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Bate papo com o especialista em terrorismo Paul Beaver

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“Algoz do EI é guiado por procura de identidade”

As autoridades disseram ter usado tecnologia de reconhecimento de voz e de face para identificar Mohammed Emwazi como o londrino conhecido como “Jihad John”. Na sua opinião, até que ponto tais métodos são confiáveis?

A tecnologia moderna, usando supercomputadores e reconhecimento de voz, progrediu bastante desde o ano 2000, impulsionada pela necessidade de identificar os líderes da Al Qaeda. O reconhecimento facial está agora tão avançado que um computador analisando 10% a 20% do rosto de uma pessoa pode levar à identificação. A Força de Defesa de Israel já possui essa tecnologia desde 2007.

#SAIBAMAIS#E-mails de Mohammed indicam que ele pode ter se radicalizado após ser detido por autoridades britânicas num aeroporto, sob a acusação de ter ligações com organizações terroristas. Faz sentido?
Isso não faz o menor sentido. Trata-se de uma desculpa. Em 20 anos de luta contra as operações do IRA [Exército Republicano Irlandês], não me lembro de ninguém ter dito que se radicalizou como terrorista nacionalista irlandês por conta das atividades dos serviços de segurança. Emwazi deve ter uma personalidade fraca para ter se radicalizado dessa forma, mas muitos serviços de segurança devem levar essa teoria em consideração. O problema no Reino Unido e no resto da Europa é que esses indivíduos e grupos estão dispostos a culpar uma provocação, por menor que seja, para que tenham uma desculpa para se radicalizar. E eles são encorajados a se radicalizar.

Ainda que Mohammed Emwazi tenha um histórico de classe média alta e um diploma universitário em Informática, pessoas bem-educadas e abastadas estão tão propensas a se radicalizar quanto as menos privilegiadas?

Emwazi era privilegiado. A Origem kuwaitiana significava dinheiro de família, boa escola e educação superior. O risco de que qualquer muçulmano possa ser seduzido por imãs radicais é real. O Reino Unido permitiu a entrada de muitos deles oriundos de países como  Somália, Arábia Saudita e Egito, no período entre 1997 e 2010, porque a população muçulmana havia crescido e não havia imãs domésticos para atender às necessidades pastorais.

Esses clérigos foram autorizados a entrar sem que os seus antecedentes tivessem sido verificados apropriadamente [pelo serviço secreto]. O fato de terroristas de classe média existirem dissipa um pouco a ideia de que isso seria uma reação a condições precárias de moradia, falta de oportunidades de emprego e necessidade de um trabalho. Parece antes ser a necessidade de uma identidade.

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