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Brasil parou de crescer

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ALCYR VERAS
economista e professor universitário

O consagrado economista brasileiro Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário especial de Política econômica do Ministério da Fazenda, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e de assuntos internacionais do Estado de São Paulo, autor de vários livros, professor da USP e articulista de jornais e revistas, é tão apegado a temas e assuntos de economia que cultiva o hobbie de criar dois filhotes de cães da raça Jack Russel, os quais (com inusitado senso de humor e graciosa ironia) batizou-lhes com os nomes de Keynes e Marx. Para tornar o feito ainda mais engraçado, ele apela para o antagonismo e diz que “Keynes” é um jovem desvairado utópico; e que “Marx” é mais maduro e centrado.

Voltando-se, porém, para os convincentes princípios fundamentais da ciência econômica, com base na atual situação da economia brasileira, Belluzzo, em sua análise, acha que o país perdeu importantes posições na corrida industrial, porque adotou políticas macroeconômicas equivocadas e não conseguiu engatar a marcha na mesma velocidade do carro-chefe da economia internacional. “Tanto que nós ficamos lambendo os beiços, com relação à microeletrônica, porque não ingressamos na era das inovações tecnológicas. Americanos e europeus se alinharam à China, Coréia, Taiwan, Malásia e Cingapura”, ressaltou.

Diante de um país que caminha a passos cada vez mais lentos e trôpegos, o FMI (Fundo Monetário Internacional) viu-se obrigado a reduzir as expectativas de crescimento do Brasil de 1.3% para 0.3% para este ano de 2014, após seis rebaixamentos seguidos. Os motivos da redução, segundo os técnicos do FMI, estão relacionados com problemas internos, tais como a baixa confiança na economia por parte de empresários e consumidores, além da falta de investimentos, e restrições financeiras devido aos juros altos. O maior risco de desestabilização da economia é a ameaça de inflação ascendente. Mantidas essas tendências, o Brasil terá crescido apenas 1.6% no período de quatro anos (2010 a 2014), ou seja, o pior desempenho da economia brasileira na última década. Portanto, bem abaixo da média mundial de crescimento que é de 3.5%. Com isso, igualamo-nos aos índices dos países mais atrasados do planeta.

De acordo com dados do Banco Mundial, quase 70% dos brasileiros (cerca de 140 milhões de pessoas) têm renda de até 790 reais por mês. Mas, se encontram em situação vulnerável, porque há risco de voltarem à pobreza. Os dados revelam também que o Brasil precisa crescer, em média, 4.2% ao ano, nos próximos vinte anos, para resgatar metade da população que ainda se encontra abaixo da chamada linha de renda dígna, próximo de 800 reais, e dobrar o PIB per capita para 24 mil dólares/ano. O especialista em desenvolvimento econômico (do Banco Mundial), De la Torre, diz que: “a única forma de continuar incluindo os mais pobres é reformar a economia para destravar o crescimento.”

Recentemente, a consultora de gestão Betânia Tanure realizou, com exclusividade para a revista EXAME, uma pesquisa com 528 presidentes de conselhos de administração e executivos das maiores empresas do Brasil, sobre as reformas prioritárias que deveriam ser feitas pelo próximo Presidente da República. As respostas, pela ordem de preferência dos entrevistados, são as seguintes: Educação (35%); Gestão Pública (20%); Infraestrutura (16%); Tributária (9%); Segurança Pública (8%); Política (6%); Saúde (5%). Esses percentuais refletem o ponto de vista do empresariado, que vê na Educação o melhor caminho para a formação de técnicos de alto nível e mão de obra especializada para o desenvolvimento econômico. Mas, há outros ângulos de visão quando as prioridades são, por exemplo, Saúde e Segurança Pública.

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