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Carnaval: alegoria-alegria!!!

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Milton Dantas da Silva
Psicopedagogo, coordenador da Pastoral da Criança no RN

Vivemos um tempo de mudanças, um tempo propício ao caminhar em busca de novos ares já que o rumo que toma nossas vidas é um rumo de constante espaço de medo como que um tempo de indefinição. Temos medo, temos receio de que tudo seja um caminhar para o abismo, para a incerteza do ser. Tempo e espaço nos acolhe. Somos criaturas espaço-temporais, ou seja, caminhantes, aprendizes da esperança de dias melhores, seres de relações que aprendem num espaço e num tempo determinados por nosso próprio protagonismo.

Carnaval chega como tempo para espairecer, para estravazar aquilo que incomoda. É um misto de alegoria e realidade, verdades e mentiras, sentimento e razão num jogo de livre jeito de viver por um determinado tempo. Alegria é a palavra de ordem para este momento. Cada circunstância se atualiza na medida em que o protagonista da ação se revela, num misto de encontro e desencontro de máscaras que entram e máscaras que saem.

Alegria é algo determinante para nossa vida e se faz algo imprescindível na medida em que cada um e cada uma se abre ao encontro do diálogo, das relações pessoas, da troca de experiência, do estravazamento do sentimento de pessoas que se dispunham a ser felizes em comum unidade. Ela é necessidade e é produto das ações colocadas em prática: palavras, atos, não omissões, num constante desejo de riso em meio ao choro, fala em meio ao silêncio, canto, dança em meio a tantas características do ser estático, medroso jeito de não enfrentamento das circunstâncias adversas.

Este tempo parece ser um período de apenas fantasia, de reclusão da razão em detrimento do sentimento, porém há de se sentir que necessária se faz a existência de momentos como estes para que, inundados num mundo de profundas marcas de violência, de valores demandados, possamos provar da festa, da cultura produzida pelos talentos não escondidos, da arte, da estética, da liberdade de criação de aparatos que demonstram gosto e desejo de produção sempre. É o carnaval, também, um tempo de belezas construídas, de arte vivenciada, se assim nossos olhos conseguirem retirar da totalidade este recurso.

Sabemos que a alegria não deve ser apenas passageira, mas duradoura. Para isso é imprescindível, também, vivenciar cada espaço e tempo numa postura evangélica que traduza a alegria de maneira real. A alegoria é instrumento. Os símbolos colaboram. Vale, então, refletir: nossa alegria está apenas na alegoria?

Diz o Papa Francisco:  a alegria do Evangelho é duradoura.  Enche o coração dos que, no cotidiano, vivenciam a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Trata-se de uma alegria que não é como muitas outras, que seduzem, mas são passageiras e não têm força para resgatar o vazio interior, o isolamento e a tristeza.

Assim, carnaval pode ser um instante para vivenciar esta alegria que passa (alegoria), porém aproveitar este tempo para troca de saberes construídos, sentimentos vividos em comum unidade, não se fechando em nossos próprios interesses. Neste tempo podemos vivenciar a alegria e o entusiasmo para fazer o bem, num verdadeiro encontro para cultivar sonhos e projetar vida sempre a caminho.

Sejamos, então, neste período, guardiões do desejo de vida plena para todos, saindo e indo ao encontro do outro, renunciando às comodidades e acolhendo o desafio da mudança, da renovação, em atitude de ousadia e zelo pelo espaço no qual habitamos, no tempo vivido e na constante busca do zelo pela casa que é de todos e que todos precisamos. Sejamos acolhedores uns aos outros numa postura de trabalhadores e trabalhadoras do espaço-tempo com alegoria-alegria!

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