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Avante Coletivo leva hip hop brasileiro à Europa

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Marco Sanchez
DWelle Brasil

Entre outubro e novembro, uma caravana com artistas brasileiros da cena hip hop vai passar por diversas cidades europeias promovendo um intercâmbio cultural e trazendo um pouco da arte urbana do Brasil para o público europeu.
O coletivo Avante deve passar por quatro diferentes países
O Avante Coletivo é uma iniciativa que desde 2008 desenvolve trabalhos sócio-culturais, workshops, discussões e encontros em torno dos pilares da cultura hip hop – grafite, breakdance e o rap (batidas e rima) – na comunidade de Heliópolis, em São Paulo.“Resolvemos nos unir porque achávamos que as pessoas estavam descentralizadas, e o hip hop, perdendo força. Tivemos a ideia de fazer um trabalho que ligava o hip hop e a educação. Queríamos trazer os jovens para a cultura hip hop, não só para se divertir, mas também para refletir sobre seu país e o mundo”, diz Bruno U-China à DW Brasil.

O jovem MC e produtor é fundador do Avante Coletivo ao lado de Jota-Be, também MC e produtor, e do grafiteiro Tiago Ishiyama. Eles não são só artistas, mas também arte-educadores.

“Trabalhamos com workshops desde 2004, muito antes de fundarmos o coletivo. Nosso trabalho vai desde a periferia das grandes cidades do Brasil até escolas particulares. Parece um contraste, mas outras classes sociais também têm interesse na cultura hip hop. Valorizamos não só nossos shows, mas esse contato educacional com as pessoas”, afirma.

O coletivo trabalha em parceria com uma ONG em Heliópolis, o que facilitou o intercâmbio e o contato com artistas e ativistas de fora do país.

 “Em 2009 foi ano da França no Brasil e recebemos diversos artistas franceses em São Paulo. Com esse contato, começamos nosso projeto de ir à França. Fizemos o primeiro intercâmbio lá no mesmo ano. Rodamos sete cidades em 28 dias, tivemos ótimas experiências e a recepção foi superbacana”, conta Bruno.

No começo de outubro deste ano, ao lado de outros quatro artistas e músicos engajados em arte urbana, o trio deixou novamente o Brasil para um intercâmbio ainda mais ambicioso. O grupo deve passar por quatro diferentes países em pouco mais de cinco semanas levando com eles o compromisso de difundir e propagar a cultura brasileira usando a linguagem universal do hip hop.

“Apesar de tudo ser hip hop, o rap feito no Brasil tem um swing diferente. Isso causa um impacto porque o público sempre espera algo mais tradicional”, diz o músico.

Novo desafio
Em Munique, o grupo fez, durante dois dias, uma série de workshops em um centro para refugiados. “Trabalhamos com pessoas do Afeganistão, Marrocos, Síria, Líbano. Eles saíram de seus países às pressas, não falavam inglês, alemão ou português e conseguimos trabalhar todos juntos e nos comunicarmos através da música”, conta Bruno.

A oficina de produção ministrada pelo paulistano também é uma introdução para a música brasileira. Ele começa tocando discos de vinil de artistas brasileiros, e a partir deles, os participantes criam suas batidas hip hop.

“As oficinas de batida e de rima acontecem paralelamente. Produzimos uma música juntos. Trabalhamos um refrão em português e cada um fez o verso em sua língua materna. Gravamos de forma amadora, mas achamos importante gravar para mostrar que eles também têm uma voz “, explica o MC.

Para o Bruno, o hip hop no Brasil está em uma fase interessante e ganhando a cada dia mais visibilidade. Ele cita nomes como Criolo e Emicida como responsáveis por uma renovação do gênero no país, levando o estilo além da periferia: “Eles mostraram que o hip hop é um caminho.”

Depois de Munique, o grupo também passou por Berlim, antes de seguir para apresentações e workshops em Dinamarca, Suécia e França.

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