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Avenida Brasil/Personagens & Interpretações

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TESSÁLIA – Débora Nascimento
Era difícil acreditar que uma mulher jovem e exuberante como Tessália fosse perdiddamente apaixonada por um velho chato e exibicionista como Leleco e que, ainda por cima, lhe era infiel. João Emanuel Carneiro recorreu ao humor para justificar e alongar – muito além do ponto de saturação – uma relação amorosa inexplicável.

Pelo menos em Avenida Brasil a mulher chamou mais a atenção do que a atriz. Resta torcer para que depois deste empurrão rumo a fama, Débora Nascimento não assuma a arrogância pessoal e o exibicionismo cênico de Taís Araújo.

OLENKA – Fabiula Nascimento

No início ela servia de “escada” para Monalisa de quem era (e continuou sendo) amiga. Olenka começou a ganhar luz própria quando ocupou na cama de Silas o lugar de Monalisa e, posteriormente, com o relacionamento amoroso com Adauto.

Na composição humorística de uma personagem suburbana carioca, Fabíula Nascimento foi convincente.

AGATA – Ana Karolina Lannes

Embora a revelação feminina tenha sido Mel Maia (Ritinha), outra atriz infantil destacou-se: Ana Karolina Lannes.

Bem gordinha, feiosa, funcionou (bem) como alvo das implicações e as crises de mau humor da mãe (Carminha). Agata foi outra escolha fisicamente certa do elenco de Avenida Brasil.

DOLORES – Paula Burlamaqui

Bonita, sensual, corpo na medida certa, Paula Burlamaqui, apesar desses atributos não é espaçosa. Em relação a sua participação em Cordel Encantado houve uma radical mudança física, indispensável à composição da nova personagem.

Ex-atriz de filme pornô, Dolores, que parece ter sido inspirada em Darlene Glória (“Toda Nudez Será Castigada”), depois de virar beata, passou a ver o sexo como uma invenção do diabo. A Soninha do pornô, aquele furacão na cama que Diógenes (Otávio Augusto) não esquece, estava aprisionada, mas não tinha morrido.

Sob o efeito de uma música que a deixa excitada, Soninha se corporifica como se fosse uma pompa gíria, e, como atriz, Paula Burlamaqui torna-se, de repente, sedutoramente devassa.

ADAUTO – Juliano Cazarré

Não é fácil interpretar esse tipo de personagem: a do homem grande com cérebro de menino. Além de totalmente inculto, Adauto é ignorante, sem, porém, ser grosseiro. O ex-jogador do Divino Clube, que perdeu o pênalti que teria dado a vitória ao time, Adauto é “burro” e ingênuo.

Apesar de ter sido levado para dentro da mansão de Tufão, Adauto não é gigolô ou parasita – ganha o próprio dinheirinho como gari. Esse tipo de personagem, que em alguns filmes foi tratado dramaticamente, em Avenida Brasil é visto humoristicamente – e, às vêzes, João Emanuel Carneiro exagerou, fazendo-o ficar trepado numa árvore em greve de fome e em cima do edifício, comendo os retratos de Muricy.

Juliano Cazarré marcou presença mais pelo personagem do que pela atuação, ou, talvez, pelas duas coisas.

ZEZÉ – Cacau Protasio

Nunca é demais chamar a atenção para o efeito positivo que se obtêm quando existe o casamento físico entre a personagem e a intérprete. Em relação a Cacau Protasio, como com outros membros do elenco da novela, isso aconteceu.

Fofoqueira, interesseira, maldosa, despeitada, invejosa, falsamente submissa, Zezé é igual a patroa num ponto: nenhuma das duas é fiel ou gosta de alguém. Em Zezé, a falta de caráter é acentuada pela feiura – ela inveja, a beleza, a competência culinária, o prestígio de Nina, a quem chamava de Maria Antonieta.

Além da identificação visual física, Cacau Protasio soube valorizar os diálogos e a personagem.

DIÓGENES – Otávio Augusto

Bom ator, Otávio Augusto porém não é harmônico em suas atuações nas novelas. Depende do papel, para crescer ou cair com o personagem. Em “Araguaia”, como um padre (politizado, é claro), por causa da escolha ostensivamente equivocada, nem parecia o ator que é.

Em Avenida Brasil, recuperado daquela queda, voltou ao padrão habitual, segurando o personagem e a cena.

BETÂNIA – Bianca Comparato

No papel de Betânia, a melhor amiga de Nina, que foi aliada dela e por isso vítima das maldades de Carminha, Bianca Comparato esteve melhor do que se poderia esperar. Apareceu pouco, mas, sempre que foi vista, se fez notar, e, deve ser ressaltado, sem sair da personagem.

