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Caso Rhanna: delegado vai indiciar Rômulo por agressão grave

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Valdir Julião – repórter

O delegado de Defesa da Mulher, Francisco Quirino, vai remeter hoje para o juiz da 2ª Vara Criminal de Natal, Alceu José Cicco, o inquérito criminal contra o comerciante  Rômulo Lemos do Nascimento, 22 anos, acusado de quebrar o braço da estudante de Direito Rhanna Umbelino Diógenes, 19 anos, depois que ela, supostamente, se recusou a corresponder a um pedido de beijo e a dançar com ele, numa boate em Ponta Negra.

Rômulo Lemos foi à Delegacia de Defesa da Mulher na tarde de ontemOntem, o acusado compareceu à Delegacia de Defesa da Mulher. Segundo o delegado Francisco Quirino, Rômulo Lemos recusou-se a falar perante a autoridade policial e confirmou que  só iria se pronunciar em juízo. Mesmo assim, através de seu advogado, o comerciante teria admitido o fato que gerou a fratura do braço de Rhanna, mas afirmando que teria reagido instintivamente ao momento em que ela teria jogado bebida contra ele e que a lesão ocorreu, também, por causa de um escorregão sofrido pela estudante.

O delegado Francisco Quirino disse que vai trabalhar no feriado alusivo ao Dia do Servidor Público, inclusive “perdendo o aniversário do meu filho em Caicó” para poder concluir o inquérito policial, com a juntada dos autos,  no final da tarde de ontem, de um CD com as imagens internas da boate e do momento em que teria ocorrido a agressão contra a estudante de Direito. “Não sou psiquiatra e nem psicólogo, mas acho que esse rapaz merece um estudo”, comentou o delegado.

Quirino confirmou que vai indiciar o acusado no artigo 129 do Código Penal Brasileiro (CBP) pelo crime de lesão corporal grave (que prevê pena de um a cinco anos de reclusão), mas acha que o caso também tem indícios para enquadrá-lo na Lei Maria da Penha.

Rômulo Lemos chegou à delegacia às 15h28, sem pronunciar qualquer palavra à imprensa. Ele estava vestindo calça e jaquetas jeans por cima de uma camisa e do mesmo jeito que entrou, saiu, tentando cobrir a cabeça com a jaqueta.

Lemos saiu do prédio da Delegacia de Defesa da Mulher, na rua Padre Miguelinho, 109, na Ribeira, por volta das 17h20, depois de uma demora  porque não queria ser fotografado e nem filmado pelos repórteres de jornal e TV que cobriam o evento. Segundo o  delegado, antes de sair do seu gabinete, o advogado do comerciante, Durvaldo Varandas chegou a ameaçar o seu cliente de se retirar do caso, se ele resolvesse cobrir totalmente à cabeça como queria.

DENÚNCIAS

Após a saída de Rômulo Lemos da delegacia, Quirino informou que, tão logo seja remetido os autos para a Justiça, vai ouvir pelo menos oito mulheres que procuraram a Delegacia e teriam sofrido agressão física ou ameaças por parte do  comerciante. Ontem, no fim da tarde, o juiz Alceu José Cicco julgou mérito do habeas corpus preventivo interposto pelo acusado, o  que de novo negado pela Justiça.

Defesa e acusação se enfrentam

O comparecimento do comerciante à Delegacia de Defesa da Mulher, ontem à tarde, foi precedido pela manhã por uma sucessão de desentendimentos entre o advogado Durvaldo Varandas, que defende o  comerciante de roupas Rômulo Lemos, e o também advogado Kennedy Diógenes, o pai da estudante universitária Rhanna Diógenes, que quebrou o braço depois de uma agressão sofrida no interior de  uma boite na avenida Roberto Freire, em Ponta Negra.

Durvaldo Varandas foi a Deam, na Ribeira,  no final da manhã  em busca de uma cópia do autos do processo e das imagens nas quais seu cliente aparece junto a jovem Rhanna Diógenes.

Enquanto esperava para falar com o delegado Francisco Quirino, Varandas conversou rapidamente com Kennedy Diógenes, o qual questionava o motivo de o acusado estar supostamente se escondendo.

Os ânimos se elevaram e o pai da estudante afirmou que o representante jurídico estava obstruindo o andamento do processo. Este, afirmou ter direito a análise dos autos, sendo essa a condição para conduzir o cliente na oitiva perante a autoridade policial.

Os agentes da Deam informaram que na semana passada, um policial foi até o escritório de Varandas e lá entregou uma intimação para que ele e o acusado comparecessem hoje para depoimento. No entanto, o advogado teria se recusado a receber e assinar a documentação. “Não sabia nem o que tinha no envelope. Não assinei nada porque tinha direito aos autos e não os tive em mãos”, justificou ele, acrescentando que na data da audiência não estaria em Natal.

Porém, os policiais garantem que junto à intimação também foi anexada a cópia dos autos. “Não ficou ciente de que a documentação que queria estava lá porque sequer se dispôs a receber”, rebateu um policial.

Depois de muita discussão, por volta das 12h30, os registros do processo foram repassados a Durvaldo Varandas, que se comprometeu em conduzir Rômulo Lemos até a Delegacia da Mulher para que fossem prestados esclarecimentos. “Meu cliente já foi julgado e condenado pela sociedade e pela polícia. Mas, felizmente, julgar não é prerrogativa da polícia”, declarou ele que momentos antes havia afirmado que a data da oitiva fora transferida para a tarde de amanhã, informação que foi desmentida pelo delegado-adjunto da Deam, que havia confirmado a tomada de depoimento para tarde do mesmo dia: “O advogado tem tentado tumultuar o andamento do inquérito desde o início”.

Kennedy Diógenes disse estar confiante na responsabilização de Rômulo, mas admitiu que aterroriza a ele e toda família a possibilidade de que o crime do qual acusam o empresário se repita com outras jovens, disse ele afirmando estar ciente de que existem outros episódios semelhantes envolvendo aquele que pode ser o autor da agressão. “Temos confiança de que a justiça será feita”.

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