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Alta de juros frustra crescimento

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ALCYR VERAS
Economista e professor universitário

Por mais boa vontade que tenhamos. Por mais otimistas que sejamos, um fato, porém, não pode ser ignorado, nem empurrado para debaixo do tapete. Sobretudo porque trata-se de um fato real, concreto, que salta aos olhos de todos. Refiro-me à atual “recessão branca” em que se encontra mergulhada a economia brasileira. Vivemos uma autêntica fase letárgica.

Nos quatro cantos do país as reclamações são as mesmas. Há uma sensação generalizada de que tudo está funcionando em ritmo lento. Os números não escondem a realidade. A indústria nacional reduziu, em média, 30% de sua capacidade de produção. As vendas no comércio caíram a níveis críticos. Com os pátios superlotados de automóveis, as montadoras estão ameaçando com medidas drásticas de demissões e férias coletivas.

Do alto da montanha, tem-se uma visão mais ampla e completa de toda a extensão do vale. Significa dizer que se analisarmos a economia brasileira, isoladamente, através de cada um dos seus setores de atividades, não conseguiremos identificar, com clareza, os problemas que a envolvem e impedem o seu crescimento sustentável. Mas, se a olharmos do topo macroeconômico torna-se mais fácil perceber os óbices que inibem a sua vitalidade. Isso acontece porque a visão de conjunto mostra o grau de integração que os setores da economia mantêm entre si, bem como as diversas faces de suas inter-relações. Portanto, a sua concepção é de natureza sistêmica.

Claro que a intenção do governo é acertar. Mas, as medidas que estão sendo adotadas, pela nova equipe econômica do Planalto, não estão conseguindo convencer a maioria da classe empresarial e dos consumidores.

Acho que foi um erro de avaliação macroeconômica. No meu entender, o problema está na estratégia, ou seja,  no caminho que o Governo escolheu para tocar a política econômica. Um  caminho que está levando o país à retração. Não diria que estamos, propriamente, num regime de estagnação econômica. Seria exagero. Porém, a situação atual é muito preocupante. O paciente está sendo medicado, mas não reage. Mas, enfim, qual foi mesmo o caminho que o Governo escolheu?  O Governo optou por uma política econômica cuja prioridade seria impedir, a qualquer custo, o aumento da inflação. Para isso, está adotando a elevação da taxa de juros como instrumento para barrar  o acesso ao crédito e inibir o consumo. Não é exatamente igual (até porque os tempos são outros), mas parece lembrar a velha e superada tática que não deu certo na Argentina nem no México, nos anos oitenta.

Podemos citar, como exemplo, duas condições essenciais para o crescimento econômico. A simultânea queda da taxa de juros (para atrair os investimentos) e a redução da elevadíssima carga tributária para incentivar o aumento da produção e do emprego.   O novo Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez exatamente o contrário. Aumentou os juros e os impostos (e de quebra, não atualizou a tabela do imposto de renda). “O mundo está mudando e é hora do Brasil mudar”,  disse ele em recente entrevista. Certamente, não é essa a mudança que os brasileiros esperam!

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