Fernando Domingo
Repórter
Um alagamento histórico na avenida Moema Tinoco, próximo ao Cemitério Municipal de Pajuçara, um dos principais acessos ao Litoral Norte, que há cerca de 30 dias impossibilita o tráfego de veículos na via e deslocou o percurso de quatro linhas de transporte público, agora limita também o turismo na região.
De acordo com orientadores turísticos que trabalhavam em praias como Jenipabu e Muriú, neste período, foi preciso antecipar as abordagens aos turistas. Todos os dias, enquanto a água não é escoada e o Governo do Estado não finaliza as obras no local, diversos guias se deslocam até uma parada de ônibus no início do trecho alagado, aconselham motoristas e tentam cativar interessados em aproveitar as belezas naturais.
“Os turistas chegam aqui, olham para essa imensidão de água e dão meia volta. Acham que toda a via está desse jeito e decidem não arriscar. O turismo estava ficando prejudicado. Agora, quando eles chegam aqui, nós indicamos os desvios, pegamos as motos, mostramos o caminho. E os que se interessam, aproveitam e fazem os passeios de buggy. Mas, não são todos”, comentou o orientador turístico Elvis Silva, de 27 anos.
Ainda de acordo com ele, as dificuldades de tráfego no trecho estavam afetando todo Litoral Norte. “Estamos nessa há quase um mês, desde que ficou nessa situação absurda novamente. Isso afeta quem mora por aqui, quem precisa da via, os guias, os barraqueiros nas praias, pessoal que faz passeio. É complicado”, lamentou.
Segundo o mecânico Márcio Luiz da Silva, 37 anos, que mora nas proximidades do alagamento, o problema existe há mais de 20 anos. “Se continuar assim, em breve vamos colocar uma placa aqui com os dizeres ‘bem vindo ao rio Pajuçara, o final do passeio’, fazer um churrasco e acomodar os turistas”, ironizou. E acrescentou: “Toda vez que chove, enche de água. Aí o Governo vem, faz um paliativo, não arruma em definitivo, e na próxima chuva desaba tudo. É sempre a mesma novela e a situação permanece igual”, declarou.
Ainda conforme o mecânico, o desvio existente para o trânsito, no entorno do cemitério, também é uma alternativa precária. “Essa semana mesmo um caminhão ficou atolado lá e trancou todo o fluxo de carros. E era um caminhão de gás, então, o motorista teve que descarregar todinho para conseguir sair, no meio da tarde. Os veículos menores também sofrem, porque a buraqueira é enorme. E a verdade é que não é só aqui, toda a Moema Tinoco tá assim, cheia de buraco. O Governo tá fazendo obra na avenida das Fronteiras, no Gramoré, mas, aqui e no Gramorezinho, que são as portas para o turismo, esqueceram”, disse Márcio.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE procurou a Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIN) na manhã de ontem, e questionou sobre o andamento das obras na avenida. De acordo com a assessoria de comunicação do órgão, há cerca de 15 dias foi realizado um trabalho paliativo, mas, com novas chuvas, o serviço acabou ineficaz. E, neste período, a permanência de precipitações tem impossibilitado a retomada do escoamento da área, que necessita de três dias secos. Os quatro quilômetros da Moema Tinoco fazem parte do Pró-Transporte – orçado em R$ 88.221.480,67 – e não há previsão para conclusão do projeto, que dependem de desapropriações.
Ônibus
Há cerca de 30 dias, quando o fluxo de veículos acabou impossibilitado, as empresas de ônibus que atuavam na região também optaram por modificar a rota de quatro linhas (84, 79, 76 e 75B) e suspender a linha 75A, que atendiam todos os loteamentos e conjuntos habitacionais da área. A mudança de itinerário, segundo as empresas, será por tempo indeterminado. Os veículos da Linha 84 estão se deslocando na avenida Moema Tinoco somente até a UPA do bairro e as Linhas 79, 76 e 75, na região, trafegam sempre no sentido da avenida Pompéia.
