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Cardiologia em Natal está entre os centros de referência

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MEDICINA - Primeiros médicos com especialidade em medicina intensiva chegaram a Natal no final dos anos 70

“Não faz mais sentido sair do Rio Grande do Norte para tratar do coração”. A afirmação do médico cardiologista Kerginaldo Paulo Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no RN, mostra como essa especialidade avançou no Estado, pois cerca de 15 anos atrás o paciente que precisasse se submeter a qualquer procedimento cardiovascular, um cateterismo, por exemplo, era obrigado a se deslocar até Recife, no mínimo.

“A cardiologia daqui é igual à de qualquer lugar do mundo. Essa especialidade avançou bastante no mundo e Natal acompanhou esse avanço na última década. Hoje, fazemos de tudo, do mais simples ao mais complexo procedimento. Se há pacientes que ainda procuram se tratar fora do Estado ou no exterior é por uma questão de opção, mas não há essa necessidade”, garante Kerginaldo Torres.

Equipados com tecnologia de ponta e contando com profissionais especializados nos mais diversos procedimentos da cardiologia, os hospitais e clínicas de Natal que cuidam das doenças relacionadas ao coração vêm conseguindo dar conta de todas as necessidades nessa área, desde o diagnóstico até a cirurgia cardiovascular e o transplante de coração.

O RN conta com dez cirurgiões cardíacos e cerca de 300 leitos, em média, para doentes da área cardiológica. Em matéria de técnicas empregadas e equipamentos, o setor de diagnóstico se destaca com a utilização do que há de mais moderno sendo usado no mundo. Depois do procedimento hemodinâmico (que possibilita diagnosticar obstruções coronarianas, vasculares, tumores e aneurismas) e da ecocardiografia (ultra-som empregado para avaliar pacientes com sopro cardíaco, sintomas de palpitação, síncope, falta de ar, dor torácica, ou portadores de diversas doenças cardíacas) Natal passou a disponibilizar, há três meses, a tomografia computadorizada de artérias do coração.

O exame é feito por meio de um aparelho chamado multislice (múltiplas fatias), que possibilita saber a situação das artérias sem que seja preciso submeter o paciente ao cateterismo. “É um exame ainda menos invasivo. Poucas cidades fazem”, diz Kerginaldo Paulo Torres. Só há um equipamento do tipo na cidade, e com 16 detectores, no Instituto de Radiologia. Um outro, de 64 detectores – modelo mais avançado do mundo – está para chegar no Instituto do Coração de Natal (Incor).

“Em alguns casos não vai precisar de cateterismo (raio-x realizado através de um pequeno “tubo” introduzido por um orifício na artéria femural e levado até o coração). Há um percentual significativo de exames que dá normal”, diz o médico cardiologista Madson Vidal, um dos diretores do Incor. Segundo ele, o aparelho possibilita uma definição bem precisa do coração, o que permite saber qual vaso sanguíneo foi acometido. Também é possível ter um diagnóstico mais precoce do câncer.  

Especialidade deu um salto de 200 anos

A médica cardiologista Fátima Azevedo, representante no RN da Sociedade Brasileira de Hipertensão e chefe do Departamento de Medicina da UFRN, acompanhou o desenvolvimento da medicina e, particularmente, da cardiologia no Estado. “Em 20 anos a cardiologia deu um salto de 200 anos”, diz ela, lembrando que os primeiros médicos com especialidade em medicina intensiva chegaram em Natal no final dos anos 70, e foram eles que motivaram os serviços a acontecer. A Sociedade Brasileira de Cardiologia – seção RN, fundada no início dos anos 80, também deu um grande impulso.

“A realização de congressos trouxe vários profissionais com especialidades em áreas muito específicas e se aprendeu muito com eles. Não tínhamos UTIs, a primeira foi a do São Lucas; depois vieram as outras. O hemodinamicista foi o São Lucas que trouxe”, fala. A primeira cirurgia cardíaca foi realizada no Hospital da Polícia, no final dos anos 70, por um médico de fora do Estado, segundo Fátima. O cardiologista Sylton Arruda de Melo, cujas especialidades são arritmia e implante de marca-passo, lembra que há 15 anos para se fazer cateterismo era necessário ir, no mínimo, para Recife. “Hoje, temos todos os procedimentos cardiovasculares em Natal, estudo eletrofisiológico, troca de válvula, ponte de safena.” “Transplantes de coração, já foram realizados vários com sucesso”, completa Fátima Azevedo.

O que ainda não existe no Rio Grande do Norte é residência na área de cardiologia. O estudante que terminar medicina – depois de seis anos de graduação e dois de clínica médica – precisa sair do Estado para se especializar. São mais dois anos para se especializar em cardiologia e geral e mais dois para atuar como cirurgião cardíaco. No Nordeste, tem residência na Bahia, Pernambuco e Ceará.  

RN é considerado um centro de referência em várias áreas

O Rio Grande do Norte pode ser considerado, hoje, um centro de referência na cardiologia e também na neurocirurgia, oftalmologia e oncologia, entre outras especialidades. No campo da neurocirurgia, por exemplo, desde 1999 o Estado utiliza a técnica endovascular (embolização), em que não é necessário abrir a cabeça do doente para realizar o procedimento. Um microcateter é introduzido pela veia femoral, na virilha, até o local afetado.

O método é mais rápido e diminui os riscos, além de possibilitar o tratamento de outras doenças igualmente graves como más formações arteriovenosas durais e fístulas carótido- cavernosas – representando, por vezes, a única possibilidade terapêutica para o paciente -, além de tumores intracranianos ou da cabeça e do pescoço. Pacientes de quase todo o Nordeste e também de estados do Norte são com freqüência encaminhados a Natal para a realização de neurocirurgias.

Na oncologia, destaca-se a parte de diagnóstico, com a utilização da mais moderna aparelhagem do mundo. Na oftalmologia, têm-se as cirurgias refrativas – para a correção de miopia, estigmatismo e hipermetropia. As cirurgias de catarata também avançaram. Há cerca de 15 anos, o procedimento só era feito no Rio de Janeiro ou em São Paulo e durava uma hora. Atualmente, são necessários menos de dez minutos e o doente vai pra casa no mesmo dia.

As cirurgias gerais também evoluíram. Na maior parte das vezes emprega-se uma técnica chamada videolaparoscopia – o médico faz pequenas incisões no paciente e trabalha com o auxílio de lentes, micro-câmeras e um monitor de TV. Para os pacientes, o emprego dessas técnicas de ponta trazem enormes benefícios. Ele se recupera mais rapidamente e seu corpo sofre menos agressão. O risco de infecções também é menor.

Sociedade está preocupada com os jovens

A grande preocupação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) hoje é com a prevenção da ocorrência das doenças do coração. De acordo com o presidente da SBC no RN, cardiologista Kerginaldo Paulo Torres, 1/3 das mortes no Brasil têm causas cardiovasculares.

Em Natal, o médico está à frente de um trabalho que tem por finalidade identificar os fatores de risco de doenças cardiovasculares em adolescentes (indivíduos na faixa etária entre 11 e 19 anos). A intenção é avaliar 1.500 adolescentes para que se tenha um número representativo.

Já foram entrevistados 300 jovens e, com base nos dados coletados, ainda preliminares, o médico cardiologista está muito preocupado. “Constatamos uma grande incidência de obesidade ou sobrepeso, e ainda uma quantidade considerável de crianças com alteração na taxa de gordura e com diabetes, além de elevado consumo de álcool e cigarro”.

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