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Ambiente de negócios é falho no RN

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Andrielle Mendes – repórter

O Rio Grande do Norte é um dos estados menos preparados para receber o fluxo de investimento estrangeiro previsto para os próximos anos com a estabilidade econômica interna e a proximidade da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Entre os 26 estados e Distrito Federal, o RN aparece na 23ª posição, como um dos piores ambientes de negócios no país. No Nordeste, fica na frente apenas do Maranhão e do Piauí, o pior do Brasil. Pernambuco e Ceará, por outro lado, estão entre os 15 mais bem preparados do país. Os dados fazem parte do primeiro ranking de gestão dos estados brasileiros, elaborado pelo grupo inglês Economist, e publicado  na revista Veja.
Problemas nas estradas estão entre os gargalos que tornam o ambiente potiguar desfavorável para os investidores, segundo o estudo
O estado ficou abaixo da média nacional nas oito categorias avaliadas, incluindo ambientes político e econômico, política para investimentos estrangeiros, infraestrutura, recursos humanos, sustentabilidade, tributos e inovação. Na categoria infraestrutura, por exemplo, o estado obteve média zero, junto a outros nove estados. Além disso, está entre os sete piores em incentivos para investimentos e políticas para (atração de) capital estrangeiro. “A situação é lamentável”, diz o economista Marcus Guedes, diretor executivo da Fecomércio. Segundo ele, nessas condições, nenhum investidor externo (e interno) irá concentrar suas possibilidades de investimentos no RN. “As decisões desses investidores estarão voltadas para ambientes de negócios mais propícios a um melhor retorno para os seus investimentos”, observa.

Segundo matéria que acompanha o ranking, na Veja, estabilidade política e econômica, crescimento do mercado consumidor e incentivos fiscais fazem do Brasil um país atraente para os investidores estrangeiros. Mas nem todos os estados conseguem aproveitar essa oportunidade como deveriam. O RN é um deles. Embora tenha obtido uma boa média na subcategoria crescimento do mercado, ficando na frente de Estados com São Paulo e Rio de Janeiro, o estado tem uma das dez piores redes de estradas do Brasil. Segundo o estudo, deficiências de infraestrutura prejudicam a atuação das empresas e elevam custos de logística, afugentando os investidores. A fruticultura, um dos carros chefes da economia potiguar, é um dos setores mais prejudicados no estado. Os produtores de melão chegam a exportar até 70% de sua produção através de estados vizinhos por falta de condições.

Para o economista Aldemir Freire, chefe da unidade potiguar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), falhas na infraestrutura impedem o crescimento mais rápido do Rio Grande do Norte. “Sem infraestrutura, o estado continuará crescendo menos que os outros”, afirmou, em  entrevista à Tribuna do Norte, no último dia 18. Amaro Sales, presidente da Federação das indústrias do RN, mostrou-se preocupado. “Indústrias se instalam em estados que contam com bons portos, estradas e aeroportos. Quem oferecer as melhores condições, leva os investimentos”, diz.

Segundo o estudo,  até os estados mais avançados devem realizar melhorias se desejam atrair investimentos. “O Brasil está entrando em um período de crescimento econômico mais lento. Os governos estatais não devem deixar de realizar melhorias nas áreas destacadas como as mais preocupantes neste estudo”. De acordo com o levantamento, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e Santa Catarina são os únicos que apresentam um bom ambiente de negócios para quem quer investir no setor produtivo do país.

Governo do Estado contesta parte dos dados

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, contestou a posição do RN no ranking elaborado pelo grupo inglês Economist e publicado na Veja. “Isso não é verdade”, reagiu. Segundo ele, o Estado receberá cerca de R$ 35 bilhões, entre investimentos nacionais e estrangeiros, nos próximos quatro anos. “Poucos  receberão mais investimentos que o RN. Isso não foi considerado na pesquisa”, afirmou. Só a eólica, segundo Benito, investirá mais de R$ 11 bilhões no Rio Grande do Norte nos próximos quatro anos.

Apesar do otimismo, o secretário reconhece que a infraestrutura é deficitária. “Só não concordo que o estado tenha uma das piores redes de estradas do país. A BR 101 foi duplicada e a BR 304 está em boas condições. O que falta é estrada para escoar a produção”. Para a governadora Rosalba Ciarlini, porém, o resultado não surpreende. “A revista mostrou com toda clareza como nosso estado vinha sendo administrado. 2011 é reflexo dos anos passados. (O estudo) confirma o que eu já dizia. Encontrei um estado com um desequilíbrio muito grande”, completou.

Bate-papo

» Marcus Guedes, economista

Levantamento do grupo Economist revelou que o RN é um dos Estados menos preparados para receber investimentos estrangeiros. Como mudar esta realidade?

Melhorando o nível de investimento nos campos em que se mostra deficiente, entre eles, capacitação de mão de obra e infraestrutura, o que favorecerá a logística. Alie-se a isso, incentivos financeiros para a instalação de novos empreendimentos, redução da carga tributária e redução da burocracia.

O que dizer da infraestrutura potiguar, que obteve média zero?

A posição apontada pelo estudo nos deixa numa situação extremamente delicada. É notório que não temos uma infraestrutura portuária e aeroportuária que satisfaça o melhor escoamento da produção para outros estados e/ou outros países. Quanto às estradas, questiona-se a capacidade das vias de acesso terem condições de suportar um tráfego pesado de veículos, transportando insumos e produtos acabados em condições plenamente satisfatórias.

Como a falta de infraestrutura afeta a atração de investimentos?

Se não tivermos estradas, portos, aeroportos, telecomunicações em níveis de alta competitividade, fatalmente não teremos os olhares dos investidores voltados para cá.

Incentivar investimentos e criar políticas para atrair capital estrangeiro seria uma saída? Como fazer isso?

Não penso que atrair apenas o capital estrangeiro seria uma saída. Ainda temos grupos empresariais nacionais, empreendedores nacionais, que poderiam encontrar no RN um ambiente favorável aos seus novos negócios. Mas é essencial que o Estado contemple esses investidores com vantagens competitivas. Não será uma tarefa fácil, dada as nossas atuais condições de infraestrutura. Temos de repensar as nossas políticas de atração de investimentos, o mais rápido possível.

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