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“Cabe a Agripino fazer uma reflexão sobre as parcerias com Robinson”

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Margareth Grilo – repórter especial

Robinson Faria: Posso falar de meu sentimento. Não são siglas que separam os homens. São atitudes. Não há turbulências com o governoO governador em exercício Robinson Faria [PSD] faz uma avaliação positiva da interinidade que cumpriu ao longo desta semana. “Foi muito intenso, dentro do que eu podia fazer”, afirmou em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, ontem pela manhã, pouco antes da solenidade de sanção do projeto de lei que autoriza o governo a contratar empréstimo de US$ 540 milhões junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). Robinson evitou rebater com declarações enfáticas as críticas do presidente nacional do DEM, senador José Agripino, ao PSD. No domingo, Agripino acusou Robinson de tentar tutelar o governo  Rosalba, ao articular o fortalecimento do PSD no Estado, e de dar prioridade a um projeto de poder meramente pessoal que não deu certo. Na entrevista que segue, o governador em exercício disse que cabe ao senador do DEM fazer uma reflexão sobre as parcerias políticas com o próprio Robinson, insinuando que o presidente do DEM foi eleitoralmente beneficiado pelo apoio que recebeu. Robinson também negou turbulências com o governo. O governador em exercício cumpriu na sexta-feira, 14, a programação do último dia útil de sua interinidade. Na segunda-feira, 17, volta às suas atividades à frente da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos [Semarh] com uma boa notícia: a transferência do projeto de construção da barragem de Oiticica do DNOCS para o Governo do Estado – um pedido feito por ele diretamente ao Líder do PMDB, deputado Federal Henrique Alves. Confira na entrevista.

O senhor pode falar de política, ou ainda está de férias de assuntos políticos como disse recentemente?

Depende. Vamos vê.

É quanto a uma avaliação do PSD. Como ficou o partido? Em número de prefeitos e vereadores, quantos o partido conseguiu filiar?

O que estava ao meu alcance. Hoje não posso responder precisamente a dimensão, porque ainda não estou com os números do PSD finalizados, de filiados e prefeitos e candidatos a prefeitos. Mas é importante ressaltar que os prefeitos estão terminando seus mandatos e o que vai valer – e aí é uma análise profunda de quem conhece a geografia política do Estado – é quem será, potencialmente, o futuro prefeitos do Rio Grande do Norte. E é ai onde irá nascer o resultado mais claro de cada partido, após as urnas serem abertas em 2012. Então, essa que é a análise mais realista para 2012. Não a de quantidade, mas sim do potencial de vitória. Eu ainda não parei para fazer uma estimativa, caso a caso, mas o PSD está instalado, hoje, com comissões em 142 cidades. Apesar dos pesares, estamos ai.

O partido tem apenas dois deputados, menos do que o PMN que o senhor liderava. O senhor se arrepende de ter ido para o PSD?

De forma nenhuma. Não me arrependo de nada na minha vida. Posso até errar, mas me arrepender não. A política é feita de erros e acertos. Considero que hoje, estou realizado. Estou com um partido que, nacionalmente, nasceu grande. Nasceu grande no Rio Grande do Norte, e não tenho receio de falar isso. Se diminuiu, vamos aguardar o futuro. Política, cada dia, é um dia. Você não pode é se acomodar. O que vale é que estou motivado, não perdi a serenidade, nem a paixão pela minha essência de ser político. Quanto ao PSD, vou mostrar que vai ser grande. Não sei onde vai chegar, mas vai ser grande.

Como viu as críticas do senador José Agripino ao senhor e ao PSD?

Gostaria de não responder ao senador José Agripino. Cabe a ele fazer uma reflexão do que foi, na vida dele, o parceiro Robinson Faria, e não cabe a mim interpretar suas palavras.

Ainda há chance de reaproximação política com Agripino?

Não vou responder.

Porque essa sanção ( da lei que autoriza o empréstimo de US$ 540 milhões) na Assembleia Legislativa?

Fui presidente oito anos, então achei melhor vi aqui dividir a sanção dessa lei com os deputados porque foram eles que debateram e que aprovaram o projeto. Estou no Executivo, mas minha alma é de deputado. Então, estou aqui hoje para mostrar o carinho que o governador em exercício Robinson Faria tem por esta Casa, onde trabalhei por 24 anos. 

O senhor admite turbulências entre o senhor e o governo Rosalba?

Posso falar de meu sentimento. Não são siglas que separam os homens. São atitudes. Não há turbulências com o governo. Se houvesse não estaria assumindo o Governo hoje. Então vou me defender da sua pergunta, relembrando o que a governadora Rosalba disse, no angar do aeroporto, antes de sua viagem. Quando perguntaram a ela se iria viajar e deixar o governo para seu vice, respondeu: “Viajo tranquila porque confio no meu vice. O Estado está bem, entregue ao meu vice”. Portanto, não há turbulência.

