Carlos Henrique Goes – repórter
“De novo?”. Essa foi a expressão de espanto de vários usuários que foram à agência bancária do Santander, localizada a avenida Rio Branco, algumas horas depois dela ter sido alvo pela quarta vez – de 2010 pra cá -, de quadrilhas especializadas em arrombamentos a caixas eletrônicos. Informações da Polícia Militar dão conta que entre 3h e 4h da madrugada desta quinta-feira, um grupo entrou na unidade financeira e usando maçaricos conseguiu violar quatro caixas eletrônicos, dos quais levaram dinheiro de três deles. A região onde aconteceu o episódio é um dos principais corredores bancários e comerciais de Natal, e apesar da intervenção policial, os bandidos permanecem agindo e tendo êxito em suas ações. O valor do montante levado não foi informado pela gerência. Segundo o perito criminal Domingos Sávio, da Força Nacional, informou que as imagens registradas pelo sistema interno de câmera são analisadas a fim de que se chegue a identificação dos autores do crime. Até o fechamento desta matéria não havia notícia sobre identificação ou prisão de suspeitos. Há menos de 500 metros dali está a 1ª Delegacia de Polícia Civil. Somente na avenida Rio Branco estão situadas seis agências bancárias, sendo uma delas a superintendência do Banco do Brasil, responsável pela emissão de valores para as demais da capital e várias do Estado. Nos logradouros adjacentes ainda estão a Caixa Econômica, na avenida João Pessoa, além do Banco do Nordeste, na rua Vigário Bartolomeu. Aquele quadrilátero também abriga as sedes dos três poderes estaduais: a Prefeitura do Natal, no Palácio Felipe Camarão, a Assembléia Legislativa e o Tribunal de Justiça (TJ/RN), onde nos últimos dois também existem unidades de auto-atendimento.
Ação dos bandidos
O cabo PM Fabrício José, do 1º Batalhão de Polícia Militar, contou que por volta das 5h um jornaleiro percebeu que a agência do Santander tinha sido violada. A porta estava aberta e o cheiro de fumaça era forte. O homem, então, viu uma viatura em patrulhamento e informou o que tinha visto. Os PMs se dirigiram ao local, e lá se depararam com quatro caixas eletrônicos cortados. Além das máquinas violadas, também foi possível perceber que todos os quatro sensores de movimento haviam sido envolvidos em camadas de esparadrapo, evitando que o alarme disparasse. No local, os policiais também encontraram um grande plástico preto espelhado com aproximadamente 10mx6m.
Deicor é responsável pelas investigações dos crimes
Desde a tentativa de arrombamento ao caixa eletrônico do Itaú, em 3 de agosto, no Via Direta, a Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) entrou em cena para investigar os crimes contra caixas violados por maçaricos. Naquela ocasião, três catarinenses foram presos. A titular da Deicor, Sheila Freitas, acredita que outros catarinenses estejam no Estado atuando contra as unidades de auto-atendimento, devido ao modus operandi peculiar à técnica desenvolvida naquele estado da região Sul. A partir da nova logística de ação, os bandidos substituíram os explosivos por um aparato mais barato e que chama menos atenção, os maçaricos. Sobre as dificuldades em evitar tais ocorrências, o delegada explicou que esse é um tipo de ação criminosa que pega a polícia de surpresa. “Normalmente acontece nas madrugadas, em locais de pouco acesso, movimento”. Segundo o andamento das investigações, a delegada já chegou a conclusão da existência de diversos grupos nesta frente de atuação. Somente neste ano, 12 inquéritos relativos a ações contra agências e unidades de auto-atendimento em todo o RN foram instaurados.
O comandante do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque), tenente-coronel Silva Júnior, confirmou que o policiamento ostensivo ocorre ininterruptamente, principalmente, nas avenidas Prudente de Morais, Engenheiro Roberto Freire, Rio Branco, Tomás Landim e João Medeiros Filho. A partir das 22h, horário em que a maioria das portas das agências são travadas por sistema de segurança adotado por elas, a instrução é de que os policiais façam uma vistoria externa do movimento naquele prédio para aferir de há movimentação de terceiros.
