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Brics discute nova ordem mundial

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Astrid Prange
Deutsche Welle

Rio de Janeiro – A criação de um banco de desenvolvimento e de um fundo de reserva alternativo – uma espécie de fundo anticrise – são os projetos mais importantes nos três dias do próximo encontro dos líderes do grupo Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que começa nesta segunda-feira em Fortaleza e, depois, prossegue em Brasília. “A criação dessas instituições financeiras mostra que os países do Brics querem ter mais influência, e de forma construtiva. Eles se espelham no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI)”,  afirma o subsecretário de Política do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima.
Dilma e os dirigentes da Índia, Rússia, China e África do Sul na reunião de cúpula realizada no ano passado em São Petersburgo
O novo banco de desenvolvimento, que terá à disposição um capital inicial de 50 bilhões de dólares e capital autorizado até 100 bilhões de dólares, deverá financiar projetos de infraestrutura tanto nos cinco membros do Brics como em países em desenvolvimento.

O novo “fundo monetário” deverá ajudar Estados que têm problemas com a balança de pagamentos. Na mídia brasileira especula-se que a Argentina poderá ser a primeira a pedir um empréstimo de emergência à nova instituição. A presidente Cristina Kirchner já confirmou sua presença na reunião de 16 de julho, em Brasília.

Mesmo assim, ainda existem muitas questões em aberto. Nem a localização da sede da nova instituição, nem os critérios e o nome dos países que vão receber os créditos estão definidos. Somente o volume de crédito disponível já está fechado.

De acordo com o Itamaraty, o fundo contará com 100 bilhões de dólares. A China entrará com a maior parte: 41 bilhões de dólares. Brasil, Rússia e Índia vão disponibilizar 18 bilhões de dólares cada; e a África do Sul, 5 bilhões de dólares.

Não apenas no Brasil a criação do fundo é vista como uma resposta ao impasse do Fundo Monetário Internacional (FMI). Na reunião de abril deste ano entre Banco Mundial e FMI, a reforma da estrutura de cotas do Fundo fracassou, devido ao veto do Congresso americano. A reforma incluía o aumento de 6% do peso dos votos do grupo de países-membros em desenvolvimento e emergentes.

Identidade
“Todos querem mais flexibilidade. O Brics mostra aos EUA que mudanças são possíveis”, afirma a economista Lia Valls Pereira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A criação de um fundo e de um banco de desenvolvimento pode contribuir para a formação de uma identidade comum no grupo.

José Alfredo Graça Lima, do Itamaraty, observa que a busca dessa identidade está ainda no começo. “É mais fácil dizer o que o Brics não é, do que dizer o que ele é. Ele não é nenhuma organização internacional, união aduaneira ou zona de livre-comércio. Ele é um mecanismo que tem se provado útil na cooperação recíproca.”

Até o momento, a cooperação dos países-membros se concentra no comércio com a China. A exportação brasileira destinada ao país asiático aumentou de cerca de 1 bilhão de dólares em 2000 para 46 bilhões de dólares em 2013. Já em 2012, a China ultrapassou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil, e continua avançando.

Em contrapartida, são modestas as vendas brasileiras para os demais países do Brics – Rússia, África do Sul e Índia. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações do país para a Índia, em 2013, foram de aproximadamente 1,3 bilhão de dólares; para a Rússia, cerca de 3 bilhões de dólares; e para a África do Sul, 1,8 bilhão de dólares.

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