneceu no Senado, eleito que fora quatro anos antes, em 2002, não encontrou nome no partido, já que é histórica, entre os peemedebistas, a reeleição do deputado Henrique Eduardo para a deputação federal.

Garibaldi querendo permanecer no Senado e Henrique preferindo não se aventurar para o Governo do Estado, estabeleceu-se no PMDB, a pergunta: Quem? Garibaldi manifestou sua simpatia pelo nome do DEM. Henrique manifestou outro rumo, o da união da “Base” do presidente Lula, servindo de modelos para uma união também da “Base” da governadora Wilma de Faria.

E na divisão aberta entre Garibaldi e Henrique, o PMDB perdeu o rumo dos acontecimentos, embora ninguém deva apostar que essa divisão perdure além da convenção partidária, em junho do próximo ano. Mas, o PMDB chega desgastado à sucessão governamental em que pese o prestígio de Henrique Eduardo no plano nacional.

Recentemente, o deputado, com prestígio no plano nacional, mas sem o respaldo de Garibaldi, criou uma coligação com os deputados Robinson Faria e João Maia, ambos candidatos ao Governo do Estado. Uma coligação mais para evitar a precipitação de um rompimento na “Base” do governo do Estado, ganhando tempo para convencer Robinson a aceitar a vice-governadoria na chapa com Iberê, o candidato de Wilma.

O deputado Robinson começou, então, uma campanha publicitária de larga envergadura, em Natal, para conquistar o eleitorado natalense, na tentativa de pular do segundo lugar – o primeiro é o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo – para ainda tentar a cabeça da chapa, deslocando Iberê.

A coisa está entulhada. Muita sardinha para pouca lata.

SUCESSÃO PRESIDENCIAL

O plano do presidente Lula ia bem, com o plebiscito Governo versus oposição. Mas, o trem desencarrilhou. Dilma, a candidata de Lula, sofreu no embate com a técnica Lina Vieira em torno de uma questão absolutamente secundária e que não tinha e não tem nada com a sucessão presidencial. A candidata Dilma levou tiros vindos de várias direções e ainda não foi alvejada.

Surgiu o nome da senadora Marina da Silva, do PT, transferindo-se para o PV com a legenda da ecologia. O nome do deputado Ciro Gomes ressurgiu com bons pontos nas pesquisas. Marina e Ciro são da “Base” de Lula que tentava, sem êxito, o nome de Ciro para governador de São Paulo.

Lula confia no PMBD, apesar da tradição política e eleitoral peemedebista de desunião e de infidelidade aos candidatos presidenciais, aparecendo o nome do Doutor Ulisses Guimarães como primeira e maior vítima. Lula entra com o prestígio popular e o PMDB com sua capilaridade de diretórios municipais.

As pesquisas dirão, a partir da primeira, em setembro próximo. Do lado da oposição, o nome de Serra também enfrenta dificuldades, com a possibilidade do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, disputar na convenção Tucana.

Editorial

Submarino sob suspensão

A CAERN ainda não respondeu os questionamentos sobre o “emissário submarino”.  Certamente, porque não tem como responder. Ainda bem porque  há tempo para a mídia levantar ao grande público, nos mínimos detalhes, o que começa a ficar suspeito pela falta de transparência da CAERN.

Tecnicamente, ninguém sabe de nada. Financeiramente, também não. Ecologicamente, idem. Em termos de bom senso, é o que se pode chamar de contra-senso. Tratar os dejetos para colocá-los ao mar. Antes, os dejetos não eram tratados. Mas, concluiu-se que os dejetos voltariam para a praia de Ponta Negra, principalmente, e as praias da Zona Norte. 

Agora se pretende tratar águas para jogá-las ao mar, que as devolverá para a mesma praia de Ponta Negra e do Litoral Norte. Mas, se as águas são tratadas, porque jogá-las ao mar, que as devolverá? Melhor dar destino prático para o reuso, a exemplo do que acontece nas principais cidades brasileiras, como a capital federal, Brasília?

Fica no mínimo suspeito, insistir na construção de um emissário submarino.

Notas…

Coincidência perversa

No mesmo dia em que foi anunciada a falta de médicos, enfermeiros e funcionários no Hospital Maria Alice Fernandes, foi anunciado o incrível excesso de funcionários em comissão, na Datanorte. Enquanto faltam 69 funcionários no Hospital Infantil Varela Santiago e no Maria Alice Fernandes – que fechou – os cargos comissionados em excesso, na DATANORTE, somam 181 funcionários.

