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Alemães mostram tecnologias no RN

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Margareth Grilo – repórter especial

Em visita de dois dias ao Rio Grande do Norte, com encerramento hoje, a delegação da Renânia-Palatinado, estado no sudoeste da Alemanha, apresentou uma vitrine de novas tecnologias, entre elas, a que promete transformar água salobra ou água do mar em água potável, utilizando plantas-solar. A PPP (Parceria Público Privada) assinada, ontem, entre CTGAS-ER, UFRN, governo do estado do RN e as empresas GKM Ingenieure e a RLP Agroscience, é nesse sentido. A expectativa é de que os negócios se tornem ainda mais promissores.
Parte da delegação se reuniu com a governadora do RN, Rosalba Ciarlini, na manhã de ontem
Segundo a chefe da delegação alemã, a vice-governadora do estado e ministra da Economia, Proteção Climática, Energia e Planejamento Territorial, Eveline Lemke, das 16 empresas que visitaram o RN, em 2011, quatro fecharam acordos de cooperação, com investimentos que chegam a 200 milhões de euros (quase meio bilhão de reais). “Estamos trazendo tecnologias, investindo em infraestrutura”, afirmou Eveline Lemke. O volume de investimento citado por ela não foi confirmado pelas empresas, nem pelo governo.

Segundo o cônsul da Alemanha, em Natal, Axel Serrano Geppert, se a média dos anos anteriores se mantiver, pelo menos 1/3 dos empresários que vierem ao RN fecharão negócio e investirão no estado. Essa é a quinta vez, em três anos, que os alemães da Renânia-Palatinado visitam o Rio Grande do Norte. A  visita oficial da comitiva termina no final da manhã de hoje, após a inauguração do escritório da Agroscience nas dependências do CTGAS-ER, um passo considerado estratégico pelos dois estados.

Quatro termos de cooperação assinados, ontem, visam a realização de pesquisas e a troca de informações em diferentes áreas. Em Natal, a comitiva alemã procura definir os negócios mais promissores para os empresários dos dois estados. Uma nova rodada de negócios já está prevista para o próximo ano, na Renânia-Palatinado. Essa nova missão empresarial foi acertada ontem à tarde, em reunião entre o presidente da Federação das Indústrias, Amaro Sales, e o presidente da Associação das Câmaras de Comércio e Indústria da Renânia, Manfred Sattler. A missão deve ocorrer entre abril ou maio de 2013 e deverá ter participação da Agência de Fomento (AGN-RN) e do Banco do Nordeste.

Caberá à Fiern, ao Sebrae e à Fecomércio identificar as empresas potiguares que têm melhores condições para fazer negócios com os alemães. Também participaram da reunião, na Casa da Indústria, os empresários alemães Salvatore Scianna, Frank Panizza e Kathrin Heinrichs, o diretor do Banco de Investimento e Desenvolvimento da  Renânia (ISB), Ulrich Link, o superintendente do Sebrae Zeca Melo, o diretor da Fecomércio, Marcos Guedes e Eduardo Viana, gerente da Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae-RN.

Fiern ressalta a troca de experiências entre os Estados

O presidente da Fiern, Amaro Sales, disse que os encontros entre empresários dos dois estados é fundamental para absorver a expertise alemã em áreas como energias renováveis e meio ambiente. “A vinda desses empresários já é resultado de uma semente que foi plantada no ano passado, nossa expectativa é que em breve os frutos comecem a aparecer”, disse Amaro Sales.

Pela manhã, a governadora Rosalba Ciarlini recebeu  membros da delegação política e econômica do estado da Renânia-Palatinado. Tanto Rosalba, quanto Eveline Lemke  afirmaram que a parceria é estratégica e externaram o desejo de que ela seja estratégica e duradoura.

FOCO

Além de destacar as potencialidades do Estado, principalmente, nas áreas de energias renováveis, mineração, fruticultura e turismo, a governadora afirmou que o foco da atual administração é promover o investimento.

