Pedro Andrade
repórter
Após cinco anos de burocracia e andamento lento, começam a ser dados os encaminhamentos para construção do Residencial Maruim. Nessa segunda-feira, 4, teve início a instalação do canteiro de obras no local e continuou a limpeza do terreno na rua Esplanada Silva Jardim, na Ribeira. O condomínio de 200 apartamentos abrigará moradores da Comunidade do Maruim em 25 blocos. O terreno funcionava como depósito das secretarias municipais de Mobilidade Urbana (Semob) e de Serviços Urbanos (Semsur). Com a retirada do material, o que restou de uma antiga fábrica será demolido e a limpeza deve durar até dois meses.
Apesar de usado como depósito da Prefeitura, até ontem de manhã havia lixo espalhado pelo local e a estrutura predial que resta da indústria está completamente abandonada. De acordo com a Semsur, que ainda tinha material no depósito até a tarde de ontem, a recomendação é de retirar tudo até hoje.
O material sob responsabilidade da Semob foi para outro depósito do Município, na rua General André Fernandes, em Candelária. Da parte da Semsur, o relativo à iluminação foi para outro depósito alugado no mesmo bairro e o restante será levado para o antigo prédio da Semurb, na rua General Glicério. A pasta de Serviços Urbanos fez limpeza no local há 15 dias, mas como por estar totalmente aberto, está tomado por lixo.
O engenheiro Ivanaldo Azevedo, da construtora Certa Engenharia – responsável pela obra do residencial –, explica que após retirada do material, são necessários pelo menos dois meses para demolir o restante da fábrica e deixar o terreno totalmente limpo. A documentação emitida pela Semurb, um dos fatores que causou o atraso de cerca de seis meses, já está em mãos. “Temos o alvará de demolição e licença ambiental para derrubada de umas três ou quatro árvores. Depois que começar, a gente termina tudo em até 18 meses [janeiro de 2016]”.
Segundo o secretário municipal adjunto de Habitação, Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes (Seharpe), Albert Josuá Neto, enquanto durar o serviço, os moradores permanecem na comunidade. “Quando terminar as obras, o pessoal será transferido. São 165 famílias que já estão cadastradas e vão receber o apartamento sem arcar com qualquer custo”. Os 35 apartamentos restantes, de acordo com Josuá Neto, serão ocupados por famílias de áreas de risco da cidade, como o Passo da Pátria.
Apesar da entrega dos apartamentos ligados às redes de água e esgoto, com um reservatório d’água específico, alguns moradores discordam da relocação de suas casas. Janete Alves, de 53 anos, trabalha com descasque de camarão e sempre morou no Maruim. Mesmo com os novos lares, ela preferiria casas ao invés de apartamentos. “As vezes as pessoas não cuidam direito de suas casas e podem prejudicar os outros. Eu preferiria que fosse casa, no chão”, disse.
Paula de Lima Rodrigues, de 19 anos, trabalha há quatro anos no descasque. Mesmo se afastando um pouco de onde mora, ela considera que um centro para a atividade será bom por manter o pessoal na atividade que sustenta diversas famílias da comunidade.
O Residencial Maruim, executado pelo programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, custará R$ 12,2 milhões oriundos do Ministério das Cidades.
Ampliação do porto
Com a desocupação, a área do Maruim será 45% cedida à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) e o restante continuará com o Município, que vai criar o Complexo Comercial e Turístico Praça Pôr do Sol, com 24 boxes e um centro de descasque de camarão, atividade que alcança pelo menos 38 famílias da comunidade, segundo a Colônia de Pescadores de Natal. Já a Codern construirá o Pátio Maruim, para conteineres refrigerados. Antes fará reforço da pavimentação, obras na rede de água e esgoto e instalará uma subestação de energia elétrica. O diretor técnico e comercial da companhia, Hanna Safieh, diz que o pré-projeto existe e que aguarda definição do perímetro que receberá, para desenvolver o projeto definitivo.