O senhor continua disposto e motivado a ser candidato ao Senado?

Daqui a três anos, ninguém sabe o que pode acontecer. Tem muito tempo.

O senhor ficou nesta semana pela primeira vez como governador interino depois que tomou posse com Rosalba, qual a avaliação?

Foi muito intenso, dentro do que eu podia fazer. Visitei obras importantes. Ficamos o tempo todo no monitoramento das greves, com diálogos com os secretários que estavam autorizados pela governadora Rosalba a negociar. Hoje [ontem] fomos a Alcaçuz para entregar uma ala nova para desafogar os presídios e as delegacias, que era um clamor da justiça e do cidadão – não importa, se apenado ou não, ele tem direito a dignidade e tratamento justo. Com essa nova ala, o Estado passa a se adequar às normas jurídicas.

O principal ato foi a assinatura da Proposta de Emenda Constitucional que dá autonomia ao Corpo de Bombeiros?

Tudo foi válido. Assinei a PEC que vai dar as prerrogativas jurídicas de autonomia ao Corpo de Bombeiros. Ontem [quinta-feira,13], tive a grande alegria de conhecer o programa de segurança Comunidade da Paz, na Zona Norte. Lá realizei um sonho, porque nesse programa está inserido o Ronda Cidadão, que eu tanto defendi como parlamentar. Hoje, o governo Rosalba que adotou esse projeto, na região mais violenta de Natal, que tem os maiores indicadores de homicídios [Nossa Senhora da Apresentação], vê redução no quesito homicídio de 80%, e olhe que o projeto ainda está em fase experimental. Ainda vamos aperfeiçoá-lo, dentro dos recursos escassos que o Estado dispõe. Mesmo assim, a metodologia que defendi está acontecendo e o que vale são os números.

O senhor volta na próxima semana à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos…

Volto com grande notícia, que corou essa semana minha à frente do Governo do Estado. Quando assumi a Semarh encontrei alguns projetos em andamento, entre eles, um que é propagado há 70 anos, que é o da barragem da Oiticica, em Jucurutu. Quando assumi o governo, na sexta-feira, liguei para o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, sabendo que a direção do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas) é ligado ao PMDB, nacionalmente, e em tom de brincadeira comentei que queria um presente da minha interinidade. Disse: “Quero que você me ajude a consolidar o convênio da Oiticica para o Governo do Estado”. Até então, essa obra, que é com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), estava destinada para o Dnocs realizar. Ontem recebi a visita dele [Henrique Alves] e do diretor geral do Dnocs, em Fortaleza, Elias Fernandes, que trouxeram por escrito uma resposta afirmativa de que o Governo do Rio Grande do Norte, através da minha secretaria, será responsável pela construção da barragem de Oiticica. Portanto, melhor do que isso, não poderia ser.

Quando começa essa construção?

Já existe uma licitação feita no governo passado. Mas há uma demanda no TCU [Tribunal de Contas da União], que está sendo sanada. O estado já fez a defesa; a empresa também. Estamos aguardando o parecer final do TCU. Quando sair, nós iremos iniciar a obra da Oiticica.

Preocupa o fato de a pasta não ter sido contemplada no rateio do empréstimo de 540 milhões ao Bird?

Não, tudo ficou claro agora. Teve muita especulação com viés político, até para provocar um factóide, mas é assunto superado. Minha secretaria tem canal direto com o Banco Mundial, tem parceria e autonomia. Temos vários projetos tramitando com o Banco Mundial e nada atrapalha o que foi feito. O governo pode seguir com suas modalidades de empréstimo, e eu posso seguir como secretário de Recursos Hídricos também trabalhando com o Banco Mundial. Aliás, temos gente deles trabalhando conosco na Semarh.

A sua secretaria é também a que teve mais cortes no projeto de Orçamento, da ordem de 70%, para o próximo ano. Como o senhor vê isso?

O Orçamento do ano passado estava superestimado, porque tinha esse recurso da construção da Oiticica. Por isso, tinha um valor muito alto, pois era para o Estado bancar essa obra. Com esse recurso vindo do PAC, do convênio do Dnocs com o Estado, houve a redução. Além disso, a redução é também em razão da situação financeira do Estado.

Há uma ação deliberada para esvaziar sua Secretaria?

Essa redução não tem nenhum viés político. Nenhuma motivação ás escondidas, de redução, porque o vice-governador é o secretário de Recursos Hídricos. Pelo contrário, a razão maior é justamente essa obra da Oiticica que estava dentro do Orçamento para a Semarh, e que não precisa mais de recursos porque entrou no PAC.

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