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Catuaba renovada

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Acessível, doce, inebriante. São qualidades que caem bem numa bebida, e que fazem a atual fama da catuaba. O nome faz menção a diversas plantas do Norte e Nordeste que são misturadas ao vinho tinto – entre outros ingredientes -, e criam essa beberagem herdeira das velhas garrafadas dos botequins de interior. A catuaba agora tem grife, rótulos, e presença garantida em baladas descoladas, além de inspirar a criação de coquetéis. Se beber com moderação, vai aproveitar bem.

Catuaba vira ingrediente para drinques e coqueteis descolados
A bebida é, basicamente, uma mistura de vinho tinto licoroso, guaraná, catuaba e marapuama – as duas últimas são plantas da Amazônia, tidas como um afrodisíaco natural. A origem está nas garrafadas, preparadas com ervas, ramos, casca de raiz, e folhas. Várias dessas plantas são chamadas genericamente de catuaba, vindo daí o nome. A partir de 1969 a catuaba começou a ganhar seus primeiros rótulos, com o objetivo de competir com bebidas como o conhaque de alcatrão e a jurubeba.

O público jovem, da noite e das festas, trouxe a catuaba para o século XXI. O preço acessível e o teor afrodisíaco foram apelos irresistíveis. A marca Selvagem, fabricada em Teresópolis (RJ), é a mais consumida entre os apreciadores. É composta por vinho tinto, álcool etílico potável, açúcar, suco de maçã, xarope de maçã, caramelo de açúcar e fermentado de maçã composto de extratos de catuaba, guaraná e marapuama. O teor alcoólico é de 14%. O Sudeste é a região que mais consome, mas a bebida já tem seu lugar em vários open bars e baladas potiguares.

Catuaba mix
O próximo passo é transformar a catuaba em drinque. Algo que já está acontecendo, seja entre profissionais ou pelos próprios consumidores. A professora de bebidas e coquetéis Eliane Soares viu na catuaba um elemento versátil através do projeto Valores Regionais, criado por três amigos bartenders, que visa evidenciar a bebida nacional e trabalhar ingredientes do Nordeste e Norte do país na produção de drinques, com base nas técnicas da alta coquetelaria, e criando uma identidade regional.

Drinque Ôxe, a base de catuaba, mistura a bebida de ervas, limão e castanha de caju
O projeto nasceu no curso de bartender do Senac, onde os alunos quiseram criar um contraponto nordestino à alta coquetelaria que é mais evidenciada no Sul e Sudeste do país. Segundo Eliane, as características da catuaba não atrapalham na hora de criar. “Depende da finalidade do coquetel. Se for um aperitivo ou digestivo, as possibilidades são infinitas”, afirma (veja a receita nesta página).

Apesar de ser uma bebida quente, popular nos climas mais amenos do Sul, a catuaba pode ser consumida sem problemas nas altas temperaturas natalenses. “´Basta mudar a forma de se beber: por aqui, aconselho a servir gelada. É uma bebida apropriada para beber em qualquer lugar do país”, diz. E é possível até harmonizar catuaba com petiscos, segundo a professora: alimentos gordurosos para catuaba à base de cachaça, e carnes de sabor marcante para aqueles à base de vinho.

Receita (Senac):
Coquetel Ôxe*
Ingredientes:
40 ml de catuaba
20 ml de cachaça
20 ml de suco de limão
15 ml de leite de castanha
40 ml de xarope de Maria Preta (xarope à base de fruta Maria Preta, encontrada nos interiores do RN)
* Receita cedida pelo projeto Valores Regionais
do Senac/Barreira Roxa

Versão alemã: jagërmeister
A catuaba tem a sua versão gringa: a jagërmeister é uma bebida alemã que também usa fusões com ervas e raízes, daí é considerada por muitos a prima de “primeiro mundo” da catuaba. Segundo o bartender Wesley D’Elia, do Wesley’s Bar, a catuaba ainda não apareceu por lá, mas a jagër é bastante apreciada por sua clientela. “Tem essa similaridade, mas acho que os sabores são diferentes”, diz. Quem sabe um dia as duas dividirão a mesma coqueteleira.

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