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Árvore em Arês aguça imaginação dos moradores

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“O senhor poderia me informar onde fica o pé de gelo?”. A pergunta poderia parecer estranha em qualquer lugar do mundo, mas não em Arês, cidade de 12 mil habitantes, localizada a 58 km de Natal. No último fim de semana, a notícia que em uma pequena propriedade da zona rural da cidade havia uma árvore de onde brotava “gelo” se espalhou, atraindo a imprensa, curiosos, místicos e importunando a vida da dona do pequeno sítio, Erundina Félix dos Santos, mais conhecida naquelas redondezas como dona Nina.

Erundina Félix, dona do sítio, mostra o fenômeno da SicupiraA reportagem da TN visitou a casa de dona Nina para ver de perto o fenômeno natural. Infelizmente, a árvore misteriosa pareceu se cansar de seu “milagre” e havia interrompido a produção contínua de “gelo”, que perdurou da última quinta-feira até o domingo. Ao invés disso, o exemplar de Sicupira, uma árvore que não dá frutos, mas brota flores roxas, derramava “água gelada” pelo chão. Embora o fenômeno estivesse ausente, a reportagem encontrou um outro, cultural e não menos impressionante. Os habitantes de Arês passaram a visitar, desde o último sábado, aos montes, a árvore de dona Nina, provocando danos no sítio.

Segundo a dona do sítio, as pessoas guardam uma relação curiosa com a sua árvore. Alguns dizem ser milagre, obra de Deus. Outros dizem que é feitiço. Algumas pessoas chegaram a lavar o rosto com a água que pinga da árvore, como se o contato com o líquido trouxesse sorte ou provocasse um contato especial com o divino. Já Erundina Félix dos Santos não descarta a possibilidade de ser castigo. “Briguei com meu marido para que ele não cortasse a árvore, isso antes dela começar a botar “gelo”. Eu sempre vinha sentar aqui debaixo com os meninos e a flor da Sicupira é tão bonita que eu acabei pegando um amor por ela”, especula dona Nina.

Como a notícia se espalhou rapidamente após uma visita da rádio local, o fluxo de pessoas é muito grande no sítio. Os visitantes chegam em grande número e, quando saem, deixam um rastro de destruição. Os pés de coco, o abacateiro, as bananeiras, tudo destroçado. “Está me dando prejuízo”, desabafa dona Nina, que vive e sustenta os dois filhos comendo o que planta e colhe. 

A visão da ciência

De acordo com a professora Cristina Elizabete, do Departamento de Biologia da UFRN, não é possível fazer um diagnóstico do fenômeno sem um estudo mais demorado. “Eu precisaria visitar a árvore para concluir alguma coisa”, diz a professora. No entanto, é comum que algumas árvores típicas da Mata Atlântica, como a Sicupira, “transpirem”, expelindo água. “É como a seringueira, que secreta o látex”. Contudo, a possibilidade de que realmente “brote gelo” das folhas da árvore de dona Nina é mínima. “Não conheço nenhum fenômeno que possibilite uma árvore secretar gelo”.

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