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Brasil precisa diversificar fontes de energia elétrica

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Brasília (DW) – Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o apagão  que atingiu partes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste no início de fevereiro não foi causado, em princípio, por excesso de consumo. Mas de acordo com especialistas ouvidos pela DW, o Brasil precisa diversificar urgentemente sua matriz energética – hoje altamente dependente das hidroelétricas e, em casos de emergência, das termoelétricas. As termoelétricas são acionadas sempre que o setor hidroelétrico – responsável por 63% da energia gerada no país – ameaça não dar conta da demanda de consumo. Segundo especialistas, a curto prazo, nenhuma outra fonte de energia renovável será capaz de suprir as atuais necessidades do sistema, mas, para os próximos anos, é preciso investir em alternativas.

“As energias renováveis não são oportunidades que possam ser implementadas a curto prazo, porque a lição não foi feita. O planejamento do Brasil é só aumentar a oferta de hidroelétricas. E o governo acaba não atentando para as alternativas”, avalia Artur de Souza Moret, professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir). “A tendência ‘monotecnológica’ do país é um entrave à eficiência do planejamento enérgico.”
Hidrelétricas, como Paulo Afonso, que abastece o Nordeste, estão com baixo nível de água
Na semana passada, com as termoelétricas ligadas, a energia no Brasil foi vendida ao preço recorde de 822,23 de reais por megawatt-hora (MWh), quase o dobro do valor praticado na última semana de janeiro. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o preço da energia oriunda das termoelétricas é oito vezes mais cara do que a produzida em parques eólicos, por exemplo.

Como são usadas geralmente em ocasiões de emergência, o valor da energia gerada pelas termoelétricas precisa compensar o período de manutenção em que a usina não foi utilizada. “Ninguém tem dúvida de que qualquer sistema elétrico que queira ter certa eficiência na segurança do atendimento precisa de usinas termoelétricas, mas os preços precisam ser mais baixos”, argumenta Elbia Melo, presidente executiva da ABEEólica.

Para isso, o coordenador do Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Arno Krenzinger, defende que a matriz energética do país seja mais diversificada. “Não adianta o governo fazer um decreto e tentar implementar tudo ao mesmo tempo. Os custos estão baixando. A soma de pequenas contribuições pode levar o país a um melhor desempenho energético”, opina.

Potencial perdido

De acordo com os últimos leilões promovidos pelo governo, o preço da energia eólica tem sido equivalente à hidroelétrica. Já a térmica e a solar são três vezes mais caras. A atual capacidade instalada de energia eólica, no entanto, não é suficiente para atender às necessidades do sistema.

Segundo a ABEEólica, 48 parques que correspondem a 1,2 gigawatts de capacidade instalada estão ainda sem linha de transmissão. A entidade espera que até o final de março 26 dessas usinas entrem em funcionamento.

“Se o Brasil tivesse investido 30 anos atrás para termos um parque de usinas em funcionamento, o país não seria tão suscetível ao problema de falta de chuva. O potencial hídrico do Brasil é suficiente para abastecer o país inteiro, mas o potencial eólico é muito superior ao que é necessário”, analisa Krenzinger.

ONS projeta chuvas fracas nas hidrelétricas

Rio (AE) – A perda de força da massa de ar quente, que atua desde a segunda quinzena de dezembro de 2013 nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e a chegada de uma frente fria neste final de semana não devem provocar chuvas fortes nas principais bacias hidrográficas do País. A nova revisão do Programa Mensal de Operação (PMO) do Operador Nacional do Sistema Elétrico trabalha com a previsão de chuvas fracas na bacia do Rio Tietê e pancadas nas bacias dos Rios Grande, Paraíba do Sul e Paranaíba, as mais importantes do sistema.

Segundo o operador, as chuvas fracas também ocorrem nas bacias dos Rios Uruguai e Jacuí, na região Sul. Por conta desse cenário, o ONS reviu para baixo as suas previsões para a energia natural afluente (ENA), que é a vazão dos rios transformada em energia. No PMO da sexta-feira da semana passada, as ENAs estimadas para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste para o mês de fevereiro eram de 42% e 27% da média histórica, respectivamente. No PMO publicado hoje, os valores caíram para 37% e 26%, respectivamente.

“Com relação às afluências médias mensais, cabe destacar que a previsão para fechamento do mês de fevereiro na revisão 2 do PMO indica que o subsistema SE/CO deve apresentar o 2º pior mês de fevereiro do histórico de 84 anos, e que no subsistema Nordeste deverá ser observado o pior mês de fevereiro desde 1931”, informou o operador.

Nta quinta-feira,os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste fecharam com um nível de armazenamento de 35,89%. No Norte, o volume armazenado era de 42,49%. Diante desse cenário, o chamado custo marginal de operação (CMO) do sistema voltou a subir, exceto no Nordeste.

Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o PLD se manteve no valor máximo de R$ 822,23/MWh nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e no Sul. “A redução da geração da usina Tucuruí (PA), em decorrência da diminuição de seu fator de disponibilidade provocou elevação no preço médio do submercado Norte”, explicou a CCEE, em nota à imprensa. Já no Nordeste, o PLD teve uma ligeira queda de 1%, fechando a R$ 730,19.

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