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As grandes reportagens

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A crise do Governo Vargas e o suicídio do presidente que levou a ascensão do potiguar Café Filho à Presidência da República; a chegada da energia elétrica de Paulo Afonso ao Rio Grande do Norte; as secas que, frequentemente, assolam o Nordeste; a ascensão e queda de políticos mundo afora; as guerras; os desastres naturais; as Copas do Mundo; os casos de corrupção no Brasil e no estado potiguar… Tudo isso e mais algumas coisas foram notícias na TRIBUNA DO NORTE ao longo dos últimos 65 anos. Alguns casos se tornaram emblemáticos e farão parte da memória jornalística por muitos anos. Relembre, alguma das grandes coberturas jornalísticas da TRIBUNA DO NORTE que renderam referências em outros veículos de comunicação nacionais e internacionais, além de prêmios.
O inverno rigoroso, registrado no ano de 2008, provocou inundações na capital e em áreas economicamente importantes para o Rio Grande do Norte (acima), deixando prejuízos sentidos até hoje
1982 – O acidente em Igapó 
O dia 29 de novembro amanheceu igual e comum, como dos os outros dias, para a maioria dos homens e mulheres que saiam cedo para o trabalho e lotavam os pontos de ônibus nas proximidades da fábrica da Coteminas, no bairro Igapó, zona Norte de Natal. Uma kombi desgovernada, porém, bateu contra um poste de alta tensão e o dia se transformou em um pesadelo para mais de 100 famílias.

Vinte e seis pessoas morreram na hora em decorrência do choque elétrico estimado em 69 mil volts. Outros 85 ficaram feridos, com queimaduras de primeiro, segundo e/ou terceiro graus, incluindo crianças. O causador do acidente, aproveitando o desespero dos feridos e seus familiares, acabou fugindo do Pronto-Socorro Walfredo Gurgel, após ser atendido.

A Cosern se eximiu da culpa, alegando que todos os procedimentos de segurança foram seguidos à época. Negou, inclusive, que a energia que passava pelo fio derrubado foi religada enquanto o socorro às vítimas era feito, provocando mais mortes e ferimentos em outras pessoas. Os caixões dos mortos no acidente foram pagos pela Companhia, única ajuda até hoje registrada por muitas das famílias que sofreram perdar na ocasião. No dia posterior ao acidente, o bairro de Igapó parou para velar os mortos e realizar os enterros. Das 26 vitimas fatais pela descarga elétrica, 15 foram enterrados no mesmo horário, após uma missa campal na praça principal do bairro. O funeral coletivo foi marcado pela comoção de parentes e amigos.

1997 – Dia de fúria 
O pacato distrito de Santo Antônio dos Barreiros, nas proximidades de São Gonçalo do Amarante, foi o cenário da maior chacina do Rio Grande do Norte até hoje. Revoltado com boatos sobre sua sexualidade, o ex-atirador de elite do Exército Brasileiro, Genildo Ferreira de França, à época com 27 anos, armado com um revólver calibre 38 e uma pistola 765, executou familiares, amigos e vizinhos e depois cometeu suicídio. Ao longo de mais de 12 horas de terror, no dia 22 de maio, Genildo fez de reféns a própria filha de cinco anos e uma adolescente de 16 anos, usando-as como escudo humano durante a perseguição policial de que foi alvo.
Entre os mortos, estavam as duas ex-mulheres de Genildo, a mãe da companheira dele à época e o sogro, além de amigos próximos ao ex-militar, um sargento da PM encarregado da delegacia distrital  e outras pessoas que sequer o conheciam.

Para cinco mortes ele contou com a ajuda de Francisco Ramos, que conduzia as vítimas ao local do homicídio e, depois, ocultava os corpos. Numa carta deixada aos familiares, Genildo Ferreira de França negou ser homossexual e que o “caboeta” que havia levantado tal “falso testemunho” estava morto.  Um caminhoneiro que passa em frente a casa onde ele morava, na hora dos crimes, também acabou assassinado.

