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Caern quer concluir rede em 23 meses

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Nadjara Martins
repórter

Em 23 meses, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) pretende construir 865 quilômetros de rede coletora para o sistema de esgotamento sanitário de Natal. A obra, iniciada em maio deste ano, é custeada por convênio de R$ 504 milhões com o Ministério das Cidades, com objetivo de esgotar 100% da cidade. Entretanto, para que o sistema passe a atender a população no mesmo prazo, a companhia precisa finalizar a obra das Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) de Guarapes e Jaguaribe. Ambas, porém, ainda estão emperradas no quesito licença ambiental.
Companhia abriu duas frentes de trabalho para construção de rede coletora. Na Zona Norte, um dos bairros contemplados é o Potengi, o mais antigo da região. Lá os serviços foram iniciados em maio
A Caern garante que as obras serão finalizadas dentro do prazo, visto que as empreiteiras contratadas já iniciaram as obras nas duas bacias (norte e sul). Em ambos os casos, as redes foram iniciadas nos conjuntos habitacionais mais próximos das estações. Como a construção das ETEs será feita em módulo, é possível conectar os bairros por etapas.

O convênio do ministério contempla quatro lotes de obras, incluindo também a construção de 57 estações elevatórias. De acordo com o Grupo de Acompanhamento de Obras Especiais da Caern, já foram iniciadas a instalação de redes coletoras nos bairros de Cidade Nova, Pitimbu, Planalto, Lagoa Nova (no trecho do conjunto Mirassol) e Potengi. Está previsto para as próximas semanas o início das obras de Capim Macio e uma conclusão de Ponta Negra. Até o momento, apenas 25 km de rede coletora foi feita.

Atualmente, a capital potiguar possui 524 km de rede construída. Nem todo o sistema, porém, está em operação. Bairros como Lagoa Nova, por exemplo, nos trechos próximos ao campus universitário e à rua dos Tororós, com rede já concluída, seguem sem interligação. “Tem um trecho já instalado que não opera, mas pretendemos fazer isso nos próximos dias, pois temos condições de encaminhar o esgoto para a ETE do Baldo”, ressaltou o coordenador do grupo de obras, Paulo Vieira.

Para que a nova rede não fique ociosa, também surge a necessidade de iniciar as obras das estações de tratamento, que terão dois anos de duração. Não há prazo, porém, para que as obras das ETEs, que serão feitas em módulo, se iniciem. De acordo com Paulo Vieira, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) solicitou “esclarecimentos” quanto aos estudos de impacto ambiental, mas não deu prazo para expedição de licenças.

 O processo de estudos para as construções foi iniciado em 2012, com consultoria de professores do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. A reportagem procurou o Idema para comentar o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Potengi
Moradora há 35 anos do bairro Potengi, na Zona Norte, Silvânia Patrícia (38) já se acostumou a ver a água servida jorrando pela rua dos Coqueiros. Precisou construir uma proteção na calçada para escapar da fedentina. O bairro mais antigo da região teve o esgotamento sanitário iniciado em maio deste ano, o que também já resultou em problemas para Alexsandra Cordeiro (40), que teve a casa alagada durante as chuvas do dia 8 de junho. “Colocaram as pedras (da rua) em cima da calçada, e água quando veio entrou com tudo dentro de casa.”

Nova Descoberta
O bairro da Zona Sul teve o esgotamento concluído em 2014, com os resíduos direcionados para a ETE do Baldo. Em alguns locais, problemas pontuais ainda surgem, como a explosão de esgoto na rua Distrito Federal, em frente à residência da dona de casa Maria José Alves (65). Ainda assim, ela comemora a chegada da rede de esgotamento – exceto, claro, pelo acréscimo de 70% na conta de água. “Quando estava fora a gente tinha que pagar a limpeza da fossa, então nisso ficou melhor. Mas minha conta de água agora é R$ 60,34, porque R$ 27 é só de esgoto”, reclama.

Guarapes
Embora a obra da ETE Guarapes não tenha iniciado, as principais vias do bairro já foram rasgadas por tubulações. O porteiro e ex-líder comunitário Francisco Canindé da Silva (54), comemora a obra. “Traz impacto não termos o esgotamento, mas para ser sincero, muita gente do bairro ainda joga na rua (o esgoto)”, admite. Ele reclama, porém, de outro problema do bairro: o abastecimento de água. “Roubaram os fios do poço que abastece a comunidade. A Caern deveria colocar um vigia para evitar o roubo”, acrescenta.

Lagoa Nova
Zumira Gomes (75) reside há meio século na Rua dos Tororós, em Lagoa Nova. Nunca viu a via tão suja. Água servida desce por toda rua até chegar à boca de lobo, em frente da casa da idosa. Foi preciso construir um calçamento de um metro de altura para escapar da sujeira e dos alagamentos em época de chuva. Em frente à casa de dona Zumira, uma Estação Elevatória de Esgoto (EEE) que encaminhará os resíduos da rua para o Baldo aguarda conclusão desde agosto de 2013. “Mosquito tem muito, não consigo nem ficar sentada na área, são eles que me colocam para dormir”, brinca a aposentada.

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