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Alimento livre de agrotóxicos fortalece agricultura familiar

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“Há 12 anos eu deixei de usar ‘veneno’ na minha horta, e fico feliz por conseguir junto da minha família não agredir o meio ambiente ou prejudicar a saúde da população”, relata o agricultor familiar de Brejinho, Sebastião Antônio de Lima, de 48 anos. Mais conhecido como “Bastinho da Verdura”, ele diz que nasceu e foi criado para trabalhar na terra, com uma infância marcada por muito sacrifício. “Naquela época tudo era mais difícil. O transporte era deficiente, o que comprometia a venda dos nossos produtos, e mesmo assim o que ganhávamos era pouco”, explica.

Aos 18 anos de idade, Bastinho decidiu tentar a vida fora do Nordeste e viajou para Brasília, onde desempenhou várias funções como açougueiro, auxiliar de portaria e ascensorista. Ele ainda trabalhou em Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiás como operador de máquina na plantação de soja. Durante o período em que esteve no Rio Grande do Sul, Bastinho conheceu um agrônomo japonês que mantinha a horta orgânica da empresa onde trabalhava. Esse amigo o incentivou a produzir legumes e verduras orgânicos no Nordeste, o que fez Bastinho retornar à região após nove anos.

Nos dois primeiros anos, ele ainda usava agrotóxicos na horta, mas suas técnicas de plantio foram modificadas a partir de cursos e palestras ministrados pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar do RN (Fetraf). “Eu trabalhava com o ‘veneno’ porque não conhecia outra maneira de proteger minha plantação. Porém, a partir de ensinamentos passados por profissionais da Fetraf e Emater eu conheci outras técnicas que não agridem o meio ambiente. Agora, eu incentivo os meus amigos a seguir o mesmo caminho”, explica.

Após aderir à agricultura sustentável, Bastinho conseguiu novas oportunidades de trabalho e outros pontos de venda para seus produtos. Apesar de ter pouco estudo, ele é sempre convidado a ministrar palestras aos estudantes do município de Serrinha e da Universidade Vale do Acaraú – UVA, onde ensina suas técnicas de cultivo. Para manter a horta, o agricultor usa cerca de 15 substâncias e defensivos, como detergente neutro, óleo vegetal, farinha de trigo, dentre outros produtos ecologicamente corretos.

O cuidado com a qualidade dos alimentos resulta na expansão dos negócios da família, que atualmente vende os legumes e verduras na feira e em dois mercados de sua cidade e de Natal. A conquista mais recente foi o contrato firmado com a prefeitura de Brejinho, que comprará os alimentos dele para incluir no cardápio da merenda escolar. “O que mais me orgulha é saber que eu, minha esposa e meus três filhos estamos juntos diariamente em busca do nosso crescimento profissional e, consequentemente, financeiro. Gostamos de criar galinha caipira e cabrito, além disso, nos sentimos muito bem em proteger o meio ambiente e zelar pela saúde humana”, afirma ele.

Este e outros exemplos de sucesso na agricultura familiar sustentável serão mostrados durante a III Feira e Congresso Sindical da Agricultura Familiar Potiguar, que acontece até hoje em São Paulo do Potengi. O evento, realizado pela Fetraf, promove a cidadania e a inclusão social dos agricultores, além de estimular a discussão sobre a situação real do seu cotidiano no Rio Grande do Norte. A feira contará com produtos livres de agrotóxicos e deverá ter um público de 10 mil pessoas, entre produtores e consumidores. O Congresso, por sua vez, ocorrerá na Escola São Francisco, onde a Fetraf apresentará projetos bem sucedidos de produção, organização e geração de renda realizados nos 50 municípios em que atua.

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