A ação policial para capturar Genildo envolveu mais de 100 policiais, entre civis e militares. Cercado em uma área de mangues, às margens do rio Potengi, ele liberou a adolescente e a filha, mas atirou no próprio peito para evitar se capturado.

2008 – Enchentes no RN
Um ano atípico. O cenário era desejado por qualquer sertanejo, mas acabou se transformando em catástrofe natural. As chuvas que caíram no Rio Grande do Norte em abril de 2008 deixaram rastros de destruição em diversos municípios da região Oeste. Cidades foram alagadas, plantações de frutas para exportação, lavouras de subsistênia foram devastadas e fazendas de camarão arrasadas pela enxurrada. Vários reservatórios públicos e privados transbordaram em níveis nunca antes registrados, incluindo a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório artificial de superfície do estado potiguar. Cidades do Oeste potiguar como Ipanguaçu, Macau, Porto do Mangue, Açu e distritos menores ficaram alagadas e a população sofreu com as consequências das chuvas.

No litoral, na Região Metropolitana de Natal, a situação não foi diferente. Em Macaíba, as casas e lojas do Centro amanheceram alagadas. A rodoviária da cidade, que fica na rua Heráclito Vilar, ficou tomada pelas águas. Nenhuma loja da rua abriu no dia 3 de julho de 2008. Em Natal, o bairro de Morro Branco teve várias de suas vias interditadas pelas chuvas. Já no Centro da cidade, mais de 30 metros de uma calçada foi arrancado pela chuva, entre a continuação da avenida Floriano Peixoto e a avenida General Gustavo de Farias, na descida para a Ribeira.

Em apenas dois dias, Natal ultrapassou a média histórica para todo o mês de julho. Com 216 mm registrados pela Emparn naquele ano. Não somente na capital, mas em muitas cidades do interior do estado, inúmeras famílias perderam tudo com as chuvas.

2012 – O flagelo da seca
Quatro anos após a destruição das enchentes, foi o cenário desolador da estiagem que se abateu sobre o homem do campo potiguar. A TRIBUNA DO NORTE produziu uma série de reportagens para mostrar esse drama.

A equipe do jornal percorreu 900 quilômetros, do Agreste potiguar ao Médio Oeste; entrando e saindo de fazendas e povoados; atravessando riachos secos; margeando barreiros que minguam a cada dia; conhecendo agricultores sem roçados e pecuaristas sem rebanhos; ouvindo histórias de velhos sertanejos com a memória cheia de sol; encontrando jovens desdenhosos da terra e herdeiros das ajudas oficiais do governo; homens a quem a esperança parece ter enraizado no chão e a experiência ensinou a conviver com a falta de chuvas no semiárido potiguar.

A seca colocou, naquele ano, 139 municípios potiguares em emergência reconhecida, produziu miséria e desolação. Sem pasto, e quase sem água nos açudes, barreiros e poços, o rebanho bovino do semiárido sucumbiu. Em meio à caatinga, os animais caíam e, sem forças para se reerguer, morriam. Em todo Estado, a população rural atingida foi de 500 mil pessoas, o que representava cerca de 120 mil famílias. A estiagem se prolongou pelos dois anos seguintes e a pecuária ainda tenta se recuperar das perdas nos rebanhos.

2012 – Escândalo dos precatórios
Na capital, o ano foi marcado por um escândalo sem precedentes no Judiciário potiguar. Uma suspeita e a confirmação de um esquema de corrupção instalou uma crise no Tribunal de Justiça. Fortes indícios de desvio de recursos no setor de precatórios começaram a ser investigados, em janeiro de 2012, com a exoneração de Carla Ubarana. Ela era a chefe do setor e a principal suspeita de ter desviado dinheiro repassado por Prefeituras, Governo do Estado e União.