“Esse é o braço mais forte para dar as respostas sociais necessárias ao nosso Estado e a Renânia é nossa porta de entrada. Esperamos que eles possam divulgar nosso potencial por toda a Alemanha”, afirmou a governadora Rosalba Ciarlini. O encontro na governadoria durou uma hora e trinta minutos.

Inovação é um dos pontos abordados pelos estrangeiros

As questões voltadas para o meio ambiente urbano e industrial foram tema de um Workshop que reuniu empresários alemães e potiguares, ontem, no Hotel Sehrs, em Natal. O Professor Doutor, Roland Kubiak, Diretor do Instituto RLP Agrocience GmbH, falou aos empresários sobre as propostas de “Ventilação para Desconstrução Perfeita de Carbono”, que de acordo com ele é uma solução inovadora para o problema ambiental. “Este tratamento é usado para reduzir a poluição orgânica despejada em rios, podendo realizar o arejamento da degradação biológica”, afirmou.

Ele falou ainda de “Sistemas de Irrigação Inovadores” que podem ser aplicados à agroindústria aqui no Brasil e que já são utilizados na Alemanha. “Temos a irrigação por gotículas e a irrigação do subsolo”, disse ele, “esta última não provoca excesso de sais no solo. Ambos são sistemas inovadores”. Para o empresário Maurício Fernandes, da Gráfica RN Econômico, o encontro permite a troca de experiências.

“Um trabalho como esse é muito importante para a economia local. Toda porta que se abre para o mercado internacional é um adicional muito importante para a indústria e o comércio do Rio Grande do Norte”, afirmou. O Workshop foi realizado com tradução simultânea pelos representantes da Câmara Brasil-Alemanha e tratou também de gestão de água e planejamento de energias renováveis.

Para Luiz Henrique Guedes, Gerente do Centro Internacional de Negócios da Fiern, o encontro trouxe oportunidades. “É um leque a mais que se abre para as empresas que pretendem expandir seus negócios para ambos os países”.

Energia é uma das áreas que concentram investimentos

Os investimentos estrangeiros no Rio Grande do Norte, segundo a governadora Rosalba Ciarlini, tiveram avanços significativos nos últimos dois anos. “Estamos avançando bastante, em áreas importantes, como a mineração, a fruticultura e, na principal delas, que é a energia renovável”, afirmou a governadora. Segundo informações da Fiern, três empresas estrangeiras já estão operando no setor eólico, além das que estão em fase de implantação.

Entre as empresas em operação, a Fiern citou a alemã  Wobben Wind Power, que está explorando área em São Gonçalo do Amarante. Outras duas, a New Energy Option, que administra o Parque Eólico Alegria (I e II), o maior do Estado, e a Gestamp Wind, que já está operando em João Câmara com dois parques de energia eólica. Outros três entram em operação até o final deste ano no município de Serra de Santana.

Dados da Fiern indicam ainda outras empresas como a espanhola Desa (Dobrevê Energia S.A), que concluiu em junho a construção de Morro dos Ventos, seu primeiro parque eólico, cuja energia foi vendida no leilão de fontes renováveis realizado pelo governo em 2009. Segundo a governadora, na área da mineração, uma empresa belga está começando a montar uma indústria na região de Baraúna, para extração de calcário.

“Ela vai produzir calcário para a siderúrgica, num investimento que passa de mais de R$ 100 milhões”, disse a governadora. Além dessa, citou Rosalba, outras duas empresas, uma canadense e uma australiana, que estão na região de Currais Novos explorando scheelita e ouro. A governadora destacou ainda as multinacionais e citou o consórcio entre uma empresa brasileira e uma americana para a reabertura da fábrica da Maisa, em Mossoró. “O mundo está globalizado”, afirmou a governadora, “então temos que retirar todas as barreiras. O importante é fazer com sustentabilidade, respeito ao meio ambiente, de forma que a gente possa crescer, gerar emprego e aumenta a receita do Estado”.

