A década de 1990 foi marcada por grandes e inesperadas mudanças políticas e econômicas no país. O fervor cívico decorrente da campanha das Diretas Já não foi suficiente para convencer o Congresso. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº05/1983, apresentada pelo Deputado Federal Dante de Oliveira (PMDB-MT), estabelecia as eleições diretas para presidente da República. Por se tratar de uma emenda constitucional, era necessário votos favoráveis de dois terços da Câmara dos Deputados (320 votos) para que a proposta seguisse ao Senado. O resultado da votação, no dia 25 de abril de 1984, foi: 298 deputados a favor; 65 contra; 3 abstenções e 113 ausências ao plenário.
A eleição direta não veio, mas a campanha nas ruas pela redemocratização do país culminou com a Constituição de 1988 e o fervor cívico assumiu um novo viés. Em 15 de março de 1990, tomou posse o primeiro presidente eleito desde 1960 pelo voto direto, Fernando Collor de Melo. No dia seguinte, foi lançado o pacote econômico que ficou conhecido como “O Plano Collor”. O confisco de ativos financeiros (incluindo a poupança) e volta do cruzeiro como moeda nacional impactaram a economia, mas não conseguiu eliminar a inflação nem equilibrar as gastos públicos. Com o fracasso e a reação popular as primeiras medidas, ainda dentro com vistas ao controle da inflação, o presidente lança o Plano Collor 2, congelando preços e acabando a correção monetária.
Em outubro de 1991, o Papa João Paulo II faz a sua segunda visita ao Brasil e vem a Natal, reunindo mais de 150 mil fiéis no Papódromo para o encerramento do XII Congresso Eucarístico Nacional. Um dos expoentes da assistência social no Brasil, Irmã Dulce, morreu na Bahia em março de 1992. Mesmo ano no qual o irmão do presidente, Pedro Collor, denunciou um esquema de corrupção no Governo Federal. Aberta uma CPI, os bens do assessor de Collor, PC Farias, são sequestrados pela Justiça. Collor é afastado do poder e o vice, Itamar Franco, assume.
Em São Paulo, 111 detentos morrem durante uma Rebelião do Carandiru. Ulysses Guimarães, um dos principais autores da Constituição de 1988, morreu num acidente aéreo em Angra dos Reis. O corpo dele jamais foi encontrado. Em novembro, Fernando Collor de Melo renuncia ao cargo de presidente e Itamar Franco assume a Presidência até as próximas Eleições. A dramaturgia e a população brasileira choraram a morte da atriz Daniela Perez, filha da escritora Glória Perez. Daniela foi brutalmente assassinada pelo também ator à época, Guilherme de Pádua e a esposa, Paula Thomaz. Daniela e Guilherme faziam par romântico na novela De Corpo e Alma, escrita pela mãe da atriz. Os assassinos cumpriram pena e estão em liberdade hoje.
Em Brasília, Fernando Henrique Cardoso assume o Ministério da Fazenda em 1993 e inicia o processo de mudança da política monetária brasileira. Paulo César Farias, cúmplice de Collor, tem a prisão decretada e foge para a Tailândia, onde é preso e trazido de volta ao Brasil. Em março de 1994, o Governo Federal lançou o Plano Real. A nova moeda começou a circular em agosto do mesmo ano. Brasileiros mundo afora vibraram com a conquista do Tetracampeonato de Futebol pela seleção brasileira.
Paulo César Farias, assessor de Collor, é encontrado morto em Alagoas ao lado da namorada. No Rio Grande do Norte, um ex-atirador de elite do Exército mata 15 pessoas em Santo Antônio dos Barreiros. Num ano de perdas, a princesa de Gales, Lady Diana, morreu num acidente automobilístico em Paris. Madre Tereza de Calcutá morreu, de causas naturais, na Índia.
O 1º de Maio de 1994 se tornou uma data trágica para o automobilismo e, principalmente, para os brasileiros. Ayrton Senna da Silva, o maior piloto de Fórmula 1 que o Brasil já teve morreu após colidir com o muro de proteção na saída da curva Tamburello, em Ímola, Itália.
A TRIBUNA DO NORTE, publicou na sua edição daquele fatídico domingo, a seguinte manchete: “O prêmio da morte”. O tricampeão mundial de Fórmula 1, um dos mais aclamados atletas brasileiros da história, foi enterrado em São Paulo com honras de Estado.
