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Assassino de Lúcia Maria é preso

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Gabriela Freire e Alex Costa – repórteres

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte prendeu Wagner Gomes de Lima, 36, autor do crime que tirou a vida da dona de casa Lúcia Maria Vanderlei Montenegro, 56, morta a facada na noite de segunda-feira na avenida Bernardo Vieira. A prisão ocorreu na cidade de Nova Cruz, distante 93km de Natal, região Agreste do Estado, no início da noite de ontem. Wagner Gomes de Lima confessou o assassinato.
Familiares enterraram ontem à tarde o corpo de Maria Lúcia
Segundo informações ele é ex-presidiário e já teria respondido pelo crime de estupro. As informações foram confirmadas pelo delegado-geral de Polícia Civil Fábio Rogério. Uma coletiva de imprensa para repassar os detalhes da prisão está prevista ainda para hoje. De acordo com o delegado geral, o autor do crime estava na casa de familiares e a Polícia Civil chegou até o local após uma denúncia anônima. “Com base nessa informação entramos em contato com os policiais em Nova Cruz e eles realizaram a prisão”. O assassino confesso não teria apresentado resistência no momento da prisão. O Chevette, com marcas de batidas, também foi apreendido.

#SAIBAMAIS#Policiais civis se deslocaram até a cidade de Nova Cruz, ainda na noite de ontem, para transferir o preso para o núcleo de custódia aqui em Natal. A expectativa era de interrogá-lo durante toda a noite para que toda a parte cartorária estivesse pronta já na manhã de hoje. A prisão preventiva deve ser decretada ainda hoje. Como a prisão correu menos de 24 horas após o crime, ele será autuado em flagrante. Para Fábio Rogério “o trabalho incansável da Polícia Civil prendeu esse indivíduo, autor de imensa covardia”.

O delegado Roberto Andrade, da Delegacia de Homicídios (Dehom) foi designado para apurar o crime e preferiu não dar mais detalhes sobre a prisão. Pela manhã, destacou a aleatoriedade do crime. “Pela forma como foi narrado esse lamentável crime, essa situação poderia ter acontecido com qualquer pessoa envolvida no acidente”, afirmou.

“Hoje você vai morrer”. Secas, como os golpes executados contra mãe e filho, foram as palavras proferidas pelo homem que matou a dona de casa Lúcia Maria Vanderlei Montenegro, 56 anos, e feriu seu filho mais novo, Ruthenio Antônio Vanderlei Montenegro, 26 anos, na noite de segunda-feira. De acordo com a estudante Sibela Peixe, 20 anos, namorada de Ruthenio, o assassino teria dito isso antes de começar a golpear o jovem. As informações foram repassadas à estudante pelo filho mais velho da dona de casa, Roberdan Júnior, que visitou o irmão no hospital na manhã de ontem.

A dona de casa Lúcia Montenegro foi assassinada na noite de quinta-feira quando defendia o filho mais novo do ataque de Wagner Gomes de Lima. A faca utilizada no crime atingiu o coração da dona de casa. Já Ruthenio Montenegro foi atingido com oito cutiladas na área do peito e pescoço. O estado de saúde dele é estável.

“Quem ama cuida, quem ama protege…”

“Quem ama cuida, quem ama protege. Quem ama vive por aquelas pessoas que fazem de você uma lição de vida”. Quando o jovem Ruthenio Antônio Vanderlei Montenegro, de 26 anos, escreveu essa frase em seu perfil do Facebook, o jovem não imaginava que essas palavras se tornariam tão reais, em tão pouco tempo. Às 20h20 da noite de segunda-feira, em meio a uma agressão a golpes de faca, motivada por um simples choque entre veículos no trânsito, dona Lúcia, sua mãe, de 56 anos, não pensou duas vezes: correu para socorrer o filho acutilado, sem razão, por um homem então desconhecido. Terminou atingida no coração e não resistiu aos ferimentos.
Em rede social, Ruthenio declara amor à família e à mãe, Maria Lúcia (foto). Ela fez questão de acompanhar o filho à zona Norte
O autor do esfaqueamento, Wagner Gomes de Lima, era o condutor de um Chevette branco/bege, causador do choque em cadeia entre três veículos na avenida Bernardo Vieira, na altura do bairro das Quintas. Segundo testemunhas, dois minutos após o acidente, quando se pensava que ele tinha se evadido do local, e provocou uma tragédia inesperada. Enquanto Ruthenio ligava para a polícia, pedindo a perícia do acidente, o condutor do Chevette parou o carro no sentido contrário da avenida, atravessou a rua, e esfaqueou o jovem com oito facadas em várias partes do corpo.