MARCAS

Uma marca triste, e para sempre, a da “Operação Impacto”, na Câmara Municipal de Natal. “Operação Sal Grosso” outra marca triste, na Câmara Municipal de Mossoró.

CARACTERÍSTICAS

Lamentavelmente, o Legislativo Federal, Estadual e Municipal – no Brasil, tem mostrado, entre outras, as seguintes características. A primeira, zoada. A segunda, impunidade. A terceira, “tudo como dantes no quartel do seu Abrantes”. Vira-se a página e tudo continua igual.

LINA VIERA CANDIDATA?

O nome da técnica Lina Vieira para o Senado começa ir além dos cochichos no Plano Palumbo.

QUEDA ANUNCIADA

A queda do FPM não deve surpreender os prefeitos . Foi anunciada desde quando o Governo Federal pôde por e dispor, por exemplo, do Imposto sobre Produtos Industrializados, o que tem acontecido de maneira sistemática, até para manter os empregos na indústria automobilística. A recente redução foi para atender, novamente, a poderosa. Quem? A indústria automobilística.

MUDAR COMPOSIÇÃO

O que os prefeitos podem e devem fazer é obter da bancada federal um movimento para mudar a composição do Fundo de Participação dos Municípios, de maneira que todas as vezes que o governo federal quiser baixar o IPI possa disparar um dispositivo de compensação de modo a repor as perdas, automaticamente. Essa estória de a cada queda pedir uma “compensação” é de antigamente. Agora é contribuir. 

…O que se diz…

…QUE os candidatos a candidatos que foram escolhidos para disputar o Governo do Estado começaram a mostrar preocupação, em face da disputa entre candidatos ao Senado da República…

…QUE vai ser uma disputa típica, ao estilo: “salve-se quem puder”, sem que sejam identificados os canibais mais ferozes…

…QUE, embora as coligações tenham direito a lançar dois candidatos, cada uma, ao Senado, só se fala em um candidato, cada, para facilitar “acordos municipais” …

…QUE aí, nos  “acordos municipais”,  é que reside o perigo para cada candidato ao Senado, com extensão para os candidatos a governador…

…QUE, em um município, o “acordo municipal” é para votar em Garibaldi e Agripino. Noutro é para votar em Agripino e Wilma. No caso, Agripino vai ser o mais votado…

…QUE  noutro município, o “acordo municipal” é para votar, em primeiro lugar, em Wilma, ficando em segundo plano, Garibaldi. Agripino, portanto, sendo o prejudicado…

…QUE assim por diante, cada “acordo municipal”,  de maneira autônoma, vai estabelecer uma música tipo: “samba do crioulo doido”…

…QUE a coisa está tão doida, que desapareceu o “favoritismo” para qualquer um dos três candidatos, Garibaldi, Wilma e Agripino…

…QUE ainda poderá ter pela frente outros candidatos ao Senado que tirarão mil votos aqui, 500 acolá, 300 naquele outro município…numa disputa em que um voto fará a diferença…

…QUE, em meio a essa selva de candidatos ao Governo, os que disputam poderão ficar como se diz na gíria: “como cego em tiroteio”…

Continuo convivendo, docemente, com a vida, tendo como misterioso encantamento, as cores do arco-íris, resistentes em mim mesmo à escuridão da noite ou ao fugaz do dia. Não é sentimentalismo. É encantamento. Outro dia, não faz muito tempo, da janela do meu apartamento tive a sensação que poderia tocar com as minhas mãos esse raio misterioso, pleno de cores suaves, parecendo mansas, na verdade muito ternas e belas.

Fiquei um tempão, não medido pelo relógio, contemplando o arco cheio de beleza que parecia nascer na linha do horizonte, lá longe, mas que parecia, também, chegar bem próximo a mim. Um sentimento algo obsessivo?  Como assim? Ainda me sentir capaz de contemplar as cores do arco-íris? Pobres de espírito os que nunca tiveram ou já perderam a capacidade de contemplar e amar as cores do arco- íris.

A noite foi chegando e o que poderia não mais ser contemplado pelos meus pobres olhos ficaram agregados como parte de minha retina. Foi aí que entendi que as cores do arco-íris não são apenas belas, captadas pelos olhos, mas sentidas pelas veias do coração. A visão, a noite apaga. O sentimento, só se for desmotivado.

Olhaí amigo, aprenda a admirar e gostar das cores do arco-íris. Até domingo, já Setembro, NECO.

