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Bento XVI transfere subsecretário

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Cidade do Vaticano (AE) – Em uma de suas últimas ações no cargo, o papa Bento XVI transferiu um graduado funcionário da secretaria de Estado do Vaticano para a Colômbia, em meio a uma série de especulações da mídia sobre o conteúdo de um relatório confidencial sobre o escândalo sobre o Vatileaks, o vazamento de documentos da Santa Sé. O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, destacou que a transferência do monsenhor Ettore Balestrero estava em andamento havia meses e que se trata de promoção importante e não tem nada a ver com rumores sobre um dossiê, que o Vaticano considera sem fundamento.
Papa Bento XVI decide transferir Ettore Balestrero para  Colômbia. Porta-voz da Santa Fé divulga que medida é uma promoção
Balestrero foi nomeado subsecretário do Ministério de Relações Exteriores do Vaticano em 2009 e, dentre outras funções, tem sido uma figura importante nos esforços da Santa Sé de fazer parte da “lista branca” de países financeiramente transparentes. O papa, que deixa o cargo em 28 de fevereiro, o nomeou embaixador, ou nunzio, na Colômbia.

Há dias os jornais italianos tem trazido várias matérias, de fontes não confirmadas, sobre o conteúdo de um dossiê, entregue a Bento XVU em dezembro. O documento teria sido preparado por três cardeais que investigaram as origens do vazamento. O escândalo veio à tona no ano passado, depois que papeis retirados da escrivaninha do papa foram publicados num livro. O mordomo do papa foi condenado em outubro por roubo qualificado e, posteriormente, perdoado.

O Vaticano se recusa a comentar as informações divulgadas pelos meios de comunicação, segundo as quais o conteúdo do dossiê foi uma das razões que levou o papa a renunciar. Bento XVI disse que simplesmente não tem mais “forças mentais e físicas” para ser papa. Lombardi deu a entender que o papa se reuniria com os três cardeais antes de deixar o posto.

Balestrero foi chefe da delegação da Santa Sé no comitê Moneyval, órgão do Conselho Europeu que avalia as medidas contra lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. O Vaticano se submeteu à avaliação do Moneyval para melhorar sua reputação no mercado financeiro.

O Vaticano passou no teste na primeira tentativa em agosto e o Moneyval disse que fez grandes progressos num curto período de tempo. Mas a Santa Sé recebeu avaliações ruins para suas agências de supervisão financeira e seu banco, que há muito tempo são fontes de alguns dos piores escândalos do Vaticano.

Alguns dos documentos vazados dizem respeito às diferenças de opinião sobre o nível de transparência que a Santa Sé deveria fornecer a respeito do Banco do Vaticano, o Instituto para Obras da Religião (IOR).

O Vaticano trabalha agora para atender às recomendações do Moneyval antes da próxima rodada de avaliações. Lombardi disse que o processo passará para os cuidados de outra pessoa, agora que Balestrero vai assumir outra função.

A nunciatura na Colômbia é uma das mais importantes da América Latina. Funcionários do Vaticano disseram que a medida é uma clara promoção para Balestrero.

Relatório ultrassecreto

Uma série de revelações sobre uma trama de corrupção, sexo e tráfico de influência no Vaticano, lançadas nesta semana pela imprensa italiana, ofuscam o conclave para a eleição de um novo papa após a histórica renúncia de Bento 16.

As denúncias, publicadas por dois importantes veículos de comunicação da Itália, o jornal “La Repubblica” e a revista “Panorama”, afirmam que o pontífice decidiu renunciar ao cargo depois de receber um relatório ultrassecreto de 300 páginas, produzido por três cardeais de confiança.

Po relatório são descritas as lutas internas pelo poder e pelo dinheiro, assim como o sistema de chantagens internas baseadas em fraquezas sexuais, o chamado “lobby gay” do Vaticano.

Sob o título “Não fornicarás, nem roubarás, os mandamentos violados no relatório que sacudiu o Papa”, o “La Repubblica” aponta que o relatório descreve a existência de uma “rede transversal unida pela orientação sexual”. “Pela primeira vez, a palavra homossexualidade foi pronunciada no apartamento papal”, afirma o jornal.

O jornal afirma que durante oito meses os cardeais interrogaram diversos cardeais, bispos e laicos, dividindo-os por congregação e nacionalidade, e estabeleceram que existem vários grupos de pressão dentro do Vaticano, entre eles um sujeito a chantagem, a “impropriam influenciam” por sua homossexualidade.

Outro grupo se especializa em montar e desmontar carreiras dentro da hierarquia vaticana e outro aproveita para utilizar recursos multimilionários para seus próprios interesses à sombra da cúpula de São Pedro através do banco do Vaticano, de acordo com a publicação, que descreve  “a guerra pelo dinheiro no Banco de Deus”.

Em seu relatório especial, a revista “Panorama”, em um artigo assinado por Ignazio Ingrado, sustenta que o documento cardinalício será determinante para a eleição do sucessor de Bento 16.

Para as duas publicações, o papa, que foi informado em várias ocasiões sobre o resultado da investigação dos três cardeais, se convenceu de que um sucessor mais jovem, forte e enérgico era o melhor indicado para fazer a limpeza na milenar instituição, e por isso decidiu deixar o trono de Pedro no dia 28 de fevereiro.

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