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Audiovisual reivindica continuidade dos incentivos

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Em momentos de crise é preciso fazer escolhas, “cortar na própria carne” como costumam dizer, e o fomento cultural não está entre as prioridades da Prefeitura de Natal. Diante do risco de descontinuidade das ações de incentivo ao setor audiovisual, realizadores e artistas protestaram na manhã de quarta (2) em frente a Fundação Capitania das Artes e da sede do poder executivo municipal com faixas e cartazes que diziam “O cinema potiguar existe e resiste!!!” A intenção do ato, batizado “Claquetada Cultural”, visa garantir a manutenção do Cine Natal – edital criado em 2013 que viabiliza a produção de filmes e a promoção de festivais.
Profissionais de cinema de Natal fazem “claquetada” em frente à Funcarte e cobrampagamentos de filmes contemplados
Ainda não há sinais de que a Funcarte irá lançar uma versão 2015 do edital, e débitos relativos ao Cine Natal 2014 persistem: o prazo para pagamento do incentivo aos seis curtas-metragens contemplados é incerto, e o festival itinerante Urbanocine que aconteceria em agosto precisou ser adiado por falta de recursos.  “A Prefeitura precisa entender que incentivar o setor audiovisual significa investir em um segmento econômico que gera renda e fortalece a identidade cultural. Ter que ficar frisando isso o tempo inteiro para os gestores cansa”, disse Márcia Lohss, do Coletivo Caboré, diretora do curta “Três vezes Maria” premiado no Cine Natal 2013. “Fizemos o filme com R$ 20 mil (sendo R$ 15 mil via edital), a produção envolveu 32 pessoas que trabalharam por dois meses. Se fosse utilizar a tabela de Pernambuco nosso orçamento passaria para R$ 95 mil”, avalia.

Os seis curtas contemplados no Cine Natal 2014 irão receber R$ 50 mil cada, totalizando R$ 300 mil – destes, dois terços são oriundos do Fundo Setorial do Audiovisual, recursos só liberados junto com a parte da Prefeitura

“Se vai haver uma reunião para remanejo de verba, é sinal que ela existe. Então se existe, que nos paguem. Estamos falando de valores muito pequenos: R$ 180 mil para seis filmes e dois festivais”, frisou. A diretora lembrou que os filmes estão rodando festivais “dentro e fora do país, ganhando prêmios, isso dá um gás e alavancou o surgimento de toda uma cadeia produtiva”. Para ela, “no momento que o Cine Natal 2014 não é efetivado (pago) e não se lança a edição 2015, há uma quebra e nisso o cinema potiguar corre o risco de morrer na praia”, sentencia.

Gestão transparente
Coincidência ou não, o fato é que a pendência do Festival Urbanocine foi sanada logo após o protesto. “O pagamento do Urbanocine saiu hoje (ontem), dentro das nossas expectativas, não tem nada a ver com o protesto”, garantiu Dácio Galvão, secretário Municipal de Cultura e presidente da Capitania. Galvão disse que vinha acompanhando o caso de perto, e que conversou com a equipe do festival há cerca de um mês.

“Não foi falta de planejamento e sim a mudança da configuração nacional. Cabe a nós instrumentalizar e dar celeridade administrativa aos processos, e estamos cumprindo essa parte de forma transparente. O fato é que há uma dificuldade financeira, e disposição para o diálogo nunca faltou”, frisou. Dácio ressaltou que sua gestão é marcada pela “ética do procedimento administrativo e financeiro”: “Como o valor do Urbanocine é um pouco maior (R$ 75 mil bruto), fomos jogando mais para frente para quitar débitos menores com músicos, por exemplo”.

O gestor explicou que “a arrecadação municipal caiu e os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) também”: “Há uma crise orçamentária em curso, problema que reflete em todo o país, e a luta atual é para garantir o funcionamento dos serviços essenciais e o pagamento da folha”, justificou. Dácio Galvão explicou que mensalmente uma comissão composta pelo prefeito Carlos Eduardo e representantes da Controladoria e das pastas de Administração e de Planejamento e Finanças se reúnem para definir quais as prioridades de pagamento.

Sobre o andamento dos demais processos relativos aos seis curtas, Bruna Hetzel, do Núcleo de Audiovisual e Novas Mídias da Funcarte, informou que o pagamento para dois filmes já foi solicitado (Mangue Filmes e Jota Marciano), que a documentação completa de outros três (Casu Filmes) só foi repassada pelo proponente esta semana, e que o último aguarda certidão negativa da parte interessada (Jatobá Filmes).

“Estamos reféns de uma situação que foge do nosso controle, e este ano possivelmente não poderemos efetivar nenhuma ação planejada”. O importante, garantiu Bruna, é que “não há risco dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual serem devolvidos: o dinheiro será liberado assim que a Prefeitura cumprir a parte dela”.

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