Estória da história

Nada, absolutamente nada, que se pudesse desconfiar sobre o que poderia ocorrer, aconteceu com os ventos de agosto de 1961. Passados 48 anos. A renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República. A crise provocada pela denúncia do governador Carlos Lacerda poderia servir, no máximo do máximo, para uma vigilância maior, em face do que poderia ser verdade ou não. Conspirava-se no Planalto contra as instituições democráticas.

Mas, a renúncia do Presidente da República? Nem pensar. A surpresa já fora tamanha, pela denúncia partindo de quem?  De Carlos Lacerda que fora, dentro da UDN, o maior responsável pelo apoio dos udenistas ao extravagante ex-governador paulista, numa luta contra o udenista Juracy Magalhães, governador da Bahia a quem o presidente Juscelino Kubitschek oferecera o apoio do PSD.

Carlos Lacerda e Aluízio Alves foram escolhidos pela UDN para conversar com Jânio Quadros, em Londres. Do relato dos dois, a UDN marchou para Jânio, derrotando Juracy Magalhães, que pronunciou a célebre frase, parafraseando o autor original: “e agora, José?”

Jânio foi eleito presidente por uma maioria espantosa. Começando um novo tipo de crise política. Os janistas, dispostos a apoiá-lo para uma mudança na Constituição Federal. Os receosos de um golpe de estado, contra. Lacerda foi a Brasília. Um incidente proposital ou não fez eclodir a bomba da denúncia. Trama-se no Planalto o golpe para fazer Jânio ditador. E parecia que a denúncia fazia sentido. O vice-presidente João Goulart estava na China e Jânio sabia que as Forças Armadas, pelos seus três ministros, não concordavam com a posse de Jango na Presidência da República, em caso de vacância.

A crise subiu de temperatura. A denúncia de Lacerda fervilhava. Inquietação generalizada. Mas, ninguém, absolutamente ninguém, podia prever a renúncia de Jânio. O governador Aluízio Alves viajara ao Rio de Janeiro sem anunciar a agenda. Aqui em Natal, algo parecia calmo nas Forças Armadas. O governo estava instalado no Teatro Alberto Maranhão. No amanhecer do dia 25 de agosto de 1961, cheguei cedo ao Gabinete. Reuni a área de segurança do governo, o secretário, o coronel Leão e o comandante da Marinha, Tércius Rebelo.

Senti alguma desconfiança? Não. No início do segundo expediente, a bomba. Jânio Quadros renunciara. A RÁDIO CABUGI noticiara em edição extraordinária. Telefonei para o então presidente do Tribunal de Contas, Romildo Gurgel, representante dos acionistas, que mostrou-se surpreso e preocupado. Cinco minutos após, confirmava a renúncia. A estas alturas, a crise não era mas apenas política. Eclodira nos quartéis, também.

Fui procurado pelos comandantes das Forças Armadas em Natal. Estavam à disposição do governo para a manutenção da ordem pública, mas aguardavam ordens de seus superiores em Brasília. Queriam sintonia com o Governo do Estado. Brizola lançou, no Rio Grande do Sul, a campanha de legalidade pela posse de Jango, conseguindo a adesão do 3º Exército. Ao Congresso Nacional, considerando que a renúncia era gesto unilateral, não cabia outra decisão. Era aceitar e empossar o presidente da Câmara, Raniere Mazzili, na Presidência da República, até o regresso do vice-presidente João Goulart.  

O país estava conflagrado numa crise sem precedentes na sua história. Se João Goulart desembarcar, será preso. Não toma posse, decisão das Forças Armadas comunicada ao Congresso Nacional. Crise chegando ao clímax. Jango chega a Montevidéu na viagem de regresso ao Brasil. Aparece a partir do famoso “jeitinho” brasileiro, o Parlamentarismo. Quem foi escolhido para negociar com Jango, em capital Uruguaia? O governador Aluízio Alves que, surpreendentemente, recusou a missão, justificando que não tinha maioria na Assembléia Legislativa e poderia perder o mandato por sair do país sem autorização legislativa.

Os governadores, então, decidiram, com o apoio do comando militar, por Tancredo Neves. Aluízio e Magalhães Pinto foram designados para conversar com Tancredo, que morava no mesmo prédio de Magalhães, em Copacabana. Tancredo aceitou a missão e já voltou de Montevidéu escalado primeiro ministro do regime parlamentarista. A crise estava contornada, isto é, adiada para 1964, quando voltou a eclodir de uma maneira radical.

Jânio Quadros chega a São Paulo. Do alto do avião procura o povo nas ruas. Ninguém. Os ventos de agosto passaram. Estávamos em setembro. Jango tomou posse e o Parlamentarismo implantado.

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