Lúcia Montenegro, que estava no carro, avançou no agressor em defesa do filho, e foi atingida com um golpe no coração. Os momentos que se seguiram foram de mais dor. O motorista  fugiu deixando a família sem pistas sobre o seu paradeiro. Ruthenio foi levado para o hospital em estado grave e entrou com urgência na sala de cirurgia. Dona Lúcia foi atendida pelas equipes do Serviço Ambulatório Móvel de Urgência, foi encaminhada junto com o filho para o pronto-socorro Clóvis Sarinho, mas não resistiu e morreu na sala de cirurgia.

A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE voltou ao local do crime, no final da manhã de ontem. No sinal da avenida Bernardo Vieira, sentido Norte-Sul, à frente do depósito do Vale do Pará, marcas de sangue realçavam o cenário trágico. Segundo informações do aposentado Ivan Ferreira, morador de uma casa em frente ao cenário do crime, o seu sono foi interrompido por gritos de socorro das vítimas. “Quando eu saí de casa, parecia uma cena de guerra. Era a senhora caída para um lado, o rapaz do outro todo ensangüentado. Todo tempo ele chamava pela mãe. Queria saber se ela estava bem”, contou Ivan.

Segundo informações da assessoria de imprensa do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, o estado de saúde de Ruthenio já era considerado estável e o jovem foi transferido para uma enfermaria, ainda no início da tarde de ontem. No Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), o filho mais velho de dona Lúcia, acompanhado da esposa, cuidavam da liberação do corpo para sepultamento.

Roberdan Montenegro Júnior chegou ao Itep por volta das 10h30 com o semblante abalado e, em choque, falou poucas palavras à equipe de reportagem. Luciene Lima, nora de dona Lúcia, disse que toda a família está destroçada. “Estamos com o coração tão parecido quanto o da dona Lúcia: partido ao meio”, falou chorando. Segundo ela, até a tarde de ontem o jovem Ruthenio, internado no hospital, desconhecia a notícia do falecimento da mãe.

“Ele já perguntou por ela duas vezes: uma quando acordou após a cirurgia, de madrugada, e outra pela manhã”, contou Luciene. Ainda de acordo com a nora, a família Montenegro é extremamente pacífica e não existe a chance de Ruthenio ter entrado em atrito com o condutor do Chevette.

Testemunhas que estavam no  Pálio, atingido diretamente pelo Chevette, relataram aos policiais do 9º Batalhão de Polícia Militar que não houve confronto ou nenhum tipo de discussão entre os envolvidos no choque. De acordo com informações de Luciene Lima, nora de Lúcia Montenegro, Ruthenio havia passado o final da tarde e o início da noite com a sua namorada, em sua residência, localizada no bairro do Alecrim.

Ruthenio voltava da zona Norte onde tinha ido deixar a namorada, Sibela Peixe. Dona Lúcia insistiu em ir com o filho. A dona de casa deixa três filhos e o marido. Sibela Peixe, comentou que a sogra temia que o filho dirigisse sozinho pela avenida, que considerava perigosa.

Motivo da violência foi banal, diz família

Uma salva de palmas quebrou o duro silêncio quando o caixão onde estava o corpo da dona de casa Lúcia Montenegro desceu ao túmulo da família, no Cemitério de Nova Descoberta. “Ela se foi como uma heroína vítima da violência”, disse um conhecido que preferiu não se identificar.

Mais cedo, familiares, amigos e curiosos participaram do velório para se despedir da dona de casa Lúcia Montenegro. “É um absurdo isso que aconteceu. Dona Lúcia sempre foi uma mulher dedicada integralmente à família. Estamos muitos chocados”, lamentou a nora Sibele Peixe. A violência e banalidade que caracterizam o assassinato despertou a atenção de curiosos. “Eu vim aqui como uma mãe de família que compreende o ato dela e está indignada com o tamanho da violência desse crime”, disse a dona de casa Lourdes Andrade. Ela não conhecia a família, mas soube do crime através da imprensa.

O clima de emoção que já tomava conta da capela de número 2 do Centro de Velório Vila Flor, no bairro de Nova Descoberta se intensificou quando, ainda no início da tarde, o arcebispo de Natal Dom Jaime Vieira esteve no local e deixou algumas palavras de conforto para a família. Ele acabara de celebrar missa de corpo presente na capela vizinha.

Roberdan Montenegro, tratava a esposa como “filha” e estava casado há 32 anos. Durante todo o velório permaneceu inconsolável ao lado do caixão, acompanhado do filho Ricksson Montenegro. Abalados, preferiram não falar com a imprensa.”Eles estão sem condições. O marido dela está sem comer desde ontem (segunda-feira) e não sabemos como está conseguindo se locomover”, disse a nora Luciene Lima.

Atualizada às 13h19 para correção de informações

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