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Cai índice de violência nos campi

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Ricardo Araújo
Repórter

Assaltos, estupros e assassinatos. O que no passado era praticado nas ruas, vielas e periferias das cidades, ingressou nas escolas e universidades. Ao longo da última década, a prática de crimes em ambientes acadêmicos e de educação infantil se tornou mais comuns. Para estudantes, funcionários e pais de alunos, é intrigante saber ou sentir que nem mesmo no período em que estão nas instituições de ensino, estarão efetivamente seguros. Mas no Rio Grande do Norte, o número de casos de violência nos campi da Universidade Federal vêm caindo e os relatados de violência estão menos frequentes. Entre 2009 e 2010, a queda foi de 32,4%.

Equipamentos de vigilância eletrônica garantem mais segurança e conseguem detectar movimentos suspeitos em boa parte do campusCom 23 mil hectares de área, muitas árvores e margeando o Parque das Dunas, o campus central da UFRN pode parecer um ambiente propício à prática de crimes. Apesar do índice de ocorrências ter caído nos últimos anos, os próprios seguranças da universidade admitem que assaltos, furtos, comercialização e consumo de drogas são práticas relativamente comuns dentro e nas cercanias do Campus.

Por causa disso, foi preciso investir em segurança particular. Para o diretor substituto da Segurança Patrimonial da UFRN, Manoel Eufrausino, seria necessário que a União entendesse que uma das saídas para melhorar a segurança no ambiente acadêmico, seria a realização de um concurso público e a recriação das vagas para vigilantes.

Hoje, existem 149 vigilantes no quadro efetivo da UFRN para serem distribuídos por todos os campi da instituição no Estado, além dos hospitais e centros de administração acadêmica. “Para ampliar nosso quadro, tivemos que terceirizar o serviço. Contratamos uma empresa que disponibiliza quatro homens armados em cada um dos 16 pontos espalhados pelo campus central”, explicou Manoel.

Além da terceirização da segurança, que custa mensalmente R$ 91 mil à universidade, a reitoria fez um amplo investimento num sistema de monitoramento por câmeras. Com aproximadamente 32 mil alunos e uma circulação diária de  estimada em 45 mil pessoas, a instalação das câmeras em pontos estratégicos foi uma das possibilidades que podem contribuir para a redução da violência.

“O nosso projeto original de informatização está em fase de implantação. Apesar dos avanços tecnológicos, ainda dependemos de mão de obra humana”, ressalta  Manoel Eufrasino. Para ele, a possibilidade da Polícia Militar realizar rondas periódicas na área do campus central não está descartada.

Manoel afirma que há uma intenção da UFRN em firmar uma parceria com o Comando Geral da Polícia. “Se a Polícia Militar topar fazer rondas pelo menos no anel viário e nos pontos de ônibus do campus central, será uma boa atitude para nós da segurança e principalmente pros alunos e servidores”, destacou. Ele considera que os pontos críticos da universidade em relação à segurança são: a Praça Cívica, o anel viário e os pontos de ônibus em horários de menos movimentação.

Tecnologia auxilia segurança

Uma volta ao redor do campus universitário em menos de dois minutos. A tecnologia das câmeras de monitoramento posicionadas nos pontos mais altos do campus, permitem que isto seja realizado. Na Central de Monitoramento da UFRN, 11 monitores captam imagens de 36 câmeras. Os equipamentos conseguem identificar, através do zoom, placas de veículos que entram e saem do campus além de possibilitar a identificação visual de quem transita pela área da instituição.

“Há quatro anos, o sistema foi implantado. Com as câmeras, nós conseguimos ampliar o monitoramento. Em dois minutos no máximo, nós conseguimos visualizar todo o campus universitário”, afirma o operador de câmeras Adauto Sabino Bezerra. As câmeras estão posicionadas a uma altura na qual é capaz de captarem imagens num raio de cinco quilômetros.

Foi através deste sistema integrado, que os seguranças da UFRN conseguiram coibir a ação de uma quadrilha que realiza arrombamentos em veículos. O grupo foi surpreendido no início do ano passado enquanto forçava a abertura de um veículo no estacionamento do setor I. “Nós verificamos a ação e deixamos para agir no momento certo. O grupo foi preso em flagrante”, disse Adauto.

Há quatro meses, as câmeras conseguiram captar a ação de um homem roubando capacetes. Utilizando-se de câmeras que se movimentam em 360º, os operadores acompanharam o roubo e capturaram o marginal quando ele saía da área da UFRN. Apesar do avanço, muito ainda precisa ser feito.

 “Apesar das melhorias e do avanço tecnológico, ainda existem ajustes a serem feitos. É preciso entender que nem todas as ações  são captadas”, analisa Adauto. Ele comenta que em relação a outras universidades federais, inclusive maiores e com mais recursos, o monitoramento da UFRN é um dos mais modernos do país. Mas não deixa de fazer uma ressalva. “O campus universitário não será nunca um lugar totalmente seguro. O consideramos seguro, mas não descartamos que casos de violência podem ocorrer”.

Alunos consideram campus inseguro

Nos últimos seis anos, o caso mais violento registrado no campus central da UFRN foi um estupro praticado contra uma aluna em outubro de 2008. As informações sobre o caso são superficiais para garantir o sigilo em relação à identidade da vítima.  Mesmo sem nenhuma ligação direta com o campus universitário, um assassinato chocou a sociedade potiguar há 12 anos.

Em 14 de maio de 1999, o corpo da advogada  Bianca Mesquita de Moraes Passos foi encontrado a 200 metros da guarita do Exército, no anel viário do campus universitário, em Nova Descoberta. Bianca Mesquita tinha 33 anos e  foi encontrada com um tiro na cabeça. Na época do crime, dois vigilantes do campus chegaram a afirmar que viram dois rapazes numa moto próxima ao carro da vítima. O crime não foi elucidado.

 Nos últimos três anos porém, os índices de violência diminuíram internamente. Um média de 13,3 assaltos ocorreu entre 2008 e 2010. Apesar dos números apontarem a eficiência do monitoramento por câmeras, implementado no campus central há cerca de quatro anos, os alunos que circulam diariamente na universidade ainda consideram o ambiente inseguro e os vigilantes terceirizados despreparados.

 Um aluno do setor II, que pediu sigilo de sua identidade, afirmou que o consumo e comercialização de maconha nos blocos de aula são comuns. “A qualquer hora, pode-se adquirir maconha aqui. Tem gente que nem vende, compartilha. Muitos vigilantes sabem disso e fazem vista grossa”, comenta o aluno. Ele afirma que o consumo se intensifica à noite. “Eu sei que muitos dos usuários são pacíficos. Mas se um dia chegar um traficante aqui procurando alguém que não pagou a dívida, e aí”, indagou.

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