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Amiga de Eloá afirma que Lindemberg queria matar

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A Justiça de São Paulo deu início, ontem, ao julgamento de Lindemberg Alves pelo assassinato da jovem Eloá Pimentel. O crime ocorreu em outubro de 2008, após Lindembrg ter invadido o apartamento onde Eloá, a ex-namorada, morava, fazendo ela e mais três amigos de reféns por cerca de 100 horas. Um forte aparato de segurança cerca o Fórum de Santo André, no ABC Paulista. O julgamento pode durar entre três e quatro dias. Segundo os primeiros depoimentos das testemunhas de acusação, Lindemberg teve a intenção de matar a namorada desde o início.
Lindemberg Alves, no banco dos réus, nunca deu sua versão sobre o assassinato da ex-namorada
Nayara Rodrigues da Silva, melhor amiga de Eloá e a refém que ficou com ela até o desfecho do caso, quando a PM invadiu o apartamento, começou a prestar depoimento por volta das 15h e respondeu as perguntas da promotoria até as 17h. Ela é a principal testemunha de acusação.

Antes de entrar na sala do juri, Nayara pediu para que Lindemberg Alves fosse retirado do local. Segundo Nayara, Lindemberg atirou nela em Eloá antes que a polícia entrasse no apartamento da vítima. Ela disse ainda que foi agredida por Lindemberg e que ele disse que iria matar as reféns. Ele arrastou uma mesa para bloquear a porta, Nayara se cobriu com um edredon para se proteger, e, então, a testemunha ouviu três disparos. Após o incidente, os policiais chutaram a porta para entrar na casa.

Nayara chegou a ser liberada pelo sequestrado, mas explicou que voltou ao local do sequestro dizendo que um policial garantiu que ela seria proteida e facilitaria as negociações.

“Lindemberg agrediu várias vezes a Eloá enquanto nos mantinha reféns”, disse Nayara. Para a jovem, o acusado queria se livrar dela para ficar sozinho com Eloá. “Quando eu voltei ao apartamento, ela estava bastante machucada. (…) Eloá dizia o tempo todo que sabia que ia morrer”, declarou Nayara, que foi ferida por um tiro no rosto quando a polícia invadiu o local.

A jovem afirmou que ouviu três disparos antes da entrada da polícia no apartamento —o que comprova a tese da acusação, de que os tiros partiram do réu e não da polícia.

A amiga de Eloá também falou sobre o comportamento do ex-namorado da vítima. “Lindemberg passou a perseguir a Eloá depois que eles terminaram o namoro”, completou. Já sobre o comportamento do réu durante o cárcere, ela afirmou que Lindemberg dava risada e se vangloriava pela repercussão do caso na mídia. “Na televisão só passava isso [relatos do caso]”, disse Nayara.

Depois dela foram ouvidos os dois rapazes que também estavam no apartamento no momento da invasão. Ele dizia que ia fazer uma besteira”, disse Victor Lopes de Campos respondendo às perguntas da promotora Daniela Hashimoto. Já Iago Oliveira afirma que: “Ele ameaçava a Eloá a toda hora, e dizia que ela não ia sair viva de lá: ou ele ia matar todo mundo e se matar, ou matar a Eloá e se matar”. Segundo ele, Eloá pediu desculpas aos amigos diversas vezes pela situação.

Ainda de acordo com Iago, Lindemberg perguntava “como ia ficar a cara dele lá fora já que ele entrou com um objetivo” e não poderia sair como se nada tivesse acontecido. O amigo da vítima relatou que ainda sofre traumas por causa do cárcere. “Não consigo ficar em ambiente fechado e abafado, de onde eu não possa sair a hora que eu quiser”, disse. “Fiz tratamento psicológico para me curar do trauma.”

Defesa afirma: réu “é um bom rapaz”

No começo do primeiro dia de julgamento foram exibidas reportagens de diversas emissoras de televisão, incluindo uma entrevista com o réu e trechos das negociações com a polícia.

Durante esse período inicial, Lindemberg manteve o olhar sempre fixo para frente –onde ficam os jurados, que assistiam aos vídeos– e as mãos juntas entre as pernas, sem esboçar nenhuma reação. Lindemberg chegou ao fórum por volta das 8h15. “Ele está calmo, mas ao mesmo tempo nervoso”, disse a advogada do réu, Ana Lúcia Assad. “Espero que os jurados venham desarmados, prontos para receber a versão do menino. Ele é um bom rapaz.”

De acordo com a advogada, o acusado vai falar pela primeira vez sobre o caso. “Dessa vez ele vai falar, Lindemberg vai expor a versão dele dos fatos”, comentou. A linha da defesa é que a imprensa –que realizou entrevistas com o réu durante o período do cárcere– e a polícia também contribuíram para a tragédia.

Já a promotora Daniela Hashimoto irá sustentar que Lindemberg é um jovem agressivo e possessivo, e que premeditou o assassinato de Eloá. Para a promotora, Lindemberg só não cometeu o crime assim que chegou à casa porque queria explicações dela sobre o motivo do fim do relacionamento.

No começo do julgamento, a juíza Milena Dias aceitou um pedido da defesa e autorizou a inclusão da mãe e do irmão mais novo da jovem como testemunhas. A promotora Daniela Hashimoto se manifestou contrária ao pedido Assad chegou a ameaçar deixar o plenário caso a mãe de Eloá não fosse relacionada como testemunha.

Com as alterações, Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, será ouvida no lugar do perito Nelson Gonçalves. O irmão mais novo da vítima, Everton Douglas, que também era amigo de Lindemberg, será ouvido no lugar da jornalista Ana Paula Neves. Os jornalistas Sonia Abrão, Roberto Cabrini e Gotino, e o perito Ricardo Molina –todos chamados a depor– foram dispensados.

Ao todo, serão ouvidas 15 testemunhas. As testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público são Nayara Rodrigues, Vitor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira – amigos de Eloá que estavam no apartamento dela quando Lindemberg o invadiu–, Ronickson Pimentel, irmão mais velho da vítima, e o sargento Atos Valeriano, que participou da negociação para libertação das reféns e também foi baleado.

As testemunhas da defesa são: a mãe e o irmão mais novo de Eloá, Marcos Antonio Cabello (advogado que participou das negociações), Rodrigo Hidalgo, Márcio Campos, Dairse Aparecida Pereira Lopes, Hélio Rodrigues Ramacciotti, Sergio Luditza, Adriano Giovanini e Paulo Sergio Squiavo.

O julgamento

O julgamento de Lindemberg Alves começou ontem  com o sorteio dos jurados. De um grupo de 25 pessoas, sete foram sorteadas para compor o júri: seis homens e uma mulher.

Depois da escolha dos jurados, foram chamadas as testemunhas convocadas pelo Ministério Público para a acusação. Na sequência, as testemunhas da defesa serão ouvidas, o que só deverá ocorrer hoje.

Após os depoimentos, o réu, então, será interrogado. Lindemberg, que até agora se recusou a falar, poderá permanecer calado.

Após essa etapa, os debates são abertos, com uma hora e meia para a acusação e uma hora e meia para a defesa (além da réplica e da tréplica).

A previsão é de que o julgamento se estenda até amanhã ou, possivelmente, até a quinta-feira de madrugada.

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