Bate-papo

Eveline Lemke, vice-governadora e ministra da Economia da Renânia-Palatinado

“Temos soluções para o RN e o Brasil”

A vice-governadora da Renânia Palatinado e ministra da Economia, Proteção Climática, Energia e Planejamento Territorial, Eveline Lemke, concedeu entrevista à TRIBUNA DO NORTE e destacou que seu estado deseja uma parceria estratégica e duradoura. Após o encontro com a governadora Rosalba Ciarlini, Eveline Lemke disse que seu estado tem tecnologias que podem favorecer o desenvolvimento sustentável.

Que balanço a senhora faz das missões ao Rio Grande do Norte?

Posso falar sobre meu estado, Renânia Palatinado. Ano passado, viemos com uma delegação com políticos e empresários, num total de 16 empresas e, dessas, quatro fecharam acordos de cooperação, com investimentos. Estão trazendo tecnologias, investindo na infraestrutura. Um exemplo concreto é o de tratamento de água. Então, a água do mar é tratada para virar água potável. Temos também outro projeto para plataformas de petróleo para que a água usada possa ser reutilizada ou lançada diretamente sem contaminar no mar.

A senhora pode apresentar números?

Para ter uma cifra, o investimento global desses quatro projetos seria 200 milhões de euros, mas além disso, nós temos vários projetos pilotos, portanto, projetos pequenos, cujo o volume de investimento é infinitamente menor, mas na verdade esses projetos são muito interessantes para o país, para o nosso estado porque estão comprando nossa tecnologia, que é o caso dessa tecnologia de tratamento e preparação da água. Outro dado interessante é que, desde o início de nossa parceria em 2006, o volume de comércio, de faturamento que temos com o Brasil está agora em 70%.

A senhora pode detalhar melhor esse dado?

Cinquenta e dois por cento do nosso PIB vem das exportações, e 70% delas feitas pelo Brasil, isso é realmente um valor alto para a Europa hoje em dia, mas tem a ver com as tecnologias que oferecemos e para as quais há grande demanda no mundo todo. Um dado importante é que a Renânia Palatinado tem um terço do Rio Grande do Norte, mas nós temos 25% a mais de população. São muito mais habitantes numa área menor, então, temos grandes problemas de infraestrutura e abastecimento, mas já temos as soluções, o que pode então, no futuro, ser interessante para o Rio Grande do Norte.

Quais são as áreas de interesse no RN?

O Rio Grande tem os recursos que na Europa, na Alemanha e no meu estado são escassos, e tem a matéria-prima. Nós queremos assegurar nossa produção industrial, isso é uma parte. Mas a outra é que nós dispomos de tecnologia que pode ser interessante para o Brasil e para vocês aqui. Tecnologia, em várias áreas, mas gostaria de destacar as energias renováveis, algo que todos nós, no mundo, precisamos pensar diante da mudança climática. Nós queremos realmente uma parceria estratégica e duradoura. Somos parceiros viáveis. Não viemos aqui só para vender algo, porque na minha opinião isso não funciona. O Brasil e vocês aqui têm tudo que precisam. A gente quer uma parceria de igual para igual.

A ascensão do Brasil é um fator estimulador?

Com certeza. Nós já não temos crescimento, já o Brasil tem muito crescimento. Nós cometemos muitos erros quando havia crescimento. Erros na área econômico-financeira, na área tecnológica, na área do meio ambiente. Então, isso, também pode ser um ponto de cooperação para evitar que os mesmos erros não sejam cometidos.

A senhora destacou as energias renováveis. O que seu estado está fazendo pela sustentabilidade?

Sou uma ministra verde porque sou parte do partido dos verdes da Alemanha e esse é um partido que se preocupa com o meio ambiente. Nós não queremos o desenvolvimento industrial e econômico às custas da natureza, e nós, realmente, já temos as tecnologias para desenvolvimento sem agredir, sem destruir o meio ambiente. Essa é a nossa prioridade. E já temos uma mudança energética na Alemanha. Somos um país altamente industrializado, com alta tecnologia, e estamos desligando todas as centrais atômicas. E não vão ser construídas novas. Nós vamos ter abastecimento energético 100% renovável e também já temos a tecnologia para sermos autossuficientes em matéria de água e tratamento de solo, algo que também pode ser interessante compartilhar.

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