terça-feira, 16 de abril, 2024
27.1 C
Natal
terça-feira, 16 de abril, 2024

Bases à espera do Ronda Cidadã

- Publicidade -

Marcelo Lima
Repórter

Não é de hoje que as estratégias de polícia de proximidade, aquelas em que militares estão profundamente envolvidos na localidade em que trabalham, são alardeadas como uma das soluções para os números crescentes de criminalidade. Iniciado ainda em 2002 no Rio Grande do Norte, o projeto atravessou governos e ganhou diferentes nomes. O último é Polícia de Bairro. Em Natal, há 27 bases de apoio a esse tipo de policiamento, mas boa parte delas está fechada. Na Zona Norte, a mais populosa, nenhuma funciona.

No conjunto Nova Natal, por exemplo, o único ser vivo mais próximo da base de Polícia de Bairro era um jumento na ocasião em que a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE foi ao local. Amedrontada, a população evita se expor e falar da criminalidade no local. Moradores do local contaram que no domingo passado, a cerca de 50 metros de distância da base, um homem foi assassinado em um bar. 
No Gramoré, base cercada por esgoto a ceú aberto, lixo e mato
Inaugurada em 2003, a unidade está localizada no cruzamento da avenida da Ciranda com a rua dos Amuletos. Ainda segundo a população, policiais militares vão até à base, mas não ficam mais de cinco minutos. Para completar o cenário de descaso, um cano derramava água continuamente no fundo do prédio.

Perto dali, no conjunto Gramoré, a situação é idêntica. De acordo com o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (Aspra/RN), Eduardo Canuto de Oliveira, há quatro meses a unidade ainda estava de portas abertas, embora não houvesse condições de abrigar policiais. “Na última vez que estive aqui, a base estava bastante deteriorada com um formigueiro enorme que chegou a entupir os canos de água da base. O policiais eram obrigados a trabalhar nessas condições totalmente insalubres”, contou. Nos arredores da base, os formigueiros permanecem abertos e em pleno funcionamento.
#SAIBAMAIS#
Segundo ele, o principal motivo do fechamento das bases é a falta de efetivo. Atualmente, o efetivo da PM é pouco mais de 8 mil militares. O número ideal para a Aspra/RN seria de 17 mil.  

Para o problema de manutenção, Canuto sugere: “Essas bases poderiam ter um serviço terceirizado de limpeza. A falta de manutenção dessas bases é outra coisa que tem causado essa situação”.

Em outro extremo da capital potiguar, pouca diferença. No bairro Pitimbu, Zona Sul de Natal, as lâmpadas da base estavam ligadas tanto dentro das instalações quanto do lado de fora. O prédio já possui rachaduras e uma parte da marquise desmoronou. Mesmo por volta das 15h é difícil encontrar alguém a pé na rua Dom Francisco de Almeida.

Um dos poucos que ainda tem coragem é o mecânico Joelson Menezes da Silva de 50 anos. Há oito anos morando no Pitimbu, ele diz que antes do fechamento da base de apoio dois anos atrás, os hábitos dos moradores eram outros.  “Antes o pessoal se sentava todo mundo nas calçadas até de noite e eles ficavam aí”, disse apontando para o prédio abandonado. Joelson nunca foi assaltado, mas vizinhas já cansaram de relatar esse tipo de crime principalmente depois do fechamento do ponto de apoio.

Em Parnamirim, pelo menos o conjunto Jardim Aeroporto e o bairros Santa Tereza também estão desprovidos do policiamento de proximidade. No Jardim Aeroporto, os moradores dizem que a base serve de depósito para material de limpeza. De acordo com o aposentado Severino Araújo, de 68 anos, “a sorte são as viaturas que estão passando mais agora. Mas esse negócio está fechado há uns quatro anos”. Em Santa Tereza, a base não funciona a pelo menos 4 anos conforme o comerciante Manoel Lourenço Bezerra. 

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas