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Carta Aberta dos fazedores das Artes Cênicas do RN à secretária Extraordinária de Cultura

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Exma. Profa. Isaura Rosado
Secretária Extraordinária de Cultura do RN

Com o passar dos anos, passam-se também os Gestores da Cultura do nosso estado. Cada um ou cada uma tentou contribuir, ao seu modo, com o desenvolvimento das políticas públicas para a Arte e a Cultura Norteriograndense. Observamos ao passar desses anos, tentativas frustradas de efetivação de um projeto para nossa área. Auxílios-montagens, Projetos de Circulação, Festivais e inúmeras outras ações que se esvaíram na total ausência de um programa integrado e de qualidade. Sempre foram ações isoladas em si, sem qualquer relação uma com a outra. Com verbas ínfimas e que muitas vezes caíram no gargalo das contas públicas de um Estado endividado.

Passado um pouco mais de seis meses de Gestão da Senhora Secretária Isaura Rosado, nós, artistas das Artes Cênicas do Rio Grande do Norte a convidamos para discutir a total pasmaceira e inércia que se encontra parte dos Grupos teatrais de nosso estado, a convidamos para refletir conosco a total ausência de políticas públicas “continuadas” para o nosso setor.

Diferentemente dos Gestores que mudam com o passar dos anos, nós, artistas, somos os mesmos. E somos nós que sofremos com essa política descontinuada, heterogênea e que não nos favoreceu em nada para o fortalecimento de nosso fazer artístico. Até quando vamos nos orgulhar de exportar nossos melhores artistas? Será que não seria melhor dizer “expulsar” ao invés de “exportar”, pois não é dada a mínima condição de fazer com que ele, o artista, possa escoar a sua produção artística e intelectual, de forma independente e livre, assim como fazem os grandes produtores agrícolas ou de indústrias?

Estamos vendo ao longo dos anos, um Estado burocrático, despreparado, que não entende a complexidade de nossa cultura e que sua valorização não depende, apenas, da realização de “é-ventos” com datas e locais isolados e totalmente atrelados aos equipamentos públicos, como se neste momento se caracterizasse um programa de prestação político partidário de uma gestão. A verdadeira cultura, acontece nos galpões do grupos de teatro e dança de todo o estado, nas casas de músicos, nas praças, nos terreiros de Griôs, nos ateliês, nas paredes descascadas de prédios abandonados, nas lonas de Circo, nos clubes e nas agremiações, uma Cultura pulsante, latente e que vibra no corpo desse povo brasileiro, em sua diversidade e pluralidade, e que independentemente da máquina do Estado, nós fazedores de teatro sempre estaremos produzindo.

É importante que estes projetos possam se transformar em ações que venham a desempenhar um papel importante no escoamento de toda essa produção, fomentando um trabalho cada vez mais de qualidade, digno, com direitos trabalhistas garantidos, fazendo com que nossa arte circule pelo Brasil e seja reconhecida pelo cuidado, pelo tratamento, pela pesquisa e principalmente por sua qualidade estética.

#SAIBAMAIS#Apesar da total descrença com as últimas gestões de cultura no Estado e nos municípios do RN, ainda sonhamos com dias melhores, dias mais tranquilos, em que não tenhamos que brigar por cachês que não saem, por editais não realizados, e que a verba para a cultura do RN fortaleça cada vez mais a produção local, tanto em termos qualitativos como em quantitativos. Só para ilustrar, em São Paulo, com a Lei de Fomento ao Teatro, os grupos participam de editais com valores de até R$500.000,00 (quinhentos mil reais) por projeto, realidade essa que está muito longe da nossa.

Sendo assim, Senhora Secretária, viemos por meio desta abrir um diálogo com a Secretaria Extraordinária de Cultura e a Fundação José Augusto para efetivarmos essa Política Pública para as Artes Cênicas Potiguar. E para deixar bem claro o que entendemos por “Política Pública para as Artes Cênicas Potiguar” elencamos alguns pontos descritos abaixo, afim de afinarmos o nosso discurso e começarmos esse diálogo com algo palpável.

. Editais de Montagem, Circulação, Pesquisa e Manutenção/formação, lançados semestralmente ou anualmente que garantam a produção artística e intelectual dos grupos de forma livre e longe temáticas pré-definidas num contrato, e que dialoguem entre si formando uma verdadeira Cadeia Produtiva do Teatro Potiguar;

. Quitação, continuidade e ampliação de editais já existentes, mas que ainda sofrem com a falta de comprometimento do estado para efetivação de seus pagamentos, a exemplo: Edital Chico Vila de Circulação e o Prêmio Lula Medeiros de Teatro de Rua;

. Ações integradas que fortaleçam a cadeia produtiva da Cultura, entendendo a existência de uma Economia Criativa que acompanha toda essa produção;

. Ações que deem visibilidade a produção local, de modo a incentivar seu escoamento por festivais e Mostras de todo o Brasil, como a efetivação de um Festival de Teatro Nacional, a exemplo do Festival Agosto de Teatro, com a presença de apreciadores que propiciem uma reflexão crítica de nosso fazer e que sejam uma “ponte” importante para nossos grupos participarem de outros eventos como este;

. Ações de Manutenção que garantam o fortalecimento de Grupos e Fazedores das Artes Cênicas do RN, que passem pela produção e formação intelectual até a manutenção de seus espaços físicos, fazendo de cada lugar um território de produção artística;

. Editais de ocupação dos Teatros Públicos do Estado, que aos cofres públicos saem quase a custo zero, e que com o advento de um novo Teatro na Cidade que desocupou em grande escala o TAM, está mais de que na hora de nossa histórica Sala de Espetáculos voltar a ser do artista Potiguar.

Com esses pontos podemos começar esse diálogo, cientes da urgência e de certa inércia a que passa a Cultura de nosso Rio Grande do Norte, deixando bem claro, que qualquer desses pontos se feito de maneira isolada, não mudará em nada a cenografia pobre, porém pulsante, que ilustra o espetáculo da Cultura do nosso estado. Será, apenas, mais uma tentativa de empurrar goela abaixo de nossos artistas mais uma política de governo descontínua e fraca em sua essência e em seu discurso.

Caso essa cenografia continue a mesma, parafrasearemos o Poeta Mario Quintana e bradaremos aos quatro cantos: “Todos estes (Gestores) que estão aí/ atravancando ‘nosso’ caminho?/Eles passarão…/nós passarinhos”.

Então, Senhora Secretária, a convidamos para esse simples desafio.

Bando La Trupe – Natal/RN
Centro de Cultura da Vila de Ponta Negra – Natal/RN
Carpintaria Teatral – Natal/RN
Cia A Máscara de Teatro – Mossoró/RN
Cia Bagana de Teatro – Mossoró/RN
Cia Empório D’ell Arte – Currais Novos/RN
Cia Pão Doce de Teatro – Mossoró/RN
Cia Teatral Alegria Alegria – Natal/RN
Coletivo Atores à Deriva – Natal/RN
Elas & Cia – Natal/RN
Grupo Arruaça – Mossoró/RN
Grupo Artes e Traquinagens – Natal/RN
Grupo Bela Trupe de Teatro – Mossoró/RN
Grupo Cacimba de Teatro – Caicó/RN
Grupo Casa da Ribeira – Natal/RN
Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare – Natal/RN
Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias – Natal/RN
Grupo de Teatro Retalhos da Vida – Caicó/RN
Grupo Estação de Teatro – Natal/RN
Grupo Estandarte de Teatro – Natal/RN
Grupo Tambor de Teatro – Natal/RN
Grupo Teart de Teatro – Natal/RN
Tropa trupe Cia de Artes – Natal/RN
Rede Estadual dos Pontos de Cultura

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