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Câmara Cascudo: Intérprete do Brasil e de suas múltiplas cores

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Lívio Oliveira
Poeta e curador

Das muitas e muito merecidas homenagens que o pesquisador, historiador, etnógrafo, folclorista e escritor Luís da Câmara Cascudo tem recebido ao longo do tempo, essa talvez seja uma das mais originais e interessantes. A artista plástica já renomada Cibele Oliveira – artista visual pertencente ao Grupo GUAP/UFRN e medalhista nacional/internacional – traz a lume uma série especial de quadros, com uso de diversas técnicas (tradicionais e tecnológico-digitais), traduzindo em cores – as cores de Cascudo e do Brasil – a condição importantíssima e relevante de grande intérprete nacional que é condizente com a trajetória intelectual do nosso ilustrado mestre. E esse título já está pra lá de evidenciado na realidade trabalhada pelo grande humanista nascido em Natal e que aqui viveu durante toda a sua vida.

Quando o próprio Cascudo se intitulava um “provinciano incurável”, evidentemente que tinha a consciência de que o seu envolvimento visceral com a realidade do povo brasileiro não permitiria uma leitura simplista da expressão que cunhou. Cascudo, em verdade, atravessou todas as fronteiras em seus estudos e pesquisas, tendo obtido a mais ampla compreensão da realidade nacional desde as suas raízes e entranhas, nada ficando a dever nesse mister a figuras como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e outros grandes nomes que se propuseram o debruçar-se sobre as complexidades desse país colossal e altamente complexo chamado Brasil.

Nessa exposição vale a percepção sensível acerca do papel essencialíssimo desempenhado por Cascudo nessa tarefa e nesse processo dificultoso, mas muito frutífero, com que o maior nome da intelectualidade potiguar se integrou ao ofício permanente de esmiuçar detalhes da realidade nacional e de um povo multicolorido, formando, a partir de uma pluralidade de textos, um grande mosaico a permitir o desvelamento mais adequado da realidade brasileira, desde as suas origens históricas mais remotas, perpassando por aspectos relativos ao folclore, etnografia, alimentação, hábitos, tradições e costumes do povo, dentre outros muitos aspectos enriquecedores do conhecimento sobre a cultura e a civilização que se estabeleceu neste país.

Cibele Oliveira, com sua sensibilidade e sua elevada arte, retrata em cores e tintas, a paixão que Cascudo dedicou aos seus estudos e às palavras com as quais nos mostrou valores e princípios, fatores de crescimento do Brasil e do Brasileiro (aqui vale mesmo a maiúscula intensa, expressiva e que deveria ser mantida sempre que se escrevesse algo acerca da análise cascudiana de sua gente) que se fizeram objeto do seu amor durante toda a vida e em meio à eternidade e imortalidade de seus nome e obra.

Desfrute, portanto, da belíssima exposição e se delicie com mais uma, ou muitas formas de traduzir Luís da Câmara Cascudo, aquele que, de sua parte e de seu íntimo e intenso querer, tão bem e tão profundamente soube traduzir e interpretar a alma e a gigantesca vitalidade do Povo Brasileiro.

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