Uma comissão para averiguar o que de fato havia acontecido foi instalada no dia 10. Treze dias depois a presidente do TJ, Judite Nunes, entregou ao Ministério Público Estadual um relatório que serviria de base para uma investigação mais aprofundada. Além do MPE e do próprio TJ, o Tribunal de Contas do Estado realizou uma inspeção extraordinária para quantificar o montante final dos desvios.

A Operação Judas, do MPE,  levou à prisão Carla e o marido, George, além de outras pessoas apontadas como laranjas no esquema. O MPE, com auxílio dos agentes da Polícia Civil, cumpriu seis mandados de prisão, busca e apreensão expedidos pelo juiz Armando Ponte. Passados alguns dias na prisão, Carla e o marido decidem delatar o esquema. Incluem, nos atos corruptivos, os desembargadores Rafael Godeiro Sobrinho e Osvaldo Cruz.

Os indícios de participação levam o Conselho Nacional de Justiça a determinar o afastamentos dos desembargadores do TJRN e, como medida punitiva, a aposentadoria compulsória. Carla e George perderam bens, foram condenados e cumprem pena em regime semiaberto. Os desembargadores aposentados ainda não foram condenados criminalmente. O esquema desviou mais de R$ 14 milhões.

2012 – O afastamento de Micarla da Prefeitura
Da candidata mais votada, campeã da disputa pela Prefeitura de Natal no primeiro turno, à prefeita afastada do Executivo Municipal sob a suspeita de participação num complexo esquema de corrupção nas Secretarias Municipais. A ascensão e as crises política e administrativa que marcaram a era Micarla de Sousa teve seu ápice no dia 31 de outubro de 2012, quando uma decisão liminar do desembargador Amaury Moura a afastou do cargo a pedido do então  procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre de Souza Neto.  

As provas dos fatos que motivaram a saída de Micarla de Souza do poder até hoje não foram publicizadas nem qualquer sentença judicial foi proferida contra ela. O Ministério Público Estadual, porém, afirma que a então prefeita tinha ligação com o esquema de desvio de recursos públicos revelados através da Operação Assepsia, que levou à prisão pelo menos três secretários municipais à época. Micarla e os demais réus no processo respondem às acusações até hoje no âmbito das Justiças Estadual e Federal. Micarla abandonou a vida política e, recentemente, teve um pedido para morar nos Estados Unidos negado pela Justiça Federal.
Durante a Copa do Mundo de 2014, Natal viu o confronto entre dois campeõs mundias. Uruguai e Italia empataram na Arena das Dunas, mas a emoção do jogo ficou na memória dos natalenses
2014 – A Copa do Mundo em Natal
Em 2009, quando o anúncio da escolha de Natal como uma das cidades-sede da Copa do Mundo do Brasil em 2014 ocorreu, a euforia tomou conta da população e, principalmente, dos chefes dos Executivos Municipal e Estadual à época. O tempo passou, o dispêndio de recursos em projetos de infraestrutura e de um novo estádio ultrapassaram os R$ 30 milhões e pouco saiu do papel até 2012.

O risco de Natal ser excluída do Mundial da Fifa era iminente e foi preciso muito diálogo político para que a exclusão não se oficializasse. Superados os desafios iniciais e com o mínimo necessário à realização dos jogos garantido – estádio e obras de mobilidade no entorno parcialmente concluídas – o espetáculo começou.

Foram quatro jogos disputados na cidade. México 1 x 0 Camarões, Gana 1 x 2 EUA, Japão 0 x 0 Grécia e Itália 0 x 1 Uruguai. Nesta primeira fase, Natal teve a pior média de gols entre as cidades-sede. No entanto, as invasões norte-americanas, mexicanas, japonesas e uruguaias superaram a falta de inspiração dos artilheiros dentro de campo. O sucesso de público, porém, foi garantido.

Suarez imortalizou sua passagem pelo Mundial ao morder o italiano Chiellini, num jogo sofrido. Natal ganhou as telas das Tvs e páginas de jornais mundo afora e foi escolhida como uma das três melhores cidades-sede da Copa de 2014.

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