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Carro, sim; educação, não

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Carro, sim; educação, não

A manchete é do jornal Estado de Minas e quase trinca as vidraças da perplexidade dos bestas: “Mineiro gasta 3 vezes mais em carro do que no estudo”.  Mineiro aí é o cara (ou cara) nascido em Minas Gerais, gente tida como comedida nos gastos, o mais econômico dos brasileiros, daqueles que, nas longas conversas dos alpendres, veredas de Guimarães Rosa, quando a prosa é da parte da  noite apaga o candeeiro (para não gastar o querosene) e desce as calças para não gastar os fundilhos do brim. Isso, certamente é folclore dos matutos de lá. Com o pessoal da praça a história é outra. Está de acordo com os tempos modernos. A notícia do jornal de Belo Horizonte conta o seguinte:

– Combustível, seguro, financiamento, IPVA, estacionamento, manutenção… As despesas das famílias mineiras com carro consomem 10% do orçamento mensal, atrás apenas de itens essenciais como alimentação (17%) e artigos para casa (12%). Já os custos com material e mensalidade escolar não passam de 3%, segundo levantamento inédito.

– A classe C prefere por os filhos na escola pública e comprar automóvel, gastando até 4,5% a mais nele que  em educação. A classe B aperta o cinto para garantir a escola particular, mas mesmo assim os gastos com veículos são bem maiores.
Depois de ler a notícia fiquei remoendo com os botões do pijama imaginando se a pesquisa idêntica fosse aplicada na volúvel sociedade potiguar. Basta uma passadinha pelas escolas natalenses, nas horas de deixar e pegar a garotada para se ver os carrões da pátria assinalados, verdadeiros troféus das radiantes classes A, B e C desta laboriosa aldeia de Poti mais exibida. Poderia fazer uma conferida nas imediações dos restaurantes e bares metidos a besta. Ou nos salões das dondocas deslumbradas. Ou quase. Nada mais radiante do que a civilização dos parrachos, mais agora que ela acaba de descobrir, em oito parcelas, os encantos do mares do Caribe.

Turista brasileiro campeão

No rastro dessa sociologia mineira (gasta-se mais com carro de que com educação) li outra notícia, agora na Folha de S. Paulo, dando conta de que o turista brasileiro ocupa o terceiro lugar no ranking mundial dos que mais gastam nos Estados Unidos, perdendo apenas  para os japoneses e britânicos. A notícia brinda ainda  o rico turista brasileiro com outros enfeites. A pesquisa é do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Destaquei alguns tópicos da notícia:

– Os gastos dos brasileiros nos Estados Unidos explodiram. Cada brasileiro que vai aos EUA gasta, em média, US$ – crescimento de 250% desde 2003, só perdendo em gastos para o turista chinês.

– O brasileiro já está em 3º lugar no ranking dos turistas que mais gastam nos Estados Unidos, atrás apenas dos japoneses e britânicos (não incluindo os vizinhos mexicanos e canadenses, que viajam grande parte das vezes por via terrestre e para fins não turísticos).

– Neste período (de 2003 a 2010),o brasileiro passou do 7º turista que mais gasta nos Estados Unidos para o 3º, ultrapassando os alemães, os franceses, os sul-coreanos e os australianos.

– Os brasileiros sempre viajam para fazer compras, mas nestes últimos sete anos, boa parte deles passou a ir aos Estados Unidos apenas para fazer compras.

Pena que a reportagem da Folha não revele o que brasileiro gosta de comprar tanto nos Estados Unidos. Mas não é difícil saber.  Basta ouvir os papos e ver os enfeites importados.

Diógenes, o advogado 

Diógenes da Cunha Lima está comemorando 50 anos de advocacia. Lança um livro, lança uma revista, repagina o seu escritório da Hermes da Fonseca e faz conferência. O livro, “Natal – uma nova biografia”, ilustrado com fotos de Hênio Bezerra, será  lançado dia 13, na Siciliano; a inauguração do novo escritório, dia 12, com o lançamento da revista DCL Revista; e a conferência será na OAB, de 14 a 16: “O direito no amanhã”.

Almoçando

Almoçando ontem no Agaricus, esquina famosa da Afonso Pena com a Mipibu, Ticiano Duarte, Dodora e Sávio Hackradt, e este orador que vos fala. Cardápio variado: política, jornalismo, literatura. Cada um puxando no elástico para medir o crescimento desordenado de Natal. Uma volta de muitas voltas ao passado. Na política mesmo pouca coisa mudou. Basta conferir o dna da fauna atuante.

O risoto de pato estava muito bom, no ponto. O tinto chileno casou bem. Na parte me tocou.

Arte

Na revista Casa Vogue, de agosto, tem uma tela de Carlos José, dos nossos melhores artistas plásticos. Pertence ao acervo do estilista  mineiro Ronaldo Fraga, dos maiores nomes da moda brasileira. A casa de Ronaldo Fraga é uma das reportagens da revista. Muitas obras de arte popular decoram e embelezam a casa rica de muita brasilidade.
 
Cortar  palavra

Da coluna Escrita, do Jornal do Comércio de Recife, assinada por Schneider Carpegiani, destaco a intervenção do escritor português Gonçalo M. Tavares, no Café Filosófico da Bienal do Livro do Rio de Janeiro:

“Tirar palavras do texto é deixar espaço para o leitor preencher com suas próprias palavras. Um livro não está contido apenas entre capa e contracapa. Falta sempre uma parte: o leitor”.

Gonçalo M. Tavares é um dos autores portugueses mais premiados no momento. Aplaudido por Saramago. Entre suas obras, estão o romance Jerusalém  e o livro poema Uma viagem à Índia.

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