LÚCIO – Emiliano D’Ávila

Um ator pode tornar-se uma presença impactante por causa do físico, principalmente quando este justifica o comportamento do personagem. Além desse aspecto visual, existir atores que se adaptem pela atuação, o que, porém, não chegou a ser o caso de Emiliano D’Ávila. A sua escolha revela a importância de se dar o papel ao ator que seja fisicamente convincente. Lúcio é o Max de amanhã: é 100% inconfiável e faz qualquer coisa por dinheiro e por isso, ajustou-se com perfeição ao plano de Carminha.

FILMES QUE NÃO ESQUECI

PAZ DE DEUX (1967). Direção: Norman McLaren

O REFÚGIO DE EMMA (1988). Direção: Soren Kragh-Jacobsen.

Anchieta Fernandes

ROMA, CIDADE ABERTA (1946). Direção: Roberto Rossellini

HAMLET (1948). Direção: David Lean

RASHOMON (1950). Direção: Akira Kurosawa.

Arnóbio  Fernandes

O TERCEIRO HOMEM (1949). Direção: Carol Reed

UM CONDENADO AMORTE ESCAPOU (1956). Direção: Robert Bresson

O GRITO (1957). Direção: Michelangelo Antonioni

A DOCE VIDA (1960). Direção: Federico Fellini.

O ANJO EXTERMINADOR (1962). Direção: Luis Bunuel.

Bené Chaves

DE CRÁPULA A HERÓI (1959). Direção: Roberto Rossellini

Cláudio Emerenciano

ACOSSADO (1959). Direção: Jean-Luc Godard.

HIROSHIMA, MEU AMOR (1959). Direção: Alain Resnais

UMA MULHER PARA DOIS (1961). Direção: François Truffaut

João Charlier Fernandes

CONTOS DE TÓQUIO (1953). Direção: Iasujiro Ozu.

José Delfino Neto
A DAMA OCULTA (1938). Direção: Alfred Hitchcock.

A UM PASSO DA ETERNIDADE (1953). Direção: Fred Zinnemann

SABRINA (1954). Direção: Billy Wilder

O SOL POR TESTEMUNHA (1959). Direção: René Clément.

Valério Mesquita

ORFÃS DA TEMPESTADE (1922). Drama histórico/ Revolução Francesa. Direção: David W. Griffith

O ANJO DAS RUAS (1928). Romance/ Drama social. Direção: Frank Borzage

GRANDE HOTEL (1932). Drama. Direção: Edmund Goulding.

AS AVENTURAS DE ROBIN HOOD (1938). Aventura / capa e espada. Direção: Michael Curtiz & William Keighley

ONDE COMEÇA O INFERNO (1959). Western. Direção: Howard Hawks.

Valério Andrade

1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer

Os nove filmes de John Ford

Na 2ª edição de 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, editada em Londres sob a coordenação de Steven Jay Schneider e que contou com a participação de 58 colaboradores, John Ford aparece com (apenas) nove filmes.  Toda seleção dos melhores, seja individual ou coletiva, suscita concordâncias e discordâncias do cinéfilo. Por vários motivos, entre os quais, como decorrência do número de filmes vistos pelo crítico ou do estudioso cinematográfico. Em muitos casos, porém, há um consenso.

A SELEÇÃO DE JOHN FORD

Os nove títulos incluídos de Ford: “O Juiz Priest” (1934); “No Tempo das Diligências” (1939); “Vinhas da Ira” (1940); “Como Era Verde o Meu Vale” (1941); “Paixão dos Fortes” (1946); “Rio Bravo” (1950); “Depois do Vendaval” (1949); “Rastros de Ódio” (1956) e “O Homem Que Matou o Facínora” (1962).

Nesta seleção, apenas “O Juiz Priest” poderia ser substituído, não é que não seja bom, é porque há outros superiores, a começar por outro filme de temática semelhante: “O Sol Brilha na Imensidade”. Na década de 30, há outros igualmente superiores: “O Delator”, “Ao Rufar dos Tambores”, “A Patrulha Perdida”.

Essa supressão se torna alarmante e totalmente injustificável, porque entre os “1001 Filmes” estão vários de Jean-Luc Godard. Mesmo um filme impessoal de Ford como “Mogambo”, é infinitamente melhor do que o chatíssimo e pretencioso “Viver a Vida”, que, se não fosse a mistificação crítica de Godard ou tivesse sido assinado por outro diretor, jamais seria incluído numa seleção dos melhores.

Entretanto, se “O Juiz Priest” perde para outros de Ford, ganha para qualquer filme de